São Paulo, segunda, 18 de agosto de 1997.



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TUTTA ITALIA
É preciso esquecer estereótipos para aproveitar a cidade, que oferece bem mais do que a vista do Vesúvio
Nápoles exibe uma sucessão de surpresas

Carla Aranha Schtruk/Folha Imagem
Vista da baía de Nápoles, uma das cidades mais ancestrais da Europa


em Nápoles

Alegria, pizza e o Vesúvio são sinônimo de Nápoles. Certo? Errado. Quanto à primeira, bem, basta dizer que a capital da Campanha foi uma das cidades mais castigadas na Segunda Guerra e hoje sofre com o desemprego e a máfia.
Pizza? Nada pessoal, mas a cobertura, como no resto do país, deixa a desejar para quem já provou as redondas nacionais.
Vesúvio? Sua silhueta definitivamente não chega a impressionar quem já esteve na baía de Guanabara, no Rio.
Então, o melhor é esquecer todos os estereótipos e mergulhar na sucessão de incríveis surpresas em que pode se transformar sua temporada em Nápoles.
A primeira delas: quantas cidades há entre o porto local e o Vesúvio? Pelo menos duas. Uma na superfície, outra nos subterrâneos.
Para chegar até as entranhas de Nápoles, no subsolo, é fácil. Basta ir até o coração histórico da cidade, chamado Decumano Maggiore, e visitar a igreja gótica de San Lorenzo Maggiore. Em seu claustro há uma passagem que leva até os subterrâneos.
Pasme: eles guardam ruínas de casas, de pavimentações e da antiga rua da Nápoles grega, do século 5º a.C. -a cidade, das mais antigas da Europa, foi fundada pelos gregos e tinha o nome de Neápolis.
A céu aberto, na Nápoles do "andar de cima", você pode caminhar até a igreja Santa Chiara, na Strada di Santa Chiara.
Erguida entre 1310 e 1328, é considerada símbolo da fé cristã do católico povo napolitano.
Almoço demorado
Foi severamente bombardeada na Segunda Guerra e, depois, reconstruída a duras penas.
Simbologias à parte, a igreja guarda um tesouro: o claustro, com colunas e bancos de azulejo que trazem motivos florais e cenas campestres. De forte colorido, têm influência espanhola.
Uma coloração semelhante, em azul e amarelo, também está presente em outra atração imperdível de Nápoles, a Piazza Dante, com a universidade de Nápoles e os vários cafés literários.
A praça, que fica a 100 metros de Santa Chiara, é ideal para um tranquilo -e demorado- almoço.
Gastam-se no máximo R$ 15 para saborear carne, salada e massa, no chamado menu turístico.
Para terminar bem o dia, você pode seguir para a Certosa di San Martino, uma fortaleza que há seis séculos vigia a baía de Nápoles.
Uma rampa em espiral, escura e úmida como só poderia ser, leva até os mirantes da fortaleza, de onde se descortina uma vista, em ângulo de 360 graus, de quase toda a cidade. Vale a pena.
Para saciar sua fome de castelos, não deixe de visitar o Castel Nuovo, a poucos metros do porto. Rodeado de fossos profundos e com ponte levadiça, corresponde fielmente à imagem da Idade Média mostrada no cinema.
Construído em 1282, tinha como função proteger a cidade de ataques inimigos. Hoje, os napolitanos aproveitam seu grande jardim externo para comemorar casamentos e outras festividades. Nada mais autêntico.
(CARLA ARANHA SCHTRUK)



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