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ENERGIA NA CAATINGA
Com provável privatização da hidrelétrica, município diversifica economia
Luiz Hossaka/Coleção Masp
![](../images/x2602012001.jpg) |
Representada no óleo (à esq.) saído do cavalete de Frans Post, em 1649, a paisagem da cachoeira de Paulo Afonso foi inundada e deixou de existir no século 20. A região do médio rio São Francisco, que foi parte do Brasil holandês e já integrou os territórios pernambucano e alagoano, não perdeu, no entanto, o seu encanto turístico |
Paulo Afonso põe força no turismo
LUCIANA PINSKY
FREE LANCE PARA A FOLHA
Vegetação de caatinga, uma bela
formação rochosa em montes e
serras, o rio São Francisco e hidrelétricas gigantescas fazem de Paulo Afonso um destino turístico interessante. Só agora, porém, a cidade aposta no seu potencial para
atrair visitantes.
O município do semi-árido
baiano é sede de boa parte da
Chesf (Companhia Hidro Elétrica
do São Francisco) e, graças ao potencial energético do São Francisco, Paulo Afonso cresceu, tem
cerca de 96 mil habitantes e é a 19ª
economia do Estado.
Durante quase quatro décadas,
a cidade viveu em função das
imensas hidrelétricas que foram
sendo construídas até a década de
90. Hoje, porém, com a possibilidade de privatização do complexo, Paulo Afonso procura diversificar sua economia.
A primeira aposta é na criação
de peixes (tilápias) e a segunda é,
enfim, o turismo. As imensas cachoeiras já encantaram o imperador dom Pedro 2º e o poeta Castro
Alves. Ambos ficaram admirados
com a força das águas, hoje represadas para geração de energia.
Mesmo com as comportas fechadas e a água minguada, não
será difícil convencer ecoturistas e
amantes dos esportes radicais a
conhecer a cidade.
O cânion do rio São Francisco,
passeios de catamarã no rio, caminhadas na caatinga e, para os
que gostam de emoções mais fortes, esportes como bungee jump,
rapel e tirolesa fazem de Paulo
Afonso um destino único.
A concepção da cidade é uma
atração à parte: ela foi transformada em uma ilha cercada por lagos artificiais para amenizar um
pouco o calor.
Apesar de pertencer oficialmente à Bahia, o município é diferente
de qualquer outro destino turístico do Estado. Tanto no sotaque
como na paisagem e mesmo na
culinária, ele apresenta um tempero próprio.
Faz fronteira com Alagoas (Delmiro Gouveia), Sergipe (Canindé
do São Francisco) e Pernambuco
(Jatobá). E fica mais distante de
Salvador (480 km) do que de Aracaju (280 km), Maceió (380 km) e
Recife (460 km).
Quem espera, portanto, comer
acarajé com vatapá quebra a cara.
Os pratos típicos são à base de surubim e capão (lembra a galinha
caipira, com a carne mais dura). E
agora a tilápia, produzida na região, começa a aparecer na mesa.
As histórias do cangaço também são típicas. Admirado e temido, Lampião é cantado em verso e prosa pelos moradores. Existe até um grupo folclórico em homenagem ao cangaceiro.
Reza a lenda que Lampião e seu
bando se escondiam na gruta Furna dos Morcegos, avistada do mirante do teleférico, já em terras da
Chesf. Quem se aventura a fazer
rapel no bondinho tem uma visão
ainda mais deslumbrante do possível esconderijo do bandido.
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