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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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MINICHINA

Ilha foi cedida ao Japão em 1895; o estilo colonial desse dominador ainda pode ser observado em alguns prédios

Taiwan cultua passado chinês e capitalismo

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Quando os nacionalistas liderados por Chiang Kai-shek se estabeleceram em Taiwan, em 1949, Taipé era uma cidadezinha cercada por campos de arroz.
Como a ilha de Formosa pertenceu à China imperial entre 1683, quando foi anexada pela dinastia Ching, e 1895, quando foi cedida ao Japão, os prédios de lá tinham estilo colonial japonês, de tijolos aparentes, exceto por alguns templos, como o de Lungshan, que liga Taipé ao seu passado chinês.
Até a década de 60, Taipé mudou pouco, pois a verdadeira transformação ocorreria nos anos 70, quando Taiwan entrou na era da industrialização acelerada, se tornando um "tigre asiático".
Com 12 distritos, hoje Taipé tem fachadas modernas e pós-modernas e grandes lojas de departamento, mas também comercia num emaranhado de ruelas e de mercados que funcionam madrugada adentro, no centro.
A capital da República da China, nome oficial de Taiwan, acorda muito cedo, circula frenética em motonetas, em ruidosos caminhõezinhos e em automóveis de luxo. Um metrô moderno, ainda limitado, mas em regime de rápida expansão, corta os subterrâneos de Taipé, onde também surgem lojas e restaurantes de comida rápida, como o Sushi, que vende caixinhas com comida japonesa delicada e multicolorida, exibidas em balcões frigorificados.
Diariamente circulam na cidade perto de 4 milhões de pessoas -embora a população que realmente lá vive totalize 2,6 milhões de habitantes.

Referências
Um viaduto corta a cidade ao longo do rio Tamsui, e o imenso Grand Hotel (www.grand-hotel.org), cujo endereço é 1. Lane 1, Chung Shan N. Road, é uma referência dos limites do centro.
Com 530 quartos, amplos terraços com vista e edificado em estilo imperial chinês, com colunas vermelhas e um telhado tido como o maior do mundo no gênero, esse hotel, cuja arquitetura foi inspirada nas construções da dinastia Ming, ainda pertence à Madame Chiang Kai-shek, que tem mais de cem anos e vive em Nova York (leia texto à pág. F4).
Distando menos de um quilômetro do parque de Peian Road, no centro, cercado por um bosque que, no passado, abrigou um zoológico, o Grand Hotel tem três restaurantes e, todas as tardes, no seu "coffee shop" instalado no lobby, há um chá com apresentação de música tradicional chinesa.
Muito próximo do Grand Hotel, o Museu de Belas Artes (www.tfam.gov.tw) fica no 181, Zhong Shan N. Road. Com 24 galerias, exibe esculturas contemporâneas na área externa, onde é comum encontrar casais de noivos posando para fotógrafos.
Girar pela cidade de táxi não é especialmente caro -a bandeirada custa NT 70 (US$ 2) e o taxímetro sobe de NT 5 em NT 5. Convém sempre ter um cartão do hotel e o endereço anotado com o local onde se quer ir, perguntando ao motorista quanto aproximadamente a corrida vai custar.
Além do Grand Hotel, há hotéis ocidentalizados como o Sheraton Taipei (12, Chunghsiao Rd, próximo da estação de trem), o Imperial InterContinental (600, Linsen N. Road, na região dos pubs) e o Grand Hyatt (2, Sungshou Road, perto da prefeitura).
Há um bufê particularmente bom no Sheraton Taipei (www.sheraton.com/taipei), onde especialidades chinesas, como macarrão fininho, caranguejos e ostras, são preparadas na hora, em quiosques modernos espalhados pelo vão livre no centro do hotel.
O escritório de informações turísticas fica próximo do Sun Yat-sen Memorial Hall, no 345, Chunghsiao E Road, e funciona das 8h às 19h. Já o próprio memorial fica em Jenai Road.
Outro local importante é o Chiang Kai-shek Memorial Hall, em Hsinyi Road, maior conjunto arquitetônico de Taipé, circundado por espaços abertos e abrigando teatro e sala de concertos.
Entre os templos, Lungshan é especialmente identificado com a história da cidade. Localizado em 211, Kuangchou Street, perto da Kueilin Road, aberto das 5h da manhã até as 22h, esse templo, cujo nome quer dizer "montanha do dragão", já ficou diante de um rio.

Templos
Em Taiwan a população mesclou com sincretismo o taoísmo, uma crença mais "utilitária", e o budismo, quase que uma filosofia baseada na compaixão, e Lung- shan, originalmente edificado em 1738, reflete isso, sendo o mais popular entre os taiwaneses.
O altar principal é dedicado à deusa da Misericórdia, ou Kuaniyn, que era originalmente masculina na Índia e virou uma divindade feminina para os chineses.
Há uma cascata artificial onde os budistas soltam pequenas tartarugas e peixes ornamentais logo na entrada, à direita.
Dentro, há muitas velas e vasos de incenso, além de uma profusão de altares onde são reverenciadas divindades como Matsuo, a deusa do mar, e também o deus do Amor, espécie de imagem-cupido onde casadoiros fazem suas preces pedindo o matrimônio.
Lungshan fica próximo da rua de comércio e de turismo Snake Alley. Foi reedificado em 1815, em 1867 e, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), serviu de abrigo à população, quando as tropas japonesas foram bombardeadas por aviões norte-americanos.



Silvio Cioffi, enviado especial a Taiwan, viajou a convite do Escritório Econômico e Cultural de Taipé (SP)




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