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FIM DE SEMANA / GONÇALVES (MG) - 190 KM DE SP
Na cidade mineira, circula-se por estabelecimentos que recebem a alcunha dos donos; doces e tour a cavalo recheiam o dia
Em MG, visita chama morador pelo nome
LUIS DÁVILA
EM GONÇALVES (MG)
A mineira Gonçalves é desses
lugares que, quando a gente volta
de lá, quer contar sobre a viagem
sem dar o endereço, para não estragar. Fica a 190 km de São Paulo,
na serra da Mantiqueira, entre
Campos do Jordão (SP) e Camanducaia (MG). Apesar das cachoeiras, dos passeios a cavalo e da comida, o melhor é a tranqüilidade.
Em dois dias, o turista fica sabendo como muitos moradores
se chamam. Ali os estabelecimentos ganham o nome dos donos,
que recebem alcunhas ligadas a
seu ganha-pão: "seu" João dos
Cavalos, Marcelo do Bar, dona Jovina das Geléias e "seu" Venâncio
e dona Lázara das Verduras.
Nome e sobrenome
Tudo passa pelo bar do Marcelo. Durante todo o dia, entra gente
ali atrás de petiscos e de um dos
muitos tipos de cachaça à venda.
No local funciona um dos poucos
orelhões da cidade e dois computadores com internet.
No domingo, a pedida é visitar o
paulistano André do bar Quero
Quero, onde a saborosa comida é
servida em meio a obras de artistas plásticos. O quintal é o melhor
da festa: é lei ver o pôr-do-sol ali.
Dona Jovina vende suas geléias
-de amora, kiwi, goiaba, framboesa e laranja- e seus doces -
de leite, ameixa e pêssego- enquanto conta histórias.
"Seu" José, o marido de dona
Jovina, não passa batido: gosta de
arqueologia, jura que existe ouro
e onça na região e conhece grutas,
cavernas e cachoeiras.
"Seu" Venâncio e dona Lázara
vendem os produtos sem agrotóxicos de sua horta orgânica. Na cidade funciona a associação Orgânicos da Mantiqueira, que reúne
pequenos produtores de frutas e
verduras sem agrotóxicos. A produção chega a São Paulo através
de uma rede de distribuidores.
Água abaixo
As cachoeiras de Gonçalves são
do tipo simples e eficiente. Nem
bonitas nem feias, prestam para
um mergulho. Na do Simão, a
água é cristalina e bem gelada.
Um pedaço de rocha se transforma em solarium. Essa queda-d'água é um dos pontos visitados durante os passeios a cavalo do
"seu" João. Ele tem mais de 40
animais. Tesouro é o mais rápido;
Jóia, a mais mansa. Todos são dóceis e podem ser montados por visitantes de qualquer idade.
Pedra acima
Gonçalves é cercada de montanhas. Há a pedra de São Domingos, a Bonita e a da Balança. Mas,
dentre todas, uma tem algo a
mais. É a pedra do Forno, a 1.970
metros de altitude. Como o nome
diz, o algo a mais é gastronômico.
No pé dessa pedra fica o restaurante do "seu" Ovídio, onde a comida mineira reina, mas não brilha só: divide o centro das atenções com mais de 20 tipos de doce. Por mais que caminhe o dia todo, uma parada na mesa de doces
causa aumento no peso (mesmo
que seja só da consciência).
A subida da pedra do Forno é
íngreme, mas de fácil acesso. O
cansaço pode levar o visitante a
desistir. Mas uma pausa e uma
olhada ao redor reativam os ânimos. A vista alcança São Bento do
Sapucaí, Campos do Jordão (SP) e
Camanducaia (MG). Depois do
esforço, o algo a mais dessa pedra
se torna magnífico: com fome, nada melhor do que já estar no restaurante de "seu" Ovídio.
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