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POR DENTRO DE BELO HORIZONTE
Carnabelô muda de cenário e contagia
MARISTELA DO VALLE
enviada especial a Minas Gerais
Este ano, o Carnabelô ocorreu
em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Para que
fosse associada ao carnaval temporão da capital, a quarta edição
da festa, de 12 a 14 de junho, se
chamou Carnabelô Contagiante.
"O nome não foi modificado
porque já virou uma marca", comenta Froilan Moraes, presidente
da Companhia de Produção, empresa organizadora do Carnabelô.
Até o ano passado, os foliões pulavam carnaval na avenida Afonso
Pena, no centro de BH. Mas a população estava insatisfeita com os
transtornos provocados pela festa,
como o acúmulo de lixo e o barulho. No início do ano, foram cogitados locais como a Pampulha e o
Belvedere, mas os moradores se
manifestaram contra o evento.
Por causa da indefinição do local, 80% dos patrocinadores foram perdidos e 40% dos foliões
deixaram de comprar abadás, segundo Moraes. Mesmo assim, ele
diz considerar a infra-estrutura de
Contagem melhor que a de BH.
O percurso dos trios elétricos
passou de 1 km para 2 km. As bandas baianas Chiclete com Banana,
Cheiro de Amor e Eva e o cantor
Netinho se misturaram com blocos locais, como o Come Queto
(escrito exatamente dessa forma).
De quietos, porém, os mineiros
não tinham nada. Dançavam num
estilo um pouco diferente que o
dos baianos, talvez numa tentativa
de driblar o frio. Os foliões uniformizados com abadás e o público
dos camarotes, de onde era possível estar cara a cara com os ídolos
e suas bandas, vibravam.
No meio da animação popular,
alguns probleminhas tornavam a
festa não tão popular.
A pipoca não era democrática
como a do Carnaval de Salvador,
por exemplo. Os "sem-abadás-ou-camarotes" podiam dançar um pouco na concentração,
mas eram impedidos de percorrer
a via dos trios, muito estreita.
Para estar mais perto dos ídolos,
era preciso desembolsar entre R$
50 e R$ 220 por um abadá ou R$
3.500 por um camarote, com direito à entrada de 20 pessoas.
A chegada e a saída dos camarotes era um pouco confusa: formava-se uma fila enorme porque os
cartões magnéticos não funcionavam e ninguém ajudava os foliões.
Outro incidente do Carnabelô
atingiu os amantes de bebidas destiladas, como o capeta -drinque
à base de vodca e guaraná em pó.
De acordo com o vendedor de
"caipifrutas" Eduardo Santos
Neri, os ambulantes estariam impedidos de vender bebidas destiladas pela polícia porque o patrocinador do evento era a Kaiser.
Segundo o prefeito de Contagem, Paulo Mattos, eles provavelmente não pagaram a taxa de licença para vender bebidas. A versão da Companhia de Produção é
que o conflito foi logo resolvido.
A empresa afirmou que vai
reembolsar os vendedores que tiveram prejuízo por causa do pagamento da taxa.
De qualquer forma, a reportagem da Folha viu um folião ser
obrigado a jogar fora sua lata de
Skol antes de entrar no camarote.
Maristela do Valle viajou a convite do Ouro
Minas Palace Hotel.
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