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Na classe econômica, o aperto só piora
Como é crescente a falta de espaço entre as poltronas, a Anac vai criar selo indicando os jatos mais espaçosos
Assentos perto da saída de emergência tendem a ser mais espaçosos e, como são disputados, podem custar mais caro
LUISA ALCANTARA E SILVA
DE SÃO PAULO
Com a popularização das
viagens aéreas, o aperto na
classe econômica tem crescido em voos nacionais e internacionais. O problema tende
a se agravar e, a partir do ano
que vem, os passageiros poderão notar uma nova etiqueta colada nos aviões.
O adesivo é uma promessa
da Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil), que quer
classificar as aeronaves em
relação ao "seat pitch" -espaço entre as poltronas.
A ideia é que o passageiro
possa escolher entre pagar
menos por um voo mais apertado ou pagar mais para ter
algum conforto.
Segundo as informações
das companhias repassadas
à Anac, todos os aviões se encaixariam na categoria A, a
melhor, em que a distância
entre as poltronas é igual ou
maior que 76 cm.
Numa pesquisa realizada
pela UFSCar (Universidade
Federal de São Carlos), os
passageiros deram nota nove
-numa escala de zero a dez,
em que dez é a pior nota- para o pouco espaço para movimentar o corpo.
"Percebemos que as restrições das poltronas são as
maiores responsáveis pelas
dificuldades dos passageiros
que querem descansar", diz
Nilton Luiz Menegon, coordenador da pesquisa.
Para ele, uma mudança
que diminuiria o desconforto
dos passageiros incluiria
converter as fileiras triplas
em duplas, mesmo que se tenha de pagar mais por isso.
Cético com relação ao selo,
Menegon diz que a Anac deveria ter levado em conta outros pontos ao determinar categorias. "Essa medida pressupõe uma postura sentada
estática e completamente
apoiada no encosto", diz.
"Mas a tendência é a do passageiro se movimentar."
LUGARES E LUGARES
Mesmo na classe econômica, há lugares melhores. Nas
poltronas do corredor, o passageiro pode esticar as pernas na passagem.
É por isso que a jogadora
de basquete Nádia Colhado,
21, que mede 1,94 m, sempre
dá preferência ao corredor.
"Dá para esticar uma perna."
Para Murillo de Oliveira
Villela, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina
Aeroespacial, poder esticar
os membros inferiores não é
a única vantagem: "Quem se
senta no corredor se levanta
sem incomodar ninguém".
Villela lembra que algumas pessoas ficam sem jeito
de pedir para passar quando
estão na janela, e que é importante se levantar para o
sangue circular melhor.
Outra posição bastante
disputada é a dos assentos
que ficam na primeira fileira
e os logo atrás das saídas de
emergência, que têm mais
espaço na frente. Os que ficam antes da saída de emergência têm mais espaço para
as pernas, mas a reclinação é
limitada ou inexistente.
E, exatamente por serem
mais procurados, as companhias aéreas passaram a cobrar uma taxa de quem quiser se sentar neles.
Há cerca de três meses, a
TAM começou a cobrar, como projeto piloto, uma taxa
de R$ 10 a R$ 40 de quem
voar em trechos nacionais
nos assentos próximos às saídas de emergência ou na primeira fileira. Nos voos internacionais, a taxa é de US$ 50.
Na Air France e na KLM, é
cobrada uma taxa extra entre
20 e 70 -dependendo da
duração do voo. A Azul cobra
R$ 20 por trecho para quem
quiser ficar no "espaço azul",
que tem até 86 cm entre as
poltronas -nas demais, a
distância é de 79 cm.
NO CHECK-IN
O site SeatGuru (guru do
assento, em tradução livre;
www.seatguru.com) ajuda
a encontrar o melhor lugar
de cada avião. Lançado em
2001, tem mais de 700 plantas do interior dos jatos de
cerca de cem companhias.
Basta informar o número
do voo ou a rota que o sistema mostra a planta da aeronave com a disposição das
poltronas. São informados
os assentos com mais espaço
e os mais problemáticos, como os que não possuem inclinação ou que têm largura
reduzida. Evite-os!
FOLHA.com
Veja vídeo da pesquisa
folha.com.br/turismo
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