São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 2011

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DEPOIMENTO

Levar seu pet para viajar é se preparar para pedir desculpas

Você também fará promessas a caminho do aeroporto, do tipo: "Eu juro que ele não vai fazer xixi no seu carro"

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

"Desculpe moço, mas é que estou levando um gato".
Se você vai viajar com um bicho, se prepare para começar a pedir desculpas. Você vai se desculpar mesmo sem ter culpas. E fazer promessas envergonhadas do estilo: "Juro que ele não vai fazer xixi no seu carro." Os donos de animais, assim como os pais, são pessoas culpadas.
No aeroporto, a gata Katze se comporta maravilhosamente bem no saguão lotado de Guarulhos. A tiro da caixinha dourada superperua e ela vira uma espécie de Mickey. Todas as crianças correm até mim.
Eu me sinto da equipe de entretenimento contratada pelo aeroporto para animar os pequenos. Claro, as crianças são ótimas. E as mães logo viram suas aliadas. Afinal, você está divertindo os filhos delas que poderiam estar berrando! Importante ter aliados, principalmente quando os executivos começam a te olhar de cara feia.
O que a gata fez assim que o avião levantou voo? Começou a miar desesperadamente, claro, presa na caixa. A cara de ódio de um executivo para mim foi tão feia que olhei para ele e para o resto da plateia e disse séria: "Desculpe, ela vai miar, a companhia aérea autorizou, sinto muito". E enfiei a cara num livro ao mesmo tempo em que tentava me comunicar com a gata dentro da caixa.
"São só 50 minutos", repetia para mim mesma. Até que o piloto fala: "estamos com excesso de tráfego aéreo, o vento não está bom e, por isso, teremos de dar algumas voltas e depois pousar no Galeão". Ponto, a viagem durou mais meia hora.
Peguei um táxi e tirei a pobre coitada da Katze da caixa e a coloquei no meu colo depois de falar: "Desculpe, moço, mas é que eu tô com uma gata etc". O que aconteceu?
Ela fez cocô. É exatamente isso que vocês estão lendo. Ela fez cocô na minha roupa e, além de me sujar inteira, sujou a minha bolsa. Conselho para anotar (da próxima vez, não deixe de levar uma toalha na bolsa de mão e uma muda de roupa).
Sorte. Estava indo para a casa da minha mãe, que me esperou na rua com uma toalha. Na volta, medo! Solução: um veterinário mágico me deu um vidro de um calmante para animais e me mandou dar três gotas para Katze antes do embarque.
Deu tudo errado de novo. O voo atrasou, rodamos horas por cima de Santos. Mas Katze, maravilhosamente dopada, dormiu a viagem inteira. Acordou quando chegamos, mas olhou para o lado e voltou a dormir.
Nada de cocô ou gritaria. Só uma gata meio dopada dentro de casa, trançando as pernas feito uma bêbada e dormindo com a cabeça dentro da minha bolsa.


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