|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Verger clicou imagens do Benin à Bahia
DA REDAÇÃO
"Pierre Verger, aliás, Fatumbi!" No dia 16, não foi por acaso
que, ao abrir a exposição "Benin Está Vivo Ainda Lá", no
museu Afro Brasil, no parque
Ibirapuera (SP), o presidente
beninense Thomas Boni Yayi
mencionou o etnólogo e fotógrafo, aludindo a seu apelido.
Pierre Edouard Léopold Verger, que nasceu em em 1902 e
Paris e, aos 30 anos, em 1932,
pôs o pé na estrada: para "escapar da dignidade burguesa".
De volta à África, em 1950, foi
"rebatizado" no candomblé e
conheceu a nobreza iorubá, etnia presente em países como a
Nigéria e o Benin, tornando-se
Pierre Fatumbi Verger. Seu nome do meio, aliás, quer dizer
"renascido em outra cultura".
Verger clicou a viagem das
influências culturais navegando tanto no rumo África- Brasil
como no sentido contrário.
Jorge Amado o chamou de "o
mais baiano dos franceses",
acabou seus dias em 1996, morando em Salvador, numa casinha da ladeira da vila América.
Autodidata, escreveu "Fluxo
e Refluxo do Tráfico de Escravos entre o Golfo de Benin e a
Bahia de Todos os Santos nos
Séculos 17 e 18", obra que lhe
rendeu, em 1966, um doutorado na universidade Sorbonne.
Pé na África
Verger chegou à "Cidade da
Bahia" em 1946, com um baú de
lata e uma câmera Rolleiflex. Já
havia estado na África, na ex-URSS e na Polinésia, fazendo
fotos para o jornal "Paris Soir"
em locais díspares como Japão,
EUA, Filipinas, China, Indochina (atual Vietnã) e Camboja.
Tinha em mente escrever sobre a Revolta dos Malés, ocorrida em 1835, um levante de negros muçulmanos que fracassou, com os revoltosos deportados para a África e, curiosamente, levando para lá festas
inspiradas em eventos católicos, hábitos alimentares e até
técnicas de construir.
Mas, ao chegar a Salvador,
não esperava vivenciar um ambiente tão semelhante ao que
havia visto no golfo de Benin,
com vendedoras de acarajé, festas para Iemanjá, Oxalá e Iansã,
além de um poderoso Carnaval.
Hoje, sua obra está guardada
na fundação que leva seu nome,
no Pelourinho (www.pierreverger.org).
(SILVIO CIOFFI)
Texto Anterior: Idas e vindas: "Quero fugir da mesmice afro-brasileira" Próximo Texto: Sete de setembro Índice
|