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DE TODAS AS TRIBOS
"Gordíssima", capital da Bahia agrada a "crânios" e praianos
Daqui a duas semanas e um dia começa a temporada de festas de Salvador, que coleciona bons passeios
HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR (BA)
"A Bahia é gordíssima", definiu Manuel Bandeira. "A Bahia
não exclui", ensina Tom Zé.
Na farta capital debruçada na
baía de Todos os Santos convivem todas as vontades. Quem é
de festa faz festa; quem é de
praia vai à praia; quem é de história aprende história. E como
ninguém é uma coisa só, quem
é de praia vai à festa. Quem é de
festa aprende história. E quem
é de história descansa na praia.
Do papo cabeça ao cabeça de
vento, Salvador agrada a "crânios" e praianos.
Desde 1549, Salvador vem
reunindo igrejas, fortes, casarões e solares. Em 1927, a cidade foi visitada por Manuel Bandeira, que escreveu a crônica
"Impressões da Bahia", na qual
reúne impressões sobre a cidade e descrições de seu patrimônio arquitetônico. O Turismo
revisitou os lugares descritos
na crônica, que serve de guia de
viagem para um percorrido
comparativo.
A parte boa: grande parte do
que Bandeira viu ainda pode
ser admirado. A parte ruim:
uma igreja demolida e um solar
desaparecido.
Em 1939, chegava à cidade,
vindo de Irará, no sertão baiano, Tom Zé, que, neste ano, escreveu os textos do livro "Cidades do Brasil - Salvador", com
fotos de Eder Chiodetto.
O músico, um dos criadores
do Tropicalismo, comenta os
comentários de Manuel Bandeira sobre Salvador.
O modernista fala da Cidade
Baixa: "A grande sala de jantar
do Brasil, recesso de intimidade familiar de solar antigo com
jacarandás pesados e nobres".
E o tropicalista confessa "aquele tipo de coisa que ele chamava de sala de jantar do Brasil
era, para mim, o único jeito que
uma cidade poderia ser".
Vivendo em São Paulo, o
baiano Tom Zé concorda com
as sensações do pernambucano
Bandeira: "Eu fico admirado
por uma pessoa de fora dar nome ao que naquele momento
era o trivial, o diário, e hoje é o
banzo da minha ligação de saudades daqueles lugares".
Com os dois livros debaixo
do braço, o visitante pode procurar, então, seu lugar nessa
enorme mesa de jantar.
E vai rolar a festa
Mesa, que, daqui a duas semanas e um dia, começa a ficar
cheia de comensais. No dia 8 de
dezembro, é dada a largada para mais uma temporada de festas na capital baiana. O marco inicial é a
procissão de Nossa Senhora da
Conceição da Praia, que sai dessa igreja ao lado da parte de baixo do elevador Lacerda.
A estação de descida do elevador é, ainda, ponto de partida
para a descoberta da Cidade
Baixa, que se esparrama até a
Ribeira. Menos popular entre
os turistas, essa região não é
menos interessante. Percorrer
o Comércio, visitar a feira de
São Joaquim, tomar um sorvete e ver o pôr-do-sol da ponta
de Humaitá fazem o turista se
sentir menos forasteiro, já que
estará cercado por moradores.
Reaberto
Como se não bastasse, neste
ano, há ainda passeios novos. O
forte São Marcelo, que fica dentro do mar, foi reaberto após
passar quase 40 anos fechado. O plano inclinado Pilar voltou a funcionar
depois de quase 22 anos desativado. Os museus Afrobrasileiro e de Arqueologia e Etnologia ganharam uma nova entrada e agora
se abrem para a praça Terreiro
de Jesus. E até
um cemitério, o Campo Santo,
de 1836, inaugura no mês que
vem, um roteiro guiado pelas
sepulturas.
Rumo ao norte
Para descansar as panturrilhas exaustas de ladeiras acima
e ladeiras abaixo, o indicado é
rumar a norte para pôr as pernas para o alto na Praia do Forte e em Arembepe, que, a menos de uma hora de viagem de
Salvador, conservam areias
tranqüilas.
Heloisa Lupinacci viajou a convite de TAM, Bahia Othon, Planeta Othon e Festival de Verão
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