São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

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MARCO ALEMÃO

Salsichas octogenárias no subsolo de metrô apetitam

Em Prenzlauer, os prédios históricos foram modernizados em reformas pagas por governo e moradores

DA ENVIADA ESPECIAL A BERLIM

Sair do burburinho turístico é sempre bom para mudar de ares e para descobrir cantinhos que não costumam ocupar as páginas dos guias.
Ainda mais em Berlim, onde a cada dez minutos de caminhada tropeça-se em uma estação de trem ou metrô, encurtando consideravelmente as distâncias de uma cidade que já não é lá muito grande.
Seus 3,4 milhões de pessoas se espalham em aproximadamente 892 km2, o que faz de Berlim uma cidade pouco maior que Campinas, no interior de São Paulo. Um verdadeiro convite para conhecer cantinhos interessantes e, por vezes, menos badalados entre uma atração turística e outra.
Com esse espírito, depois de dar aquele pulinho obrigatório na Alexanderplatz e caminhar pela Karl-Marx-Allee, dê uma escapada da rota convencional e vá fazer uma boquinha na Schönhauser Allee, número 44, não muito longe dali.
Basta pegar a linha U2 e descer na Eberswalder para se deliciar com pratos tradicionais - como o currywurst, uma salsicha cortada em cubinhos e temperada com muito curry- na Konnopke's Imbiss (http://konnopke-imbiss.de), uma lanchonete aberta em 1930 que fica bem embaixo da estação.
Os preços são módicos -o currywurst, por exemplo, sai por 1,70-, os pedidos são servidos em pratinhos de plástico e o banquete é devorado de pé mesmo, nas mesinhas altas e redondas instaladas na frente da lanchonete.
Cada minuto nas pequenas, mas constantes filas, que se formam das 6h às 20h, de segunda a sexta-feira, e das 12h às 19h, aos sábados, será recompensado pelo sabor.
Uma prova de que é um dos melhores lugares de Berlim para fazer uma boquinha? Bem, a clientela é quase toda formada por alemães há 78 anos.

Capriche no sotaque!
Na hora de fazer o pedido, melhor decorar direitinho o que quer enquanto aguarda na fila: o cardápio, à mostra, está em alemão. E as duas atendentes do caixa fazem cara de poucos amigos e zero paciência para turistas indecisos.
É possível ainda experimentar as salsichas octogenárias em outro endereço.
Sem o mesmo charme, mas tentando conservar o sabor original, a filial na Romain-Rolland-Strasse, número 16, funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.

Pelo bairro
Queime as calorias das salsichas deliciosamente encharcadas com ketchup e curry ou da salada de batatas com maionese da unidade de Prenzlauer Berg em um passeio no bairro.
Uma breve caminhada já revela a agitação do antigo reduto operário, hoje tomado por artistas, estudantes universitários, turistas e intelectuais, que lotam as praças, os restaurantes e os bares que pipocam pelas ruas arborizadas.
Vale um olhar atento à arquitetura da região. Prenzlauer Berg foi o bairro que mais preservou prédios históricos.
A maior parte das construções não foi derrubada, mas modernizada em reformas bancadas em parte pelo governo alemão -responsável pelas fachadas- em parte pelos próprios moradores -responsáveis pela parte interna.
Um dos maiores orgulhos de quem vive na região mora no fato de o bairro não ter ficado com o que chamam de "cara de shopping center", como outros da antiga Berlim Oriental que tiverem prédios históricos descaracterizados e envidraçados.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)


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