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AMAZÔNIA PARA TURISTA
Parque do Mindu, jardim botânico e reservas na capital conservam locais para ver espécies
Manaus sela o 1º contato com os macacos
RAUL INUI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Localizados a até três horas e
meia de barco de Manaus, os hotéis de selva seduzem os turistas que querem
estar literalmente no meio da exuberante vegetação e da fauna
abundante do Amazonas.
Nesses hotéis, quase sempre os
macacos dão as boas-vindas aos
hóspedes, fazem gracinha e continuam circulando entre eles. Porém, para cruzar com primatas,
cutias e pássaros, não é preciso escapulir da capital amazonense.
Na própria cidade de Manaus,
há áreas verdes, chamadas fragmentos ecológicos -nada mais
do que espaços remanescentes de
florestas nativas da região ainda
não derrubadas ou afetadas pela
urbanização-, em que é possível
observar primatas sem ter de recorrer aos passeios na selva. Mas
determinadas espécies só são
avistadas Amazônia adentro.
Em Manaus, é possível ver inesperadamente uma espécie ameaçada de extinção no bairro do
Acariquara (nordeste da cidade),
no bairro do Parque Dez de Novembro, nos arredoores da ex-colônia agrícola dos japoneses e no
Mindu, o único parque público
no centro da região urbana.
Com sorte, vê-se uma família
ainda unida: o sauim-de-coleira
(um tipo de sagüi), que se destaca
por suas características exóticas.
Sua orelha lembra a do Spock do
seriado "Jornada nas Estrelas".
Segundo Marcelo Gordo, professor de ecologia da Universidade Federal do Amazonas, o
sauim-de-coleira pesa de 350 g a
500 g, mede de 20 cm a 30 cm de
altura e possui uma cauda longa
que dá equilíbrio aos movimentos
aéreos entre os galhos de ingás,
cupuaçuzeiros e manguezais.
O bicho possui pêlos castanhos
no corpo, e o nome popular vem
da coleira branca que carrega em
volta do pescoço, como se fosse
uma echarpe felpuda, contrastando com a cor de sua cabeça e cauda, totalmente pretas.
Endêmico da região de Manaus
e de seu entorno, o macaquinho
corre perigo de extinção. Em sua
homenagem e preservação, diversos projetos públicos organizados
por ONGs, por um corpo acadêmico e por entidades públicas lutam para salvar a espécie e outros
animais do extermínio.
Uma das formas de preservação
do sauim-de-coleira e de outras
espécies é garantir a manutenção
dos tais fragmentos ecológicos,
que proporcionam o espaço verde nativo e habitável aos animais
silvestres em Manaus.
Além do parque do Mindu, o
Jardim Botânico Adolpho Ducke,
o campus universitário e as reservas ecológicas do Inpa (Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia) são os principais espaços em
conexão para proteger da extinção essa espécie. Interconectadas,
essas áreas ajudam a frear a urbanização caótica.
Outros primatas, como o macaco-de-cheiro e o macaco-parauacu, que pesam cerca de 500 g e 2
kg, respectivamente, podem ser
vistos também nesses locais. O
macaco-parauacu macho, todo
preto, tem manchas brancas na
cabeça, e a fêmea é acinzentada.
Preguiças e preguiças-reais
(mais raras) dividem o espaço
com aves como araras, pica-paus
e papagaios. Répteis como jacarés-tinja e coroas freqüentam os
igarapés urbanos.
Também são visíveis nessas florestas "urbanas" tracajás (tipo de
tartaruga da região), que convivem com cobras (coral, jararaca),
e outros quadrúpedes, como cutias, cotiaras e esquilos.
O turismo rumo aos hotéis de
selva pode ser um acesso para visitar e conhecer outras espécies,
como o macaco-prego, o macaco-aranha e o macaco-barrigudo,
que só podem ser encontradas em
matas mais densas. Alguns especialistas, porém, criticam a manutenção de primatas nesses hotéis.
Crêem que muitos dos macacos
de cativeiro tornam-se dependentes por receber alimentos e passar
por um processo de "humanização". Crescem nesses locais porque as mães foram caçadas.
Jardim Botânico de Manaus Adolpho
Ducke: rua Uirapuru, s/nº, Parque do
Mindu: rua Perimetral, s/nº.
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