São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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OUTONO EM WASHINGTON

Museu que abriga obras datadas da Idade Média ao século 20 merece pelo menos um dia

Pressa frustra visita a galeria de Arte

DA ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

Nem adianta entrar na Galeria Nacional de Arte para dar só uma passada rápida. Caso o seu tempo esteja limitado, é melhor você olhar o mapinha distribuído na entrada e já escolher de antemão em qual tema pretende se concentrar para diluir a frustração.
Quem gosta de escultura, por exemplo, pode ficar uma tarde inteira passeando pelo subsolo da galeria, reaberto em setembro deste ano, e se deliciar com os bustos de Rodin, as bailarinas e os cavalos de Degas, além das figuras sacras moldadas pelos italianos no século 15.
Também faz parte da galeria o belo Jardim das Esculturas, cujo rinque de patinação no gelo, aberto até o dia 15 de março, anima a garotada.
Pais e filhos se divertem com obras como a "Aranha" (1996), de Louise Bourgeois, peça que é parente do aracnídeo atualmente exposto no MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo e que a artista francesa radicada nos EUA concebeu para explicar sua relação com a mãe; ou a colorida "Casa 1" (1996-1998), de Roy Lichtenstein, por cuja janela é quase irresistível dar uma espiada.
O mesmo artista, conhecido por suas pinturas baseadas em anúncios publicitários e histórias em quadrinhos, engana o visitante, já na área de pintura moderna e contemporânea da galeria, com seu quadro "Coisas na Parede" (1973), cujos objetos, como um pincel, uma ferradura e uma carta de baralho, parecem realmente estar pendurados numa moldura.
Próximo dali, só dá para perceber que a velha retratada em "Fanny/Finger-Painting" (1985), de Chuck Close, foi toda concebida em impressões digitais quando se chega bem perto da tela. O retrato, da avó do artista, revela cada ruga de expressão do seu rosto.
Também vale frisar os expoentes consagrados da seção, como Andy Warhol, Alexander Calder, Paul Matisse e Pablo Picasso.
Todas essas obras modernas e contemporâneas do século 20 ficam no edifício leste (East Building), conectado com o oeste por uma passagem subterrânea.
O oeste, o prédio principal da galeria, abriga obras datadas desde a Idade Média até o século 19.
As salas são separadas por nacionalidade e época, e o visitante pode melhor compreender as obras utilizando guias em áudio ou consultando pequenos quadros móveis com textos, disponíveis dentro das salas em várias línguas (mas não em português).
É possível descobrir, por exemplo, que Paul Cézanne manifesta a relação conflituosa que tinha com o seu progenitor em "O Pai do Artista" (1866), sentando-o precariamente na ponta da poltrona.
A Galeria Nacional de Arte de Washington ainda abriga obras de Claude Monet, Auguste Renoir, Vincent van Gogh, Rubens, Rembrandt van Rijn, El Greco e Raphael. O museu ainda exibe o único Leonardo da Vinci das Américas, o "Ginevra de" Benci", concebido quando o pintor tinha apenas 22 anos.
Como se vê, mesmo um dia todo de visita pode ser insuficiente.
(MARISTELA DO VALLE)

Galeria Nacional de Arte - 6th e Constitution Av., tel. local 202/737-4215, site www.nga.gov. Funciona de segunda a sábado, das 10h às 17h, e aos domingos, das 11h às 18h. Entrada gratuita.


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