São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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LITORAL SUL

Barcos levam turistas ao local, que é área de preservação ambiental

Golfinhos e bromélias colorem ilha do Cardoso

AUGUSTO PINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A CANANÉIA


A ilha do Cardoso, no extremo sul do Estado de São Paulo, é um paraíso ecológico, com cerca de 80% de área de preservação ambiental fechada ao público. Mas, para a sorte dos turistas, alguns trechos têm acesso livre.
Para chegar à ilha, o visitante deve pegar uma embarcação no porto de Cananéia, de onde saem escunas e voadeiras (pequenas lanchas de alumínio). Apesar de mais cara (cerca de R$ 180 para até cinco pessoas), a voadeira é mais rápida. Enquanto a escuna leva cerca de três horas para chegar à praia do Marujá, um dos pontos mais concorridos da ilha, a voadeira gasta uma hora.
Já a caminho da ilha, aparecem as primeiras surpresas, como os golfinhos que frequentam a baía de Trapandé para procurar alimento. Turistas e moradores costumam ver mães com filhotes e grupos desses mamíferos marinhos cercando cardumes. A incidência desses animais no local o apelidou de baía dos Golfinhos.
Ainda no caminho, nas encostas dos manguezais, os sambaquis despertam a curiosidade dos visitantes. Trata-se de pequenas elevações constituídas predominantemente de conchas (também conhecidas como casqueiros). Considerados sítios arqueológicos, com até 5.000 anos, eles serviam como habitação e cemitério para agrupamentos humanos. Já foram encontrados nessas elevações artefatos de pedra e ossos.
O primeiro ponto interessante a caminho de Marujá é a trilha que leva à cachoeira Grande, com grau de dificuldade médio e a única aberta à visitação. A caminhada dura cerca de meia hora. O aventureiro deve levar tênis ou sandálias tipo papete. E repelente.
No local, há 58 tipos de bromélia e 115 de orquídea. A presença de animais selvagens, anunciada em uma placa na entrada da trilha, não deve assustar o visitante. Raramente o turista cruzará com suçuaranas, jaguatiricas, jararacas ou cachorros-do-mato.
O refresco do banho de cachoeira vale a caminhada. Há guias no local que controlam a frequência para evitar multidões. Assim, às vezes é preciso encarar uma fila (o tempo de permanência na cachoeira é de até meia hora).
Outro ponto interessante para a visita é a vila fantasma de Ararapira, a primeira do Paraná. Fundada no século 18, foi abandonada pelos moradores em 1920. Ainda estão lá as casas e a igreja, todas inabitadas, daí o título de cidade fantasma. É possível encontrar aventureiros acampados no local.

Marujá
Marujá é uma vila de pescadores com uma pequena estrutura para receber turistas. Há pousadas simples, restaurantes e casas de forró para a diversão noturna. Fora isso, só sossego. As praias do lado oeste da ilha dão para o mar aberto e são quase desertas. É aí que é bom se hospedar.
Outra praia praticamente deserta fica no pontal do Leste, com acesso por voadeira, último trecho do Estado de São Paulo. É a ponta da ilha do Cardoso, onde acontece o encontro das águas do canal do Ararapira com as do mar. A areia branquinha, cheia de conchas, é um convite para um banho de sol. Do outro lado do canal, já é Paraná, mais precisamente a ilha do Superagui.
Mais próxima a Cananéia (40 minutos de escuna e 15 de voadeira), a praia do Pereirinha abriga o Núcleo da Ilha do Cardoso, com museu e aquário. Há esqueletos de baleia, lobo-marinho, além de animais empalhados, como jacarés, peixes, guaxinins e tartarugas.
Atravessando uma ponte por cima do manguezal, é possível ver os vários tipos de caranguejo que o habitam, como o pequenino chama-maré, conhecido assim por ter uma das patas mais desenvolvida que a outra.


Marina de Cananéia - Tel. 0/xx/13/ 6851-1105. Voadeira: R$ 180, até cinco pessoas; escuna: R$ 15 por pessoa para a praia do Pereirinha e R$ 25 para Marujá.


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