São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2000

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PARIS "CHIC"

Oásis da cultura latina, restaurante Favela Chic divulga o Brasil na França e lança CDs com sua "trilha sonora"

Bom astral lota bar brasileiro toda noite

CLAUDIA ASSEF
DE PARIS

Mais do que servir caipirinha e feijoada a preços razoáveis, o Favela Chic, restaurante-bar brasileiro que funciona há cinco anos no centro de Paris, é uma espécie de divulgador do Brasil na França. "Não queremos ser um lugar exótico para atrair estrangeiros, muito menos ser um local que sirva para os brasileiros que estão longe de casa matarem a saudade do Carnaval", diz a idealizadora do Favela Chic, a paranaense Rosane Mazzer, 34.
Rosane, que chegou a Paris há dez anos para "buscar uma identidade cultural" no país, conseguiu montar, junto com dois sócios -o francês Jerome Pijeon, seu marido, e o brasileiro Jorge Nasi- um oásis cool na cidade.
O salão, com capacidade para 300 pessoas, costuma lotar todas as noites. Nos fins-de-semana, as filas para entrar são inevitáveis.
Do lado de dentro, a decoração que combina peças descoladas e ornamentos kitsch destoa dos outros bares da cidade.
Pelo menos deve ser difícil encontrar imagens de santos e quadros retratando índias lascivas enfeitando as paredes de algum outro bar de Paris. "Acho que o que realmente atrai as pessoas é o astral bom, além da energia musical do lugar", avalia Rosane.
Para tomar conta dos pick-ups, ela convocou três DJs (Gringo da Parada, Mister Zero e Tchicky Al Dente) "não-brasileiros".
"Eles conseguem misturar coisas brasileiras com sons modernos, sem preconceitos", diz Rosane. O resultado é uma seleção de músicas que abre espaço igual para house, drum'n'bass, samba, rock e ritmos latinos.
A resposta dos frequentadores ultrapassa a pequena pista do Favela. A maioria das pessoas dança mesmo em cima das cadeiras ou até sobre as mesas do restaurante.

Eurodisney e feijoada
Em 1995, Rosane abriu um pequeno restaurante de comida brasileira, com capacidade para atender cerca de 40 pessoas.
A comida baiana da cozinheira Dinha, que havia trabalhado na França na casa de diplomatas brasileiros, começou a fazer sucesso. Dinha até hoje pilota a cozinha do Favela Chic.
Rosane, que se formou no Brasil em propaganda e marketing, havia acabado de deixar um emprego na Eurodisney, onde trabalhara durante dois anos na área de marketing. "Saí de lá porque tive uma overdose de "american way". Vim para a Europa exatamente para fugir disso", diz.
Além da comida, o Favela Chic começou a ficar famoso por abrigar shows underground de todas as nacionalidades.
"Desde o início, abri espaço para músicos árabes, africanos, brasileiros. Gente de qualidade que não tinha espaço para tocar em Paris", diz Rosane.
A partir de março de 2001, a "marca" Favela Chic deverá ficar mais conhecida, sobretudo fora de Paris. A gravadora BMG fechou contrato com a casa para lançar CDs com a "trilha sonora" do bar. Vai ser a chance de as pessoas entenderem por que o lema do Favela Chic é "Desordem e Progresso", sem nem mesmo ter que viajar para Paris.


FAVELA CHIC - 18, Rue du Faubourg du Temple, tel. 00/xx/33/1/4021-3814, Paris (www.favelachic.com). Funciona de segunda a sábado, a partir das 22h.


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