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O navio Rhapsody chega ao porto de Vitória

CHIAKI KAREN TADA
enviada especial à costa brasileira

A primeira coisa a fazer em um cruzeiro é desfazer as malas. Pendurar roupas nos cabides ou colocá-las nas gavetas, enfileirar xampus e escova de dentes no banheiro e guardar a mala vazia em algum canto. É nesse momento que se sente que a viagem começou.
Pois não custa repetir aqui o que quem já fez um cruzeiro diz sobre esse tipo de viagem: que o navio é como um hotel flutuante, que leva o hóspede para os pontos de interesse; que, por isso, não é preciso arrumar as malas em cada cidade; e que os três, sete ou mais dias que dura a viagem também significam um convívio intenso com as pessoas, passageiros mais tripulação, que formam a pequena comunidade sobre o mar.
A temporada 1999/2000 de cruzeiros pela costa brasileira está no seu auge. Todos os anos, de outubro a março, o país recebe navios de luxo que vêm dos EUA ou da Europa, na época em que ventos mais frios levam o inverno aos mares do Hemisfério Norte.
Negócio vantajoso para as empresas que administram cruzeiros e também para o Brasil, as embarcações aproveitam nos mares brasileiros o calor do verão e as festas de fim de ano e de Carnaval para não ficar paradas.
Os navios que vêm para cá têm capacidade para transportar cerca de 800 passageiros e mais 400 tripulantes.
Os roteiros pelo Brasil incluem principalmente os portos do Rio de Janeiro e de Santos, que funcionam como ponto de partida. Desses locais, os navios partem para viagens que duram de três a dez noites.
As mais curtas vão para a região de Angra dos Reis e Parati, e as mais longas, para o Nordeste ou para o sul, na região do Prata (Argentina e Uruguai).
O M/N Rhapsody, da empresa italiana Mediterranean Shipping Cruises, por exemplo, faz viagens de sete noites, do Rio de Janeiro a Salvador, passando por Porto Seguro, Vitória e Búzios. O pacote para esse roteiro custa cerca de US$ 1.100 por pessoa, em cabine dupla interna (sem janelas), e inclui cinco refeições diárias.
Os pacotes para cruzeiros no Brasil, em geral, variam de US$ 300 a US$ 7.000, dependendo da categoria da cabine e do navio.

Imagem moderna
Engana-se quem pensa que os passageiros são exclusivamente pessoas idosas.
A idade da maioria dos turistas nos cruzeiros brasileiros varia de 22 a 45 anos, e crianças acompanhadas dos pais são frequentes. Há navios que transportam até turmas em viagens de formatura.
A imagem clássica de homens de smoking e mulheres envolvidas em brilhos e paetês também não vale para os cruzeiros pela costa brasileira.
Há, sim, noites de gala, onde os mais vaidosos podem exibir seus trajes mais finos, mas não acontecem todos os dias.
O que vale são as roupas leves, como camisetas, shorts, saias e bermudas. Mas não esqueça de levar também uma calça e uma jaqueta, para não ser surpreendido por ventos frios e pela chuva.

Visão privilegiada
Os cruzeiros tornaram-se mais intensos no Brasil após 1995, quando passou a ser permitido que os navios de passageiros de bandeira estrangeira fizessem cabotagem (navegação entre portos brasileiros) pela costa.
Hoje existem, basicamente, três tipos de cruzeiro no país: os que começam na Europa, passam pelo Brasil e seguem para outros territórios, como África; os que ficam na costa e transportam mais turistas estrangeiros; e os que, como o Rhapsody, levam preferencialmente turistas brasileiros.
Os principais navios que se encaixam na última categoria são o M/N Rhapsody, o Costa Marina, o Funchal e o Seabourn Sun. Muitos têm programações especiais, como de Carnaval ou, no caso do Costa Marina, de "fitness".
O navio está preparando, para o cruzeiro que começa no dia 25 de fevereiro, uma série de workshops e aulas de ginástica para o público em geral e profissionais do setor. Outro atrativo dos cruzeiros são as cidades-escalas, onde o passageiro pode pisar em terra firme e passear.
Assim, os cruzeiros são uma boa opção de viagem, geram renda para as cidades portuárias e, seja para o sul ou para o norte, oferecem uma visão privilegiada da costa e do mar brasileiros.