São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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NO LIMITE/EUA

Arthur Levine, criador de site especializado em parques temáticos, descreve novas tecnologias associadas à atração

"Montanha-russa é como sinfonia perfeita"

DA ENVIADA ESPECIAL

O americano Arthur Levine, 47, é louco por elas. Visita as montanhas-russas com freqüência e escreve sobre parques temáticos no site www.themeparks.about.com. Levine compara uma montanha-russa perfeita com uma "bela música orquestrada, que tenha muitos elementos". Leia entrevista concedida à Folha em que ele fala das próximas gerações de "rides". (MM)

 

Folha - Quando o sr. se tornou um fã de montanhas-russas?
Arthur Levine -
Não era um grande fã quando era pequeno. Na verdade, embora eu fosse fascinado por elas, tinha muito medo e não andei em nenhuma montanha-russa boa até os 16 anos. Mas sempre amei parques de diversão e atrações temáticas como Piratas do Caribe, da Disney. Só mais tarde tomei gosto pela montanha-russa. Fui à primeira porque um amigo me provocou e também bebi um pouquinho. Era um parque em Massachussets que não existe mais. Tive tanto medo que não fui em mais nenhuma atração naquele dia.

Folha - Quais critérios o sr. usa para avaliar uma montanha-russa? Levine - Não uso um critério. Não adianta ser bom numa única coisa. Vejo uma montanha-russa como uma sinfonia bem escrita. Gosto quando elas têm todos os elementos. Por isso minha favorita hoje em dia é a Superman Ride of Steel, no parque Six Flags da Nova Inglaterra, a oeste de Massachusetts. É uma montanha-russa "hypercoaster", absolutamente maravilhosa. Ela tem todos os tipos de peça e elemento, e a forma como são colocados juntos é como uma bela música orquestrada. Superman chega a 120 km/h, tem forças gravitacionais positiva e negativa, não tem inversões -não sobe e desce-, mas tem curvas e um túnel, e a queda é mais profunda do que a subida. Você cai num túnel com névoa e fica totalmente desorientado.

Folha - O sr. poderia explicar o que é uma "hypercoaster"?
Levine -
Ela é definida como uma montanha-russa com altura e velocidade. Tem também uma das caraterísticas normalmente consideradas as melhores de uma montanha-russa, as forças gravitacionais positiva e negativa. A positiva é a que prende no assento, e a negativa é aquela que faz "sair" do lugar. Uma "hypercoaster", por subir tão alto e tão rápido, tem forças positiva e negativa muito intensas, o que a torna tão maravilhosa. Num momento você está grudado no assento com uma força incrível e no outro você está fora dele, como se fosse voar. Tem uma outra "hypercoaster", a Apollo's Chariot, em Busch Gardens Williamsburg, na Virgínia. Apesar de ela ser muito alta e rápida, deve ser a montanha-russa mais suave que eu já conheci.

Folha - Quais são os tipos de montanha-russa?
Levine -
Os projetistas de montanhas-russas podem criar vários tipos. Além das "hypercoasters", há dois tipos de montanha-russa nas quais os pés ficam soltos no ar. Um deles é chamado de montanha-russa invertida. Nela, você vê os trilhos acima de você, como um "ski-lift". Os pés balançam e, quando há inversões, você vai para cima e para baixo. É divertido ver todos os pés para cima e para baixo ao mesmo tempo. Outro tipo é a montanha-russa "floorless". Como o nome diz, não há chão. É como uma montanha-russa tradicional, mas sem o trem. É como um assento voador. O exemplo é a Kraken, no SeaWorld: não tem nada acima de você, nada do lado.

Folha - E como será a nova geração de montanhas-russas?
Levine -
Há muitos tipos sendo construídos e falados. Algumas das que estão sendo elaboradas hoje são montanhas-russas híbridas. São corridas no escuro que contam histórias, como a Revenge of the Mummy, que, para mim, é uma "ride" brilhante. A montanha-russa não é convencional. Ali é usada propulsão magnética. Acelera para cima, mas não há corrente levando os carros para o alto. Ela é capaz de acelerar, desacelerar, parar e, por isso, eles podem contar uma história. Acho que vamos ver cada vez mais esse tipo de atração, com elementos de uma história. Outro exemplo é nos parques Paramount, em Ohio, no Canadá [leia nesta página] e no ano que vem na Virgínia, em que há uma aventura baseada no filme "Uma Saída de Mestre" [com Charlize Theron e Edward Norton]. Os carrinhos da montanha-russa parecem Mini Coopers, e os viajantes são supostamente os dublês. Há helicópteros acima de você que estão atirando. Você tem que fugir. De novo, por causa da propulsão magnética, os carros podem ser controlados de uma forma não conhecida antes. Outro tipo é a robô. Um exemplo é na Legoland, na Califórnia. Os viajantes sentam em assentos de montanha-russa que estão ligados ao braço de um robô; o braço vai para cima e gira as pessoas no ar, simulando uma montanha-russa, sem que a pessoa esteja num trilho. Essa é uma tecnologia nova. Também estão falando de uma chamada de Cantilevered. Essa montanha-russa não foi construída. Vou tentar explicar: há dois trilhos, um em cima do outro, o de baixo fica escondido da vista dos "riders", dando a impressão de que os trilhos estão além dos limites. Há também uma montanha-russa de quatro dimensões. Os carros ficam cada um de um lado dos trilhos e giram independentemente. Vai-se montanha abaixo e, como os carros estão girando, você fica desorientado.

Folha - O sr. já passou mal?
Levine -
Sim. Numa "hypercoaster" chamada Goliath no Six Flags Magic Mountain. A força gravitacional positiva era tão forte que eu quase desmaiei. Fiquei com a vista escura. Nunca mais voltarei.

Folha - Qual é a montanha-russa mais cara?
Levine -
Os parques normalmente não divulgam, mas a mais cara do mundo será a Expedition Everest, no Animal Kingdom, na Disney, que custará cerca de US$ 100 milhões (leia na pág. F6). Aliás, essa é um exemplo no qual eles poderão contar uma história, irá para frente e para trás. Estão fazendo coisas espantosas hoje em dia.

Folha - A Disney está entrando na seara das montanhas-russas?
Levine -
Ao longo dos anos, a Disney está ficando mais ousada. Foi concebida para ser o lugar onde pais e crianças pudessem aproveitar o parque juntos. Pessoas de qualquer idade podem visitá-la. Atrações como Tower of Terror e Rock'n Roller Coaster são mais desafiadoras do que Walt Disney previa, mas todas elas são consideradas montanhas-russas para a família e não são realmente de arrepiar, como Superman ou Incrível Hulk. Acho que nunca veremos uma montanha-russa realmente de arrepiar na Disney, pelo menos se eles se apegarem aos princípios que guiaram Walt Disney há 50 anos.

Folha - Que parques de montanha-russa o sr. recomenda?
Levine -
Há montanhas-russas individuais em alguns parques maravilhosas, mas, para identificar parques com muitas montanhas-russas arrepiantes, diria Six Flags Magic Mountain, na Califórnia, Cedar Point, em Ohio, e Six Flags Great Adventure, em Nova Jersey, que tem a montanha-russa mais rápida, mais alta e de maior queda do mundo, Kingda-Ka, aberta neste ano.

Folha - Quais as três melhores de Orlando e Tampa?
Levine -
A número um é Incrível Hulk, que adoro. Ainda não conheço a Shreika, mas a segunda seria Kumba, em Busch Gardens, e a terceira, Rock n'Roller Coaster, na Disney.


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