São Paulo, segunda, 22 de junho de 1998

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POR DENTRO DE BELO HORIZONTE
Carnabelô muda de cenário e contagia

MARISTELA DO VALLE
enviada especial a Minas Gerais

Este ano, o Carnabelô ocorreu em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Para que fosse associada ao carnaval temporão da capital, a quarta edição da festa, de 12 a 14 de junho, se chamou Carnabelô Contagiante.
"O nome não foi modificado porque já virou uma marca", comenta Froilan Moraes, presidente da Companhia de Produção, empresa organizadora do Carnabelô.
Até o ano passado, os foliões pulavam carnaval na avenida Afonso Pena, no centro de BH. Mas a população estava insatisfeita com os transtornos provocados pela festa, como o acúmulo de lixo e o barulho. No início do ano, foram cogitados locais como a Pampulha e o Belvedere, mas os moradores se manifestaram contra o evento.
Por causa da indefinição do local, 80% dos patrocinadores foram perdidos e 40% dos foliões deixaram de comprar abadás, segundo Moraes. Mesmo assim, ele diz considerar a infra-estrutura de Contagem melhor que a de BH.
O percurso dos trios elétricos passou de 1 km para 2 km. As bandas baianas Chiclete com Banana, Cheiro de Amor e Eva e o cantor Netinho se misturaram com blocos locais, como o Come Queto (escrito exatamente dessa forma).
De quietos, porém, os mineiros não tinham nada. Dançavam num estilo um pouco diferente que o dos baianos, talvez numa tentativa de driblar o frio. Os foliões uniformizados com abadás e o público dos camarotes, de onde era possível estar cara a cara com os ídolos e suas bandas, vibravam.
No meio da animação popular, alguns probleminhas tornavam a festa não tão popular.
A pipoca não era democrática como a do Carnaval de Salvador, por exemplo. Os "sem-abadás-ou-camarotes" podiam dançar um pouco na concentração, mas eram impedidos de percorrer a via dos trios, muito estreita.
Para estar mais perto dos ídolos, era preciso desembolsar entre R$ 50 e R$ 220 por um abadá ou R$ 3.500 por um camarote, com direito à entrada de 20 pessoas.
A chegada e a saída dos camarotes era um pouco confusa: formava-se uma fila enorme porque os cartões magnéticos não funcionavam e ninguém ajudava os foliões.
Outro incidente do Carnabelô atingiu os amantes de bebidas destiladas, como o capeta -drinque à base de vodca e guaraná em pó. De acordo com o vendedor de "caipifrutas" Eduardo Santos Neri, os ambulantes estariam impedidos de vender bebidas destiladas pela polícia porque o patrocinador do evento era a Kaiser.
Segundo o prefeito de Contagem, Paulo Mattos, eles provavelmente não pagaram a taxa de licença para vender bebidas. A versão da Companhia de Produção é que o conflito foi logo resolvido.
A empresa afirmou que vai reembolsar os vendedores que tiveram prejuízo por causa do pagamento da taxa.
De qualquer forma, a reportagem da Folha viu um folião ser obrigado a jogar fora sua lata de Skol antes de entrar no camarote.


Maristela do Valle viajou a convite do Ouro Minas Palace Hotel.



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