|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lenda diz que botos engravidam solteiras
em Maués (AM)
Saboreie um peixe frito (pacu,
jaraqui, ou, que tal, um pirarucu?)
com a farinha do Uarini (única)
encantado com as lendas sobre os
pescadores do Amazonas.
Dê preferência aos bares e restaurantes situados à beira dos
rios, como o imponente Maués-Açu, que banha Maués.
Antes de se entregar aos causos,
ambientados nos rios e nas floresta, é bom saber que histórias de
pescadores estão incorporadas à
vida do Amazonas, onde essas
lendas ajudam a compreender
um pouco melhor a cultura de sua
gente, que depende dos rios para
praticamente tudo na vida.
Famosa em Maués é a lenda do
pescador Anselmo (há versões
com outros nomes), que teria peregrinado durante as décadas de
30 e 40. Mantinha, contam os nativos, um comportamento considerado diferente pelos habitantes.
Anselmo, por exemplo, não
costumava levar os utensílios necessários para garantir uma boa
pescaria, quando saía pelos rios
amazonenses.
Mesmo assim, conta a lenda, era
o pescador que conseguia a melhor performance, sempre fisgando a maior quantidade possível
de peixes e superando, de longe,
seus concorrentes.
Há antigos pescadores de
Maués, hoje com mais de 80 anos,
que também contam que Anselmo aparecia às margens de rios
mais distantes do município sem
ter saído de barco. Ninguém entendia ao certo como ele chegava
a esses lugares longínquos.
A lenda ainda diz que Anselmo
teria se encantando com as riquezas dos rios e resolveu então seguir um boto, à noite, no meio da
floresta. Nunca mais viram Anselmo em Maués.
Segundo alguns moradores, ele
às vezes aparece incorporado ao
vento ou ao banzeiro na ponta da
praia do rio Maués-Açu.
Suas aparições ganham diferentes contornos: ele também surge,
sempre segundo a lenda, de chapéu, para outros moradores.
Dizem os pescadores que Anselmo promete voltar a viver como um ser humano, caso os moradores de Maués cumpram um
ritual religioso com oferenda aos
rios do Amazonas.
Os botos
O boto é um animal presente
em boa parte das histórias de pescadores da Amazônia.
Uma delas narra que o boto-vermelho, conhecido no resto do
Brasil como boto-cor-de-rosa,
frequentava os forrós de moradores e as festas de índios da região.
Transformado em homem, todo vestido de branco, usava um
chapéu como disfarce. Dessa forma, seria possível, alimenta a lenda, passar imune ao arpão dos
pescadores.
Então o boto caía na festança.
Dançava com as moças e seguia
em direção às matas ciliares, bem
próximas aos rios, esconderijo
perfeito para o amor.
Segue a lenda dizendo que as
mulheres apareciam grávidas depois desses encontros ardentes.
O pai da criança, como não podia deixar de ser, era o boto, e seus
filhos nasciam com os pés voltados para trás.
Estudiosos do folclore amazonense afirmam que as mulheres
contavam essa lengalenga para
justificar o fato de serem mães
solteiras. Mas o boto no Amazonas também despeja sua sedução
por outros cantos.
O boto-tucuxi, por exemplo, é
conhecido entre os pescadores
por ser um animal amigo das
crianças. Nas pescarias, o tucuxi
seria o companheiro ideal.
Conta a lenda que o boto é um
bicho que funciona como um
guia de direção para os cardumes
de peixes e age como o salvador
em situações complicadas, como
em tempestades.
Quando o boto percebe que irá
chover muito forte sobre um rio,
ele desvia o percurso do pescador
em outras direções de águas mais
tranquilas.
Vem daí, dizem os estudiosos, o
motivo que leva alguns pescadores a acreditar que o boto é um
animal que dá sorte.
Quando apanham um boto em
suas redes, alguns pescadores arrancam os olhos do animal e os
carregam dentro dos bolsos como
um amuleto.
Os olhos significam, na história
difundida entre os pescadores,
sorte nos rios e no amor.
(RO)
Texto Anterior: Guaraná alimenta tradição em Maués Próximo Texto: Passe ecológico aéreo dá desconto Índice
|