São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2001

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ENERGIA NA CAATINGA

Com provável privatização da hidrelétrica, município diversifica economia

Luiz Hossaka/Coleção Masp
Representada no óleo (à esq.) saído do cavalete de Frans Post, em 1649, a paisagem da cachoeira de Paulo Afonso foi inundada e deixou de existir no século 20. A região do médio rio São Francisco, que foi parte do Brasil holandês e já integrou os territórios pernambucano e alagoano, não perdeu, no entanto, o seu encanto turístico


Paulo Afonso põe força no turismo

LUCIANA PINSKY
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Vegetação de caatinga, uma bela formação rochosa em montes e serras, o rio São Francisco e hidrelétricas gigantescas fazem de Paulo Afonso um destino turístico interessante. Só agora, porém, a cidade aposta no seu potencial para atrair visitantes.
O município do semi-árido baiano é sede de boa parte da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) e, graças ao potencial energético do São Francisco, Paulo Afonso cresceu, tem cerca de 96 mil habitantes e é a 19ª economia do Estado.
Durante quase quatro décadas, a cidade viveu em função das imensas hidrelétricas que foram sendo construídas até a década de 90. Hoje, porém, com a possibilidade de privatização do complexo, Paulo Afonso procura diversificar sua economia.
A primeira aposta é na criação de peixes (tilápias) e a segunda é, enfim, o turismo. As imensas cachoeiras já encantaram o imperador dom Pedro 2º e o poeta Castro Alves. Ambos ficaram admirados com a força das águas, hoje represadas para geração de energia.
Mesmo com as comportas fechadas e a água minguada, não será difícil convencer ecoturistas e amantes dos esportes radicais a conhecer a cidade.
O cânion do rio São Francisco, passeios de catamarã no rio, caminhadas na caatinga e, para os que gostam de emoções mais fortes, esportes como bungee jump, rapel e tirolesa fazem de Paulo Afonso um destino único.
A concepção da cidade é uma atração à parte: ela foi transformada em uma ilha cercada por lagos artificiais para amenizar um pouco o calor.
Apesar de pertencer oficialmente à Bahia, o município é diferente de qualquer outro destino turístico do Estado. Tanto no sotaque como na paisagem e mesmo na culinária, ele apresenta um tempero próprio.
Faz fronteira com Alagoas (Delmiro Gouveia), Sergipe (Canindé do São Francisco) e Pernambuco (Jatobá). E fica mais distante de Salvador (480 km) do que de Aracaju (280 km), Maceió (380 km) e Recife (460 km).
Quem espera, portanto, comer acarajé com vatapá quebra a cara. Os pratos típicos são à base de surubim e capão (lembra a galinha caipira, com a carne mais dura). E agora a tilápia, produzida na região, começa a aparecer na mesa.
As histórias do cangaço também são típicas. Admirado e temido, Lampião é cantado em verso e prosa pelos moradores. Existe até um grupo folclórico em homenagem ao cangaceiro.
Reza a lenda que Lampião e seu bando se escondiam na gruta Furna dos Morcegos, avistada do mirante do teleférico, já em terras da Chesf. Quem se aventura a fazer rapel no bondinho tem uma visão ainda mais deslumbrante do possível esconderijo do bandido.



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