São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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Cercada pelo rio Paraguai, Assunção guarda monumentos e museus que lembram heróis do passado

Capital tem tranquilidade interiorana

DO ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO

Uma capital nacional com ares de cidade do interior do Brasil, muito arborizada, ideal para quem deseja fugir do estresse dos grandes centros urbanos. Nas principais ruas de seu centro antigo, nem semáforos há.
Assim é Assunção, bem diferente do que podem imaginar aqueles turistas que dizem conhecer o Paraguai, mas não passaram muito além da fronteira próxima a Foz do Iguaçu (PR), geralmente em viagem de compras.
Cercada pela "ferradura" formada pelo rio Paraguai, a capital, fundada em 15 de agosto de 1537, dia de Nossa Senhora de Assunção, tem espaço para se expandir apenas a oeste. Nas calçadas, remanescentes dos índios guaranis, antigos donos da terra, vendem seu artesanato.
Mesmo uma favela empurrada pelas cheias do rio para o lado do palácio do Governo não chega a ser agressiva. Pacata, reflete apenas a pobreza, e não a violência, do Terceiro Mundo.
No marco zero da cidade está o panteão dos Heróis, antigo oratório da Virgem de Nossa Senhora de Assunção, réplica de uma construção existente em Paris, em estilo neoclássico. O local homenageia os mortos anônimos da Guerra do Paraguai.
Próximo dali está o Casarão Histórico da Independência, um modesto -como tudo na cidade- museu. Em localização estratégica, numa esquina que permitia duas entradas para carroças, a casa era emprestada pelos irmãos Sebastian Antonio e Pedro Paulo Martinez Sanz para as reuniões que levaram à independência do país, sob o comando de José Gaspar Rodríguez de Francia.
O Brasil reconheceu a independência paraguaia, ocorrida em 14 de maio de 1811, só em 1844.
O casarão do século 18, com paredes de 90 cm a 95 cm de espessura e isolamento térmico no telhado feito com bambu e barro, guarda sem nenhum tipo de proteção peças do século 16.
Entre as curiosidades do local estão as urnas funerárias nas quais se enterravam os mortos, em posição fetal, para que partissem da mesma forma que vieram ao mundo. O país mantém a tradição de enterrar os mortos com um copo de água para que eles não passem sede na outra vida.
Ainda no centro, ao lado da catedral municipal, há o museu de Arte Sacra, num edifício que já foi uma penitenciária, na qual todo o grupo de independência foi morto. Um antigo navio de guerra atracado na baía de Assunção abriga o Museu Histórico Naval.
Da história mais recente, há a praça dos Desaparecidos, com um monumento de protesto pelas mortes na época do regime militar de Alfredo Stroessner (1954-1989). Tudo isso representa apenas um aperitivo da história a se conhecer ao redor dos 4 km da baía. (MAÉRCIO SANTAMARINA)


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