São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

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ARTE PELA PROA

Até novembro, Veneza é a capital da arte

Na 53ª Bienal, o Brasil exibe obras do fotógrafo paraense Luiz Braga e do pintor alagoano Delson Uchôa

Imagem Forum/France Presse
Aspecto da ponte do Rialto (1591) sobre o Grande Canal; na teia formada pelos 115 canais venezianos singram coletivos como o "vaporetto', táxis que são lanchas e gôndolas, movidas a remo

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Se Veneza já é sempre um museu ao ar livre, até o dia 22 de novembro a cidade italiana pode ser considerada a capital mundial da arte. Até esta data estará aberta ao público a 53ª edição da mais tradicional das bienais do planeta (www.labiennale.org), que foi inaugurada em 1895.
Com o tema "Fare Mondi" (fazer mundos), a exposição deste ano, apesar da crise, é a mais ampla já realizada -o que faz dela o avesso da Bienal de São Paulo, realizada no ano passado sob o signo do "vazio".
Em Veneza, a Bienal ocupa dois grandes espaços: os Giardini (jardins) e o Arsenale.
No primeiro concentram-se os tradicionais pavilhões nacionais, entre os quais o do Brasil. Nesses pavilhões, cada país exibe os artistas que escolhe para representá-lo. No caso brasileiro, dois nomes vindos de fora do eixo Rio-São Paulo foram eleitos pelo curador Ivo Mesquita -o fotógrafo paraense Luiz Braga e o pintor alagoano Delson Uchôa.
Ainda que nos Giardini também esteja um pavilhão geral, com trabalhos escolhidos pelos organizadores da mostra, a grande área ocupada pela curadoria da Bienal (a cargo do sueco Daniel Birnbaum) é o Arsenale, um grande galpão que foi, como indica o nome, um arsenal militar em outros tempos.
Embora se possa fazer essa divisão básica entre um espaço destinado às delegações nacionais e outro à seleção de artistas por parte da direção da Bienal, há também nos Giardini um pavilhão geral e, no Arsenale, algumas representações de países que não têm espaçoo próprio -como o Chile e os Emirados Árabes.
Os dois espaços são próximos e o melhor a fazer é circular entre ambos a pé. Aliás, para quem não conhece a cidade, é bom ter em mente que mesmo podendo ser agradável trafegar nos vaporetos (quando não estão abarrotados), os barcos são lentos e param em inúmeras estações.
Uma alternativa é pegar as lanchas que servem de táxi -mas os preços são exorbitantes, definidos ao sabor da vontade dos proprietários. Outra, mais salutar, é a caminhada -que exige um bom mapa na mão, já que a cidade é labiríntica, com ruas estreitas e tortuosas. É fácil se perder.
Há muita coisa interessante para ser vista nos Giardini e no Arsenale. Para quem pode demorar-se, o ideal é destinar pelo menos um dia para cada um desses locais -além de outros para visitar os muitos eventos paralelos que orbitam a Bienal.

O que não perder
Nos Giardini, muitos pavilhões valem a visita, mas pelo menos dois deles são imperdíveis -o dos Estados Unidos e o da Dinamarca (unido ao dos países nórdicos).
No primeiro, a estrela solitária é Bruce Nauman, premiado artista norte-americano que iniciou sua carreira nos anos 60. É autor de obras em neón, vídeos e instalações sonoras, que também ocupam dois outros espaços da cidade. Nauman recebeu o Leão de Ouro de melhor participação nacional.
Os pavilhões dinamarquês e nórdico estão entre os favoritos do público porque criam a casa de um colecionador de arte.
O visitante percorre o ambiente até deparar-se com uma reprodução realista do cadáver do proprietário flutuando na piscina. A obra é assina por dois artistas: Michael Elmgreen e Ingar Dragset.


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