São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Verger clicou imagens do Benin à Bahia

DA REDAÇÃO

"Pierre Verger, aliás, Fatumbi!" No dia 16, não foi por acaso que, ao abrir a exposição "Benin Está Vivo Ainda Lá", no museu Afro Brasil, no parque Ibirapuera (SP), o presidente beninense Thomas Boni Yayi mencionou o etnólogo e fotógrafo, aludindo a seu apelido.
Pierre Edouard Léopold Verger, que nasceu em em 1902 e Paris e, aos 30 anos, em 1932, pôs o pé na estrada: para "escapar da dignidade burguesa".
De volta à África, em 1950, foi "rebatizado" no candomblé e conheceu a nobreza iorubá, etnia presente em países como a Nigéria e o Benin, tornando-se Pierre Fatumbi Verger. Seu nome do meio, aliás, quer dizer "renascido em outra cultura".
Verger clicou a viagem das influências culturais navegando tanto no rumo África- Brasil como no sentido contrário.
Jorge Amado o chamou de "o mais baiano dos franceses", acabou seus dias em 1996, morando em Salvador, numa casinha da ladeira da vila América.
Autodidata, escreveu "Fluxo e Refluxo do Tráfico de Escravos entre o Golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos nos Séculos 17 e 18", obra que lhe rendeu, em 1966, um doutorado na universidade Sorbonne.

Pé na África
Verger chegou à "Cidade da Bahia" em 1946, com um baú de lata e uma câmera Rolleiflex. Já havia estado na África, na ex-URSS e na Polinésia, fazendo fotos para o jornal "Paris Soir" em locais díspares como Japão, EUA, Filipinas, China, Indochina (atual Vietnã) e Camboja.
Tinha em mente escrever sobre a Revolta dos Malés, ocorrida em 1835, um levante de negros muçulmanos que fracassou, com os revoltosos deportados para a África e, curiosamente, levando para lá festas inspiradas em eventos católicos, hábitos alimentares e até técnicas de construir.
Mas, ao chegar a Salvador, não esperava vivenciar um ambiente tão semelhante ao que havia visto no golfo de Benin, com vendedoras de acarajé, festas para Iemanjá, Oxalá e Iansã, além de um poderoso Carnaval.
Hoje, sua obra está guardada na fundação que leva seu nome, no Pelourinho (www.pierreverger.org). (SILVIO CIOFFI)


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