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OUTONO EM WASHINGTON
Museu que abriga obras datadas da Idade Média ao século 20 merece pelo menos um dia
Pressa frustra visita a galeria de Arte
DA ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON
Nem adianta entrar na Galeria
Nacional de Arte para dar só uma
passada rápida. Caso o seu tempo
esteja limitado, é melhor você
olhar o mapinha distribuído na
entrada e já escolher de antemão
em qual tema pretende se concentrar para diluir a frustração.
Quem gosta de escultura, por
exemplo, pode ficar uma tarde inteira passeando pelo subsolo da
galeria, reaberto em setembro
deste ano, e se deliciar com os
bustos de Rodin, as bailarinas e os
cavalos de Degas, além das figuras
sacras moldadas pelos italianos
no século 15.
Também faz parte da galeria o
belo Jardim das Esculturas, cujo
rinque de patinação no gelo, aberto até o dia 15 de março, anima a
garotada.
Pais e filhos se divertem com
obras como a "Aranha" (1996), de
Louise Bourgeois, peça que é parente do aracnídeo atualmente
exposto no MAM (Museu de Arte
Moderna) de São Paulo e que a artista francesa radicada nos EUA
concebeu para explicar sua relação com a mãe; ou a colorida "Casa 1" (1996-1998), de Roy Lichtenstein, por cuja janela é quase
irresistível dar uma espiada.
O mesmo artista, conhecido por
suas pinturas baseadas em anúncios publicitários e histórias em
quadrinhos, engana o visitante, já
na área de pintura moderna e
contemporânea da galeria, com
seu quadro "Coisas na Parede"
(1973), cujos objetos, como um
pincel, uma ferradura e uma carta
de baralho, parecem realmente
estar pendurados numa moldura.
Próximo dali, só dá para perceber que a velha retratada em
"Fanny/Finger-Painting" (1985),
de Chuck Close, foi toda concebida em impressões digitais quando
se chega bem perto da tela. O retrato, da avó do artista, revela cada ruga de expressão do seu rosto.
Também vale frisar os expoentes consagrados da seção, como
Andy Warhol, Alexander Calder,
Paul Matisse e Pablo Picasso.
Todas essas obras modernas e
contemporâneas do século 20 ficam no edifício leste (East Building), conectado com o oeste por
uma passagem subterrânea.
O oeste, o prédio principal da
galeria, abriga obras datadas desde a Idade Média até o século 19.
As salas são separadas por nacionalidade e época, e o visitante
pode melhor compreender as
obras utilizando guias em áudio
ou consultando pequenos quadros móveis com textos, disponíveis dentro das salas em várias línguas (mas não em português).
É possível descobrir, por exemplo, que Paul Cézanne manifesta a
relação conflituosa que tinha com
o seu progenitor em "O Pai do Artista" (1866), sentando-o precariamente na ponta da poltrona.
A Galeria Nacional de Arte de
Washington ainda abriga obras
de Claude Monet, Auguste Renoir, Vincent van Gogh, Rubens,
Rembrandt van Rijn, El Greco e
Raphael. O museu ainda exibe o
único Leonardo da Vinci das
Américas, o "Ginevra de" Benci",
concebido quando o pintor tinha
apenas 22 anos.
Como se vê, mesmo um dia todo de visita pode ser insuficiente.
(MARISTELA DO VALLE)
Galeria Nacional de Arte - 6th e Constitution Av., tel. local 202/737-4215, site
www.nga.gov. Funciona de segunda a
sábado, das 10h às 17h, e aos domingos,
das 11h às 18h. Entrada gratuita.
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