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AMAZÔNIA
Garantido e Caprichoso já ensaiam para o festival, que acontece anualmente nos dias 28, 29 e 30 de junho
Bois de Parintins esquentam os tambores
RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A PARINTINS
Quem visitar o Amazonas em
abril, maio e junho vai achar que o
mundo se divide em dois: uma
parte é azul e a outra, vermelha.
São as cores básicas dos dois
grupos folclóricos, os bois-bumbás Caprichoso (azul e branco) e
Garantido (vermelho e branco),
que todo ano duelam no maior
festival do Norte do país, realizado na cidade de Parintins sempre
em 28, 29 e 30 de junho.
Parintins é uma cidade pequena
localizada em uma ilha fluvial no
rio Amazonas, de cerca de 90 mil
habitantes, mas cuja população
praticamente dobra na época do
festival. Boa parte desse pessoal
extra vem de Manaus, a grande
metrópole amazônica, com sua
população de 1,4 milhão de habitantes, situada 420 km a oeste.
Mas os grandes navios de cruzeiros também estão começando a
parar por ali.
Quem não tiver disponibilidade
de estar na cidade na época do festival pode experimentar uma prévia nos ensaios realizados todos
os sábados tanto em Parintins como em Manaus nos chamados
"currais". O ensaio é uma grande
festa que começa em torno das
21h e termina de madrugada. O
ingresso custa R$ 5.
O curral do boi Caprichoso em
Manaus é realizado no Sambódromo. O boi Garantido faz sua
festa no Olímpico Clube. Cada
um costumava se apresentar em
dias alternados, mas agora ambos
os currais ocorrem no sábado.
Assim como acontece com outros eventos folclóricos competitivos, como o Carnaval, o festival
de Parintins tem um complexo
regulamento para decidir o campeão. Entre os itens julgados estão
alguns individuais e outros coletivos. Um dos personagens mais
importantes é o cantor ou "levantador de toadas".
As músicas têm um curioso detalhe: o nome do boi é citado incessantemente. Os compositores
precisam ter bons estoques de rimas para as palavras "caprichoso" ou "garantido". O rival, quando é citado, não é chamado pelo
nome, mas de "contrário".
Outro item fundamental é a batucada, o conjunto de percussão
que marca o ritmo da toada.
Os personagens misturam elementos de uma fazenda e da tradição indígena da região. Há uma
porta-estandarte vestida de índia;
já a "sinhazinha da fazenda" veste
um vestido recatado de filha de fazendeiro. Outra índia é a Cunhã
Poranga ("mulher bonita" em tupi-guarani).
Um dos itens julgados dá uma
idéia de como o festival é civilizado. A galera, torcida de cada boi,
ganha pontos por sua atuação coreográfica, mas também pode
perdê-los se vaiar o rival. A torcida tem de ficar quieta respeitando
a apresentação do "contrário".
Saindo de Manaus, há vôos e
navios diários para Parintins, cuja
frequência aumenta a partir de 20
de junho. Como Parintins está
mais perto do Pará do que da capital amazonense, outras opções
são partir de Santarém ou Belém.
Aqueles que chegam de navio
avistam primeiro a torre da catedral de Nossa Senhora do Carmo,
a mais alta edificação da cidade,
construída na década de 60.
Quem quiser ficar em hotel na
época do festival deve se programar com antecedência, pois as vagas são limitadas devido ao enorme afluxo de turistas. É praxe famílias alugarem quartos. Outra
opção é dormir a bordo de barcos.
Sites - www.boideparintins.com.br;
www.boigarantido.com.br;
www.parintins.com/caprichoso
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