São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2001

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Sertão é "terra-de-ninguém"

EM MINAS GERAIS

"O sertão é trecho sem-fim de terra abandonada, intratável, interior distante do que pode ser concebido como progresso. Até onde vai o sertão e onde está o seu início? A ciência procura encontrar e definir os seus limites, mas o conceito de sertão "terra-de-ninguém" é mais amplo", explica Cássio Eduardo Viana Hissa, 46, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo o professor Hissa, Guimarães constrói em sua obra uma narrativa geográfica perfeita.
"Por toda a obra literária circulam saberes. Como negar a existência de saberes geográfico, sociológico e ecológico?", questiona.
O professor explica que Cordisburgo é uma espécie de entrada para o sertão do Estado de Minas Gerais, cuja paisagem é intensamente descrita na obra de Guimarães Rosa.
As grutas, as lapinhas, as urubuquaras (cavidades pequenas nas pedreiras onde vivem urubus e outros pássaros), que se formaram ao longo do tempo devido à grande quantidade de rios subterrâneos na região, estão sempre presentes no livros.
O cerrado, marcado por suas árvores retorcidas, secas (no período de poucas chuvas) e esparsas, é citado em diversos contos, como "Buriti" (do livro "Noites do Sertão"), "São Marcos" (em que um cego descreve a paisagem), "Sarapalha" e "O Burrinho Pedrês" (estes últimos da obra "Sagarana").
Existem ainda as veredas (cursos de água orlados de buritis, especialmente na zona do rio São Francisco), oásis do sertão descrito no livro "Grande Sertão: Veredas". (GR e AR)




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