São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 2002

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AMAZÔNIA

Garantido e Caprichoso já ensaiam para o festival, que acontece anualmente nos dias 28, 29 e 30 de junho

Bois de Parintins esquentam os tambores

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A PARINTINS

Quem visitar o Amazonas em abril, maio e junho vai achar que o mundo se divide em dois: uma parte é azul e a outra, vermelha.
São as cores básicas dos dois grupos folclóricos, os bois-bumbás Caprichoso (azul e branco) e Garantido (vermelho e branco), que todo ano duelam no maior festival do Norte do país, realizado na cidade de Parintins sempre em 28, 29 e 30 de junho.
Parintins é uma cidade pequena localizada em uma ilha fluvial no rio Amazonas, de cerca de 90 mil habitantes, mas cuja população praticamente dobra na época do festival. Boa parte desse pessoal extra vem de Manaus, a grande metrópole amazônica, com sua população de 1,4 milhão de habitantes, situada 420 km a oeste. Mas os grandes navios de cruzeiros também estão começando a parar por ali.
Quem não tiver disponibilidade de estar na cidade na época do festival pode experimentar uma prévia nos ensaios realizados todos os sábados tanto em Parintins como em Manaus nos chamados "currais". O ensaio é uma grande festa que começa em torno das 21h e termina de madrugada. O ingresso custa R$ 5.
O curral do boi Caprichoso em Manaus é realizado no Sambódromo. O boi Garantido faz sua festa no Olímpico Clube. Cada um costumava se apresentar em dias alternados, mas agora ambos os currais ocorrem no sábado.
Assim como acontece com outros eventos folclóricos competitivos, como o Carnaval, o festival de Parintins tem um complexo regulamento para decidir o campeão. Entre os itens julgados estão alguns individuais e outros coletivos. Um dos personagens mais importantes é o cantor ou "levantador de toadas".
As músicas têm um curioso detalhe: o nome do boi é citado incessantemente. Os compositores precisam ter bons estoques de rimas para as palavras "caprichoso" ou "garantido". O rival, quando é citado, não é chamado pelo nome, mas de "contrário".
Outro item fundamental é a batucada, o conjunto de percussão que marca o ritmo da toada.
Os personagens misturam elementos de uma fazenda e da tradição indígena da região. Há uma porta-estandarte vestida de índia; já a "sinhazinha da fazenda" veste um vestido recatado de filha de fazendeiro. Outra índia é a Cunhã Poranga ("mulher bonita" em tupi-guarani).
Um dos itens julgados dá uma idéia de como o festival é civilizado. A galera, torcida de cada boi, ganha pontos por sua atuação coreográfica, mas também pode perdê-los se vaiar o rival. A torcida tem de ficar quieta respeitando a apresentação do "contrário".
Saindo de Manaus, há vôos e navios diários para Parintins, cuja frequência aumenta a partir de 20 de junho. Como Parintins está mais perto do Pará do que da capital amazonense, outras opções são partir de Santarém ou Belém.
Aqueles que chegam de navio avistam primeiro a torre da catedral de Nossa Senhora do Carmo, a mais alta edificação da cidade, construída na década de 60.
Quem quiser ficar em hotel na época do festival deve se programar com antecedência, pois as vagas são limitadas devido ao enorme afluxo de turistas. É praxe famílias alugarem quartos. Outra opção é dormir a bordo de barcos.

Sites - www.boideparintins.com.br; www.boigarantido.com.br; www.parintins.com/caprichoso


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