São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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hospedagem

Amigos virtuais emprestam sofá aos que querem viajar

INTERCÂMBIO Quem se cadastra no Couch Surfing ajuda turistas com dicas ou um cantinho da casa para hospedagem

DA REPORTAGEM LOCAL

Um site de relacionamentos com mais de 440 mil participantes de 37 mil cidades de 224 países. Quase todos dispostos a transformar o contato virtual em real. Mas não se engane.
A idéia do Couch Surfing não é ser um portal de namoro. Nem de reencontro de amigos -novos ou velhos-, ao estilo Orkut. O formato é até bem parecido: para fazer parte, gratuitamente, você acessa, coloca seu perfil e coleciona contatos.
A diferença é que entra no www.couchsurfing.com quem está disposto a fazer um intercâmbio turístico-cultural. Se na teoria parece complicado, na prática é bastante simples.
O pianista Thiago Pinheiro, 25, que entrou há seis meses no programa, experimentou todas as formas de esse intercâmbio acontecer. Ele explica quais são e como funcionam.
A primeira é 100% online: "Quando estou com viagem marcada e quero saber mais sobre o lugar, escrevo no Couch Surfing pedindo dicas. Muito rapidamente, algum morador local, também do site, responde com informações preciosas, que eu nunca encontraria num guia, por exemplo."
A segunda é dando uma de guia turístico, pessoalmente: "Uma vez, hospedado num hotel de Xangai, na China, uma participante me levou aos lugares menos turísticos e mais bacanas da cidade".
A terceira é fazer jus ao nome do programa (surfe de sofá, em português), e pedir emprestado - ou emprestar- o sofá ao ilustre amigo desconhecido.
"Na falta de um sofá propriamente dito, vale beliche, colchonete, tapete e até espaço no quintal para instalar uma barraca de camping", brinca.
Os corajosos que optam por essa forma de participar programa não têm garantias sobre a qualidade da experiência.
Sim, há o risco de o hóspede ser um chato. Ou de o anfitrião ser um mala. Ou de um deles -ou mesmo os dois- ter algum tipo de má intenção. Mas quem navega pelo portal -não é preciso estar inscrito para ver o conteúdo- lê mais depoimentos positivos do que negativos.
Para correr menos riscos na hora de escolher "de quem" ou "para quem" emprestar o sofá, Cintia Mazer, 32, representante do Couch Surfing no Brasil, diz é que essencial olhar as avaliações dos participantes, disponíveis nos perfis de cada um.
"Eles recebem uma espécie de nota uns dos outros, seguida de comentários sobre as experiências pessoais ou online."
O italiano Niv Froman, 25, que achou sua estadia em São Paulo, no sofá de Pinheiro, "extremamente positiva", é só elogios ao anfitrião: "Se o Couch Surfing precisar de um garoto-propaganda, ele é o cara!".
Já a grega de cabelos pretos, longos e lisos Electra Kouloubi, 25, também hóspede de Pinheiro, só saiu do sofá do rapaz quando convenceu a mãe dele a confeccionar nela um "cabelo de brasileira", como chamou os cachos de garotas que encontrou pelas ruas de São Paulo.

Confirmação de endereço
Pagando uma taxa simbólica, o participante recebe uma carta dos administradores do site. Dentro dela, há uma senha.
E entrando com essa senha no próximo acesso ao Couch Surfing, ele, automaticamente, confirma o seu endereço.
Para que pagar para ter o endereço confirmado? Para que você se torne um membro mais "confiável" e receba ainda mais mensagens de estranhos querendo se instalar, de mala e cuia, no seu sofá.
(PRISCILA PASTRE-ROSSI)


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