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Borromini centrifugou barroco com artesanato
EM ROMA
O arquiteto Francesco Borromini nasceu na Suíça, em Bissone,
em frente ao lago de Lugano, em
1599. Aos 15 anos chegou a Roma,
acolhido por Carlo Maderna, seu
tio, para trabalhar na construção
da basílica de São Pedro. Por alguns anos, não passou de um humilde entalhador de mármores.
Dali, subiu todos os degraus
profissionais, adquirindo um espantoso virtuosismo técnico.
Mas, somente aos 35 anos, Borromini pôde iniciar sua atividade de
forma independente.
A diferença entre ele e Bernini
(1598-1680), seu grande rival, é
que Borromini era mais reservado e se manteve longe do fausto
da corte.
Ciumento dos próprios desenhos e "atormentado pelo medo",
escreve Giulio Carlo Argande, o
artista temia "que uma execução
imperfeita pudesse diminuir ou
destruir a qualidade extremamente sutil da ideação". Borromini considerava a cultura do seu
tempo dogmática e superficial,
"simples celebração do presente".
Então, pegava elementos e alegorias do barroco e os centrifugava, com seu furor inspirado, sem
passar por mediações intelectuais, num conjunto novo e inesperado, mas em diálogo constante com o passado. Contra a retórica figurativa, tentava impor a força do artesanato na arquitetura.
A igreja de San Carlo alle Quattro Fontane é tão grande quanto
um pilar da cúpula de São Pedro.
Ao entrar, o visitante fica deslumbrado pela capacidade do arquiteto de estender o espaço, com jogos em perspectiva e luzes indiretas, para além de seus limites físicos. Trabalhou na igreja e seus espaços adjacentes por mais de 30
anos, dedicando a ela, tão pequena, a mesma atenção que deu às
obras grandes.
No mesmo ano em que concluiu a fachada da igreja, em 1667,
suicidou-se jogando-se sobre
uma espada. Poucos dias antes, tinha queimado todos os desenhos
destinados a entalhes que não
conseguiu realizar.
(VINCENZO SCARPELLINI)
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