São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2005

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Cotopaxi, de 5.897 m, e Chimborazo, de 6.310 m, disputam a atenção na serra, pela qual turistas viajam no teto do vagão

Trem ziguezagueia por avenida de vulcões

Carolina Hanashiro
Cume gelado do vulcão Cotopaxi, segundo pico mais alto do Equador, com 5.897 metros de altura


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO EQUADOR

Quando o explorador alemão Alexander Von Humboldt visitou o Equador, em 1802, ficou encantado com a topografia do país e passou a estudá-la. A região que mais lhe chamou a atenção foi um vale cercado por duas cordilheiras paralelas e de grande altitude, onde estão nove dos dez picos mais altos do país. Formado em sua maior parte por vulcões ativos, o local foi batizado pelo pesquisador de Avenida dos Vulcões.
O vulcão Cotopaxi, com 5.897 metros de altura, é uma das principais atrações. Com silhueta semelhante à do monte Fuji, o cartão-postal japonês, o Cotopaxi é o segundo ponto mais alto do país.
De carro, é possível chegar à marca dos 4.500 metros. Daí pra frente, o viajante precisa subir andando. Os efeitos da altitude se fazem notar já nos primeiros passos dos 300 metros que separam o estacionamento da construção que serve de abrigo aos andinistas.
Mais ao sul, está o vulcão Chimborazo, o grande concorrente do Cotopaxi na disputa pela atenção dos visitantes. Com seus 6.310 metros de altura, o Chimborazo foi considerado a montanha mais alta do mundo até 1852, quando o Everest (8.850 metros) levou o título. De qualquer forma, os guias gostam sempre de lembrar que o vulcão ainda detém outra marca impressionante: seu cume é o ponto do planeta mais afastado do centro da Terra e, com isso, o mais próximo do Sol.
Chegar ao cume do Chimborazo não é para qualquer um. A subida exige certa experiência e muita cautela. Tanto que próximo ao refúgio, onde se pode chegar de carro, estão lápides dedicadas aos que morreram tentando. Há, porém, quem suba o vulcão duas vezes por semana. É o caso dos últimos "geleiros do Chimborazo", homens que vivem de arrancar pedaços de gelo com mais de 80 quilos de um dos glaciares do vulcão, a 5.000 m de altura, com uma barra de ferro. O gelo, usado para conservar alimentos ou no preparo de refrescos e sorvetes, é vendido nos mercados locais.
Bem perto dos vulcões, outra atração curiosa é o trem do Nariz do Diabo. O mais famoso trem do Equador parte da cidade de Riobamba rumo a Sibambe, no único trecho que restou do Ferrocarril Transandino. A linha, construída em 1899, circulava entre Quito e Guayaquil e impressiona pela natureza de seu percurso, feito em ziguezague para vencer as íngremes montanhas. Além do sistema diferente, o Nariz do Diabo oferece uma emoção a mais: os passageiros podem viajar no teto do vagão, curtindo a paisagem.
Próximo de Riobamba está Baños, cidade famosa por seus banhos termais e localizada aos pés do vulcão Tungurahua, que em quíchua quer dizer "pequeno inferno". Há alguns anos a população foi obrigada a abandonar a região quando a cidade entrou no alerta laranja -em uma escala branco-amarelo-laranja-vermelho-, o que indicava 90% de chance de uma grande erupção vulcânica. Felizmente, a emissão de lavas foi menor do que a esperada, e os moradores puderam voltar para suas casas.
A última parada na região serrana é Cuenca, tombada como patrimônio da humanidade pela Unesco, assim como Quito. Seu encanto colonial pode ser visto nas ruas estreitas, belas praças e caprichadas igrejas. Antes da chegada dos espanhóis, Cuenca foi concebida pelos incas para rivalizar com Cuzco, capital imperial. As ruínas incas mais bem conservadas do Equador ficam bem próximas dali, em Ingapirca.
Cuenca também é conhecida por seu tradicional comércio de chapéu panamá. O artigo é equatoriano e só ganhou esse nome porque na construção do canal de Panamá muitos operários o usavam. (CAROLINA HANASHIRO)


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