São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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Ex-presidiários guiam visitantes por Nápoles

Atividades incluem medidas para evitar assaltos e acompanhar visitantes por bairros mais perigosos

DA ASSOCIATED PRESS

Luigi "Giggino" Nocerino um dia atacou turistas nas vielas estreitas de Nápoles, roubando bolsas e objetos de valor para financiar seu vício em drogas.
Agora, ele toma conta de suas antigas vítimas, acompanhando-os em vizinhanças perigosas e dando dicas de como evitar roubos e onde comer a melhor pizza.
Nocerino é um dos 70 ex-presidiários contratados pelas autoridades para guiar turistas pela cidade -rica em arte, mas com altos índices de crime- e usar seu conhecimento para manter os visitantes seguros.
De acordo com as autoridades, o experimento de seis meses, que começou em maio, está diminuindo crimes menores e prevenindo que os ex-presidiários voltem aos velhos hábitos ou entrem para a Camorra, um dos principais grupos mafiosos italianos.
"Eu costumava caçar turistas. Agora as coisas mudaram", diz Nocerino, que passou mais de dez anos na cadeia por crimes relacionados a drogas.
Agora, ele e seus colegas perambulam por áreas cheias de turistas, como o centro histórico ou o porto de Nápoles, usando coletes amarelos que os identificam.
Alguns falam um pouco de inglês e de espanhol, mas a maioria usa os expressivos gestos italianos para se comunicar. Eles andam em grupo, acompanhados por um supervisor.
O trabalho pode incluir indicar o caminho para um monumento, ajudar turistas a negociar o preço do táxi e andar com eles até uma pizzaria ou confeitaria específica.
Giovanni Aspride, um ex-falsário de 53 anos, diz que ele e seus colegas normalmente esperam que os turistas os abordem, embora eles possam tomar a iniciativa no caso de alguém parecendo desesperado ou para pedir que visitantes removam um relógio de ouro ou guardem melhor a carteira para evitar roubos.
O projeto causou controvérsia quando começou. Os candidatos passaram por entrevistas e foram escolhidos de acordo com suas experiências anteriores e conhecimento de outras línguas. Condenados por crimes graves, como assassinato e estupro, ficaram de fora.
O projeto teve seus maus momentos -um dos ex-presidiários foi preso no trabalho. Mas isso ocorreu porque a Justiça italiana o condenou por um crime que foi cometido há mais de dez anos.
Segundo Alessandro Maria Vecchioni, diretor do órgão educacional que opera o projeto, nenhum dos ex-presidiários cometeu nenhum crime desde que o projeto começou, e a desconfiança inicial foi dissipada.


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