São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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Castelo mira a costa e remonta à era colonial

Forte 'medieval' que protegeu a Bahia (e o Brasil) data de 1551

Patrimônio tombado pelo Iphan em 1937, ruína de castelo Garcia D'Avila traduz história da praia do Forte

DA ENVIADA À PRAIA DO FORTE (BA)

A praia do Forte, a 75 km de Salvador, carrega esse nome por abrigar um castelo de inspiração medieval cravado num ponto de observação marítima a 2,5 km da costa. Suas ruínas remontam a 1551.
Edificado por um dos maiores latifundiários brasileiros daquela época, as ruínas do castelo, que é patrimônio tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 1937, são abertas à visitação -e emolduraram diversos acontecimentos do Brasil.
A pedido de João 3º, então rei de Portugal, Garcia D'Avila 1º erigiu aquilo que chamou de "Torre Singela de São Pedro de Rates", uma homenagem à sua cidade natal.
Em seguida, construiu o solar e a capela Nossa Senhora da Conceição.
Com 26 quartos e duas salas, só foi concluído, em 1624, pelo neto de Garcia D'Avila, o fidalgo Francisco Dias de Avila Caramurú.
À época, a fortaleza, conhecida como Casa da Torre, serviu como uma espécie de base militar para defender Salvador, então a capital brasileira. Qualquer aproximação de embarcações suspeitas era monitorada e informada por meio de um sistema de sinalizações por tocha vistas na chamada Cidade da Bahia, a 70 km do forte.
No livro "Bandeirantes e Sertanistas Bahianos", o historiador Francisco Borges de Barros afirmou que se tratava do único castelo em estilo medieval construído na América -e que, devido à divisão das Capitanias Hereditárias, também sediou o maior latifúndio do mundo, com área de 800 mil km2 (equivalente a 1/10 do território brasileiro).
Para efeito de comparação, é similar às áreas de Portugal, Espanha, Holanda, Itália e Suíça somadas.

INVASÕES HOLANDESAS
Em 1637, o castelo figurou como protagonista no combate à segunda invasão perpetrada por holandeses, que desejavam sedimentar o domínio sobre Pernambuco.
O castelo foi, então, um ponto para descanso das tropas, vigília noturna e comunicação por sinais de luz.
A participação na derrota dos holandeses, expulsos em 1645 com ajuda da Inglaterra, foi tão grande que Garcia D'Avila 2º ganhou, em 1641, a patente de capitão das Ordenanças, cedida pela coroa lusa por serviços prestados pelo seu pai durante a guerra.
A Garcia D'Avila também se credita ter trazido ao Brasil o gado zebu e o coco.
E, se o dito popular "sem eira nem beira" designava o acabamento dos telhados nas casas de quem não tinha posses, dinheiro e poder na era colonial, a casa da família Garcia D'Avila era completa: tinha eira, beira e tribeira. (MARINA LANG)



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