São Paulo, Segunda-feira, 22 de Março de 1999
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LINHA CRUZADA
Encravada nos Andes, a capital, declarada patrimônio da humanidade, oferece arte, cultura e compras
Quito vigia o mundo do alto de 2.850 m

da enviada especial ao Equador

Quito, a antiga cidade do Sol dos índios quitus, próxima à linha do Equador, resplandece no ouro de suas igrejas barrocas e na simetria das ruas, que formam uma faixa urbana encravada na cordilheira dos Andes, a 2.850 m de altitude.
Seu centro colonial, declarado patrimônio cultural da humanidade em 1978, pulsa em um intricado emaranhado de pedestres, táxis, ônibus, bancos, lojas e, claro, prédios históricos. Muitos quitenhos ainda moram ali, em sobrados com retorcidos gradis nas janelas.
Algumas dessas casas antigas hoje abrigam museus. A Casa de Sucre (rua Venezuela, 573) é uma delas. O local exala o forte odor histórico presente nos móveis do início do século 19 e no pátio típico da arquitetura da América espanhola, com flores e uma fonte no centro.
A casa pertenceu ao herói do Equador, Antonio Sucre, que proclamou a independência do país, emprestando, por tabela, seu nome à moeda nacional.
A Casa de Benalcázar, na rua Olmedo, 968, não possui tanta pompa, mas ganha no quesito histórico. Foi construída em 1534 e restaurada em 1967. De novo, lá está o bucólico pátio central rodeado por colunas que sustentam o prédio. Às vezes há recitais de piano ali; ligue para checar (tel. local 218-102).
Bem no meio da cidade, um dos maiores museus de Quito, a Casa de la Cultura Ecuatoriana, entretém o visitante com uma coleção de pinturas, esculturas, roupas e até instrumentos musicais.
De pianos do século 18 a flautas indígenas, o acervo dedilha a história da música em mais de 50 peças. Para quem aprecia também as artes plásticas, obras de Eduardo Kingman e Guayasamín, além de vários outros pintores equatorianos, garantem um bom programa. O museu fica na esquina da avenida Patria e 12 de Outubro; abre das 10h às 18h, de terça a sexta, e das 10h às 14h nos finais de semana.
A 15 minutos de carro dali, uma certa construção contempla a cidade. Trata-se da Fundação Guayasamín (rua Bosmediano, 543), casa do pintor equatoriano e museu onde estão expostas a maioria de suas obras.
Logo à entrada, um par de esculturas no jardim orna seu caminho rumo ao maior patrimônio artístico do Equador. Na casa, estão telas fundamentais da carreira do pintor, como a série "A Idade da Ira" e "Lágrimas de Sangue".
No anexo, você pode apreciar o acervo de arte sacra coletado pelo artista ao longo de sua vida, desatacando-se Cristos na cruz e quadros, dos séculos 17, 18 e 19, que adornavam igrejas.
Guayasamín também comprou mais de 50 peças de arte pré-colombiana, como máscaras e pequenas esculturas, que dispôs em três salas.
Uma pequena loja no museu vende gravuras do pintor, com preço que em fevereiro chegavam a US$ 600, além de livros com obras dele. É possível adquirir ainda reproduções em papel de algumas de suas telas.

Dólar em alta
Se você prefere gastar seus dólares com itens mais mundanos, a parte nova de Quito, uma continuação da cidade antiga, é a melhor pedida.
Ao longo da avenida Amazonas, a principal desse lado da capital, lojas de artesanato convivem com bancos, shoppings, hotéis luxuosos e bares animados.
Você pode comprar muito gastando pouco. Blusas com motivos indígenas custam no máximo US$ 20. Chapéus de lã são vendidos até na rua pelos indígenas e saem por US$ 3, em média. Colares, também tradicionais, variam entre US$ 2 e US$ 3.
Quando se lançar às compras, só tome uma precaução: vá com a carteira recheada de sucres. Nenhuma barraquinha de rua aceita cartão de crédito e algumas lojas também só recebem em "cash". (CARLA ARANHA)


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