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Cercada pelo rio Paraguai, Assunção guarda monumentos e museus que lembram heróis do passado
Capital tem tranquilidade interiorana
DO ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Uma capital nacional com ares
de cidade do interior do Brasil,
muito arborizada, ideal para
quem deseja fugir do estresse dos
grandes centros urbanos. Nas
principais ruas de seu centro antigo, nem semáforos há.
Assim é Assunção, bem diferente do que podem imaginar aqueles turistas que dizem conhecer o
Paraguai, mas não passaram muito além da fronteira próxima a
Foz do Iguaçu (PR), geralmente
em viagem de compras.
Cercada pela "ferradura" formada pelo rio Paraguai, a capital,
fundada em 15 de agosto de 1537,
dia de Nossa Senhora de Assunção, tem espaço para se expandir
apenas a oeste. Nas calçadas, remanescentes dos índios guaranis,
antigos donos da terra, vendem
seu artesanato.
Mesmo uma favela empurrada
pelas cheias do rio para o lado do
palácio do Governo não chega a
ser agressiva. Pacata, reflete apenas a pobreza, e não a violência,
do Terceiro Mundo.
No marco zero da cidade está o
panteão dos Heróis, antigo oratório da Virgem de Nossa Senhora
de Assunção, réplica de uma
construção existente em Paris, em
estilo neoclássico. O local homenageia os mortos anônimos da
Guerra do Paraguai.
Próximo dali está o Casarão
Histórico da Independência, um
modesto -como tudo na cidade- museu. Em localização estratégica, numa esquina que permitia duas entradas para carroças, a casa era emprestada pelos
irmãos Sebastian Antonio e Pedro
Paulo Martinez Sanz para as reuniões que levaram à independência do país, sob o comando de José Gaspar Rodríguez de Francia.
O Brasil reconheceu a independência paraguaia, ocorrida em 14
de maio de 1811, só em 1844.
O casarão do século 18, com paredes de 90 cm a 95 cm de espessura e isolamento térmico no telhado feito com bambu e barro,
guarda sem nenhum tipo de proteção peças do século 16.
Entre as curiosidades do local
estão as urnas funerárias nas
quais se enterravam os mortos,
em posição fetal, para que partissem da mesma forma que vieram
ao mundo. O país mantém a tradição de enterrar os mortos com
um copo de água para que eles
não passem sede na outra vida.
Ainda no centro, ao lado da catedral municipal, há o museu de
Arte Sacra, num edifício que já foi
uma penitenciária, na qual todo o
grupo de independência foi morto. Um antigo navio de guerra
atracado na baía de Assunção
abriga o Museu Histórico Naval.
Da história mais recente, há a
praça dos Desaparecidos, com
um monumento de protesto pelas
mortes na época do regime militar de Alfredo Stroessner (1954-1989). Tudo isso representa apenas um aperitivo da história a se
conhecer ao redor dos 4 km da
baía.
(MAÉRCIO SANTAMARINA)
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