São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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QUE PAÍS É ESSE?
Fortaleza medieval, situada no Alentejo mediterrânico, no sul do país, é patrimônio da humanidade
Girassóis e vinhedos emolduram Évora

Minarete no alto de muro no Castelo de Vide, também chamado de Sintra do Alentejo Próxima da cidade de Marvão, uma antiga ponte na fronteira entre Portugal e Espanha Caminho de entrada de construção medieval, com canteiro de rosas, no Crato (Alentejo) da enviada especial a Portugal

Évora se situa no Alentejo mediterrânico, ou nas terras d'além Tejo, ao sul de Portugal, tendo a Espanha a leste e o oceano Atlântico a oeste. Planícies de searas, olivais, vinhedos e girassóis ambientam a antiga fortaleza medieval, que, desde 1986, é considerada patrimônio mundial pela Unesco.
Casas senhoriais, de nobres e navegadores, e edifícios públicos atestam a grandeza da sede da Corte portuguesa no século 16. A chamada "planície histórica" é farta de vestígios do passado mais remoto, desde o neolítico cromeleque (conjunto de menires destinados a rituais mágico-religiosos) dos Almendres até as construções manuelinas, fontes e aquedutos, as portadas e janelas esculpidas em pedra.
São muitos os locais turísticos, a começar pelo Templo de Diana (séculos 2º e 3º d.C.), de que restam 14 colunas coríntias. Por 400 anos, a cidade ficou sob domínio árabe e, com o nome de Iabura, pertenceu ao emirado de Badajoz, acolhendo, então, cientistas e escritores muçulmanos, como o poeta Ibn Abdun e o geógrafo Idrisi. A posição geográfica da cidade, militarmente estratégica, explica os três anéis de muralhas.
A praça do Giraldo é o miolo da cidade, no qual há ainda uma fonte quinhentista, em que se executavam autos de fé da Inquisição, cujo avalista de algozes era a Catedral da Sé, fundada em 1186 sobre uma mesquita. Sua feição romano-gótica, com a escultura dos apóstolos na fachada, data, no entanto, de 1250. Esse tipo de sincretismo arquitetônico, aludindo a épocas diversas, é muito comum em Portugal.
Não é difícil uma fachada modesta de vila de casas, com pátio interno, acusar influência moura ao mesmo tempo que o interior exibe afrescos com motivos pagãos, como sereias e mulheres-pássaros, ou desenhos mais próximos do naturalismo alexandrino. Nenhum canto escapa à história em Évora. (PF)



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