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ROMARIA LUSA
Caminhos convergem para cidade banhada pelo rio Douro, que percorre 927 km da Espanha ao Atlântico
No Porto, vinho licoroso edificou riquezas
DA ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL
Ouro e prata abundantes, muitas madeiras de lei, cerâmicas e tapeçarias raras. São sinais de riqueza que chamam a atenção do turista que, no Porto, visita igrejas e
museus. Embora sua história remonte à Idade do Bronze (século
8º a.C.), a cidade enriqueceu a
partir do século 15, com o comércio de mercadorias das terras anexadas por Portugal. Do Brasil vieram o ouro e a madeira que edificaram igrejas e palácios, hoje
transformados em museus.
Assim ocorre com a igreja de
São Francisco, na qual o ouro cria
querubins, guirlandas e animais.
O ponto alto é a árvore de Jessé, de
madeira dourada e pintada, esculpida entre 1718 e 1721 por Filipe da
Silva e António Gomes. O tronco
e os galhos apóiam uma coleção
de figuras bíblicas, culminando,
no topo, em Jesus ao lado da Virgem Maria e de são José.
Ao lado da igreja, no lugar do
mosteiro de São Francisco, está o
palácio da Bolsa de Valores, construído por comerciantes da cidade em 1842. O destaque do prédio
é o salão Árabe, repleto de arcos e
de intrincados arabescos.
Fora do centro, o Museu de Arte
Contemporânea Serralves, construído nos anos 30 em estilo art
déco e rodeado por um jardim,
exibe mostras temporárias de artistas portugueses e estrangeiros.
Já o museu do Carro Eléctrico
conta a história dos bondes. Entre
os exemplares conservados, estão
o nº 22, de 1895, primeiro bonde
elétrico da península Ibérica, e o
nº 8, de 1872, puxado a mula.
Terra de Pero Vaz de Caminha,
autor da carta que relatou a descoberta do Brasil, o Porto ganhou
status de cidade cosmopolita com
o tratado de Methuen (1703), firmado entre Portugal e Inglaterra.
Naquele período, a prosperidade foi garantida graças à exportação de vinhos, especialmente do
vinho do Porto, que era trazido do
Alto Douro, em cujas encostas está a região vinícola demarcada
mais antiga do mundo, nos barcos de madeira-os rabelos.
Douro
Há várias maneiras de percorrer
a região vinícola do Douro, demarcada em 1756 pelo marquês
de Pombal, e conhecer as quintas
que promovem degustação de vinho do Porto.
Régua, centro administrativo da
produção do vinho, é o ponto de
partida para seguir de ônibus, carro ou trem. As estradas e a ferrovia tortuosas acompanham muitas vezes o traçado do rio Douro,
onde barcos também levam turistas. Entremeada por cidadezinhas
históricas de casario caiado, com
as montanhas salpicadas de pequenas igrejas barrocas, a região
também prima pela fabricação artesanal de queijos, azeites e pães.
E, se você quiser se tornar um
"especialista" em vinhos, aproveite e pare em Pinhão, localizada a
120 km do Porto.
O Hotel Vintage House
(www.hotelvintagehouse.com)
possui uma "academia do vinho".
Lá, cursos revelam a história do
vinho do Porto, ensinando a diferenciar os vários tipos e indicando
as combinações gastronômicas
possíveis, em provas comentadas.
O vinho do Porto, que herdou seu
nome porque era exportado a
partir de Vila Nova de Gaia, na região da cidade do Porto, remonta
ao vinho que era produzido pelos
franciscanos já nos séculos 11 e 12.
No século 15, com os descobrimentos portugueses, os navios
eram abastecidos com esse vinho,
que muitas vezes chegava alterado ao seu destino. No século 18, a
aguardente vínica passou a ser
adicionada à bebida para estabilizá-la, interrompendo a fermentação e originando um vinho quente e licoroso.
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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