São Paulo, segunda, 18 de maio de 1998

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CAPITAIS EUROPÉIAS
Artistas plásticos holandeses, representados em museus de Amsterdã, revolucionaram a pintura
Van Gogh e Rembrandt revolveram a arte

CARLA ARANHA
da Reportagem Local

Ambos morreram sozinhos, sem clientela, sem dinheiro e sem o mais breve aceno de aprovação da crítica. Mesmo assim, ou até por isso, os holandeses Vincent van Gogh (1853-1890) e Rembrandt (1606-1669) revolucionaram a arte dos pincéis e ocupam hoje o trono das artes plásticas.
Van Gogh, que teria produzido 900 telas, segundo seus estudiosos, rompeu com o tom açucarado do impressionismo para expressar a luta de foice das emoções.
Em uma das muitas cartas ao irmão Theo, que sempre o apoiou, descreveu poeticamente qual era seu objetivo: "Eu quero a luz que vem de dentro, quero que as cores representem as emoções".
Conseguiu, mas vendeu apenas um quadro, "A Vinha Vermelha". Confirmando a teoria dos "poucos e bons", os admiradores de sua obra resumiam-se a alguns de seus colegas de ofício, como Paul Gauguin, com quem dividiu um ateliê por dois meses.
A experiência quase matou Gauguin. Van Gogh, em um de seus acessos de loucura, avançou sobre o amigo com uma navalha. Arrependido, cortou a própria orelha e pintou o famoso "Auto-Retrato com a Orelha Cortada".
Na época, morava em Arles, na França, onde pintou ao ar livre, transformando os trigais em espelho para a vida em ebulição.
Van Gogh só iria encerrar sua explosão de criatividade, que se dava em escala industrial, aos 37 anos, quando suicidou-se nos campos de trigo, mantendo-se até o fim fiel ao motor de sua arte.

Rembrandt
Rembrandt Harmens van Rijn (1606-1669) foi outro rompedor de regras. E, graças a isso, produziu algumas das maiores obras-primas do século 17. Rico aos 30 anos, morreu na miséria.
Rembrandt se manteve fiel, ou quase isso, ao formalismo exigido pela clientela, burguesa, até 1642, quando pintou "Ronda Noturna". Considerada sua obra-prima, a tela, encomendada pela guarda municipal de Amsterdã, foi repudiada por representar uma ópera-bufa, com os guardas apontando lanças para todos os lados.
Depois disso, o artista perdeu a clientela e passou a transpor para a tela temas inusitados na época.

Museus
"Auto-Retrato como São Paulo" (1661) e "Ronda Noturna" são telas de Rembrandt expostas no Rijksmuseum, o principal de Amsterdã -reúne a maior coleção de arte holandesa do mundo.
Já quem visita o Van Gogh Museum, localizado no Bairro dos Museus (como o Rijksmuseum), tem a oportunidade de se deliciar com nada menos do que 200 quadros e 500 desenhos do artista, além de obras que o inspiraram.



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