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hospedagem
Amigos virtuais emprestam sofá aos que querem viajar
INTERCÂMBIO Quem se cadastra no Couch Surfing ajuda turistas com dicas ou um cantinho da casa para hospedagem
DA REPORTAGEM LOCAL
Um site de relacionamentos
com mais de 440 mil participantes de 37 mil cidades de 224
países. Quase todos dispostos a
transformar o contato virtual
em real. Mas não se engane.
A idéia do Couch Surfing não
é ser um portal de namoro.
Nem de reencontro de amigos
-novos ou velhos-, ao estilo
Orkut. O formato é até bem parecido: para fazer parte, gratuitamente, você acessa, coloca
seu perfil e coleciona contatos.
A diferença é que entra no
www.couchsurfing.com
quem está disposto a fazer um
intercâmbio turístico-cultural.
Se na teoria parece complicado,
na prática é bastante simples.
O pianista Thiago Pinheiro,
25, que entrou há seis meses no
programa, experimentou todas
as formas de esse intercâmbio
acontecer. Ele explica quais são
e como funcionam.
A primeira é 100% online:
"Quando estou com viagem
marcada e quero saber mais sobre o lugar, escrevo no Couch
Surfing pedindo dicas. Muito
rapidamente, algum morador
local, também do site, responde
com informações preciosas,
que eu nunca encontraria num
guia, por exemplo."
A segunda é dando uma de
guia turístico, pessoalmente:
"Uma vez, hospedado num hotel de Xangai, na China, uma
participante me levou aos lugares menos turísticos e mais bacanas da cidade".
A terceira é fazer jus ao nome
do programa (surfe de sofá, em
português), e pedir emprestado
- ou emprestar- o sofá ao ilustre amigo desconhecido.
"Na falta de um sofá propriamente dito, vale beliche, colchonete, tapete e até espaço no
quintal para instalar uma barraca de camping", brinca.
Os corajosos que optam por
essa forma de participar programa não têm garantias sobre
a qualidade da experiência.
Sim, há o risco de o hóspede
ser um chato. Ou de o anfitrião
ser um mala. Ou de um deles
-ou mesmo os dois- ter algum
tipo de má intenção. Mas quem
navega pelo portal -não é preciso estar inscrito para ver o
conteúdo- lê mais depoimentos positivos do que negativos.
Para correr menos riscos na
hora de escolher "de quem" ou
"para quem" emprestar o sofá,
Cintia Mazer, 32, representante do Couch Surfing no Brasil,
diz é que essencial olhar as avaliações dos participantes, disponíveis nos perfis de cada um.
"Eles recebem uma espécie
de nota uns dos outros, seguida
de comentários sobre as experiências pessoais ou online."
O italiano Niv Froman, 25,
que achou sua estadia em São
Paulo, no sofá de Pinheiro, "extremamente positiva", é só elogios ao anfitrião: "Se o Couch
Surfing precisar de um garoto-propaganda, ele é o cara!".
Já a grega de cabelos pretos,
longos e lisos Electra Kouloubi,
25, também hóspede de Pinheiro, só saiu do sofá do rapaz
quando convenceu a mãe dele a
confeccionar nela um "cabelo
de brasileira", como chamou os
cachos de garotas que encontrou pelas ruas de São Paulo.
Confirmação de endereço
Pagando uma taxa simbólica,
o participante recebe uma carta dos administradores do site.
Dentro dela, há uma senha.
E entrando com essa senha
no próximo acesso ao Couch
Surfing, ele, automaticamente,
confirma o seu endereço.
Para que pagar para ter o endereço confirmado? Para que
você se torne um membro mais
"confiável" e receba ainda mais
mensagens de estranhos querendo se instalar, de mala e
cuia, no seu sofá.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)
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