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Sertão é "terra-de-ninguém"
EM MINAS GERAIS
"O sertão é trecho sem-fim de
terra abandonada, intratável, interior distante do que pode ser
concebido como progresso. Até
onde vai o sertão e onde está o seu
início? A ciência procura encontrar e definir os seus limites, mas o
conceito de sertão "terra-de-ninguém" é mais amplo", explica
Cássio Eduardo Viana Hissa, 46,
professor do Departamento de
Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo o professor Hissa, Guimarães constrói em sua obra uma
narrativa geográfica perfeita.
"Por toda a obra literária circulam saberes. Como negar a existência de saberes geográfico, sociológico e ecológico?", questiona.
O professor explica que Cordisburgo é uma espécie de entrada
para o sertão do Estado de Minas
Gerais, cuja paisagem é intensamente descrita na obra de Guimarães Rosa.
As grutas, as lapinhas, as urubuquaras (cavidades pequenas nas
pedreiras onde vivem urubus e
outros pássaros), que se formaram ao longo do tempo devido à
grande quantidade de rios subterrâneos na região, estão sempre
presentes no livros.
O cerrado, marcado por suas árvores retorcidas, secas (no período de poucas chuvas) e esparsas, é
citado em diversos contos, como
"Buriti" (do livro "Noites do Sertão"), "São Marcos" (em que um
cego descreve a paisagem), "Sarapalha" e "O Burrinho Pedrês" (estes últimos da obra "Sagarana").
Existem ainda as veredas (cursos de água orlados de buritis, especialmente na zona do rio São
Francisco), oásis do sertão descrito no livro "Grande Sertão: Veredas".
(GR e AR)
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