São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2000


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CHILE ÁRIDO
Turista tem a impressão de integrar elenco da série "Perdidos no Espaço" ao visitar região desprovida de vida
Vale da Lua lembra cena de ficção científica

DA ENVIADA ESPECIAL AO CHILE

Quem conhece a série "Perdidos no Espaço" com certeza vai ter a impressão de que, a qualquer momento, o robô ou o dr. Smith vão surgir de trás de uma rocha anunciando um novo "perigo".
Ao chegar ao Vale da Lua, localizado a 15 km de San Pedro de Atacama, o visitante tem a sensação de ter sido transportado para fora do mundo conhecido, talvez para um outro planeta ou satélite.
O caminho até lá já prepara o espírito do aventureiro. A ligação é uma estrada a princípio bem aceitável e depois tão inóspita quanto o lugar, cercada de nada.
Nada, nesse caso, são planícies de material vulcânico rico em minerais, derramado ali há milhões de anos, quando os vulcões da cordilheira dos Andes entraram em erupção -alguns ainda continuam ativos, podendo reiniciar o processo a qualquer momento.
Nenhum verde e nenhuma vida animal resgatam o olhar da sucessão de formações de material salino que tomam a forma de verdadeiras esculturas. Pedra, areia e rocha, em tons que variam do bege ao ocre, dominam a paisagem, em contraste com o azul do céu.
Mas a suposta monotonia é quebrada por muralhas ou dunas que formam vales tão perfeitamente recortados entre os montes que os mais crédulos poderiam julgar ter sido o ponto de pouso de uma nave extraterrestre. Pontuando o cenário, um silêncio profundo, quebrado pelo vento.
Conhecer esse "planeta perdido" demanda uma caminhada de cerca de uma hora e meia. Os mais aventureiros podem optar pelo cavalo. O vale, que faz parte da cordilheira do Sal, está a uma altitude de 2.624 m. Em época de lua cheia, surgem grupos com saída programada para a noite.
Durante o dia, o ponto final da caminhada é um cimo de onde é possível admirar o pôr-do-sol e ter uma visão mais abrangente desse estranho mundo.
Depois, é descer aos saltos uma duna de areia vulcânica e voltar para casa com a sensação de ter partilhado a mesma emoção sentida em 1969 pelo astronauta norte-americano Neil Armstrong: pisar pela primeira vez na lua.
(ROSANA DE VASCONCELLOS)


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