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AMAZÔNIA DE A A Z
Ida ao teatro é aula sobre a história de Manaus
Casa preserva memória da riqueza do ciclo da borracha e da trajetória de Eduardo Ribeiro, governador do Amazonas de 1892 a 1896
DA ENVIADA ESPECIAL A MANAUS
Principal símbolo visual de
Manaus, o teatro Amazonas
não é só uma das atrações turísticas mais importantes da cidade mas também uma espécie de
aula prática sobre a história da
capital amazonense e de suas
peculiaridades.
O imponente prédio, de 1896,
é o local que melhor preserva a
memória da prosperidade financeira do ciclo da borracha,
no final do séc. 19 e início do 20.
Nenhum luxo foi dispensado
na construção desse teatro
neoclássico. Os candelabros do
saguão são de vidro de Murano.
O ferro das cadeiras, das colunas centrais e dos balcões curvos são ingleses; já as telhas vitrificadas que recobrem a cúpula vieram da Alsácia.
A construção do teatro levou
tempo. O projeto existe desde
1881, mas a pedra fundamental
foi colocada em 1884. A inauguração ocorreu apenas em 1896,
e foram necessários mais dois
anos até que a obra fosse completamente concluída.
O salão da plateia principal,
em forma de lira, foi decorado
pelo artista pernambucano
Crispim do Amaral (1845-1911).
É dele a pintura da cortina do
palco, que representa o encontro das águas. A rosácea do teto
foi projetada para reproduzir a
impressão de olhar a torre Eiffel de baixo para cima.
Assim como em todo o resto
do prédio, a decoração do salão
nobre, de autoria do italiano
Domenico de Angelis, valoriza
as belezas regionais.
O piso de madeira de lei, um
dos poucos materiais brasileiros utilizados no edifício, mescla peças claras e escuras, em
outra referência ao encontro
das águas -uma das mais curiosas é a presente no calçamento do lado de fora do teatro,
padrão que depois foi consagrado no calçadão de Copacabana.
Não perca a visita guiada, incluída no ingresso (R$ 10), que
passa pelas salas transformadas em museu. Nelas estão preservados exemplos dos afrescos originais do teatro, louças
utilizadas pelos artistas e pelo
público e alguns figurinos.
A construção arrastada e
cheia de percalços do teatro fez
parte da da trajetória peculiar
do homem que a impulsionou,
o governador Eduardo Ribeiro
(aliás, maranhense). Essa relação é detalhada no documentário "Teatro Amazonas", do cineasta amazonense Aurélio
Michiles, que resgatou a história de Silvino Santos, documentarista pioneiro da região, em
"O Cineasta da Selva".
(MARINA DELLA VALLE)
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