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Itália era apenas a região da atual Calábria
WALTER CENEVIVA
da Equipe de Articulistas
Graças a Antioquio de Siracusa
sabe-se que o nome "Itália" compreendia, originariamente, apenas
a Calábria de hoje. Depois abrangeu desde o golfo de Taranto até o
mar Tirreno, na informação do
historiador grego Tucídides. Séculos mais tarde passou a designar
todo o país.
Ao longo dos milênios, os meridionais se mantiveram fiéis ao solo, trabalhando na agricultura. O
mar, o sol, o calor, por um lado, as
montanhas, as vistas maravilhosas, as águas e os monumentos em
pedra, por outro, em contraste
com a falta de meios, não estimulavam o trabalho sistemático.
Constitui, porém, grave erro supor que os italianos meridionais
sejam preguiçosos ou maus trabalhadores, como insistem os do
norte. A história e a sociologia explicam por que a região se desenvolveu de modo diverso. Parte da
explicação está na diversidade dos
dominadores do sul por dois milênios. Gregos, romanos, vândalos e
lombardos sucederam-se, até o século 5º, em destruição e reconstrução, agravadas por terremotos
e ataques repetidos de sarracenos,
expulsos no século 10º.
Os normandos, em meados do
século 11, se deslocaram da Calábria à Puglia, em domínio que durou mais de cem anos. Nos séculos
seguintes sucederam-se novos invasores, até a presença dos aragoneses entre os séculos 15 e 18. Nápoles foi submetida à monarquia
dos Bourbon, que alternaram o
controle com Napoleão.
Grandes esperanças cercaram a
unificação da Itália no século 19,
mas, com ela, se caracterizou mais
fortemente o enriquecimento do
norte e o empobrecimento do sul,
em cujas causas se inclui o analfabetismo das populações rurais,
contidas em economia feudal, estimulada por interesses da Igreja
Católica. A miséria, o desemprego
e a falta de garantias para os pobres marcaram a Itália meridional
nos últimos 30 anos do século passado, detonando a emigração em
massa.
O sul italiano e muitos de seus
habitantes ainda são pobres, com
renda anual inferior à média do
país. O fluxo importante de imigrantes clandestinos (a mídia tem
destacado os albaneses) contribui
-com a prestação de serviços irregulares- para a depreciação da
mão-de-obra.
Criado o Mercado Comum Europeu, muitos produtos agrícolas
passaram a sofrer restrição no
processo de exportação, o que só
fez atrasar mais o progresso das
províncias sulinas. Investimentos
importantes, como as novas rodovias, ligando o sul a Roma, a criação de linhas aéreas para a Calábria, no aeroporto de La Mezia
Terme, e a indústria siderúrgica
em Taranto, por exemplo, não foram isentos de falhas.
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