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À LUZ DO IMPRESSIONISMO
Pintor afastou Monet do academicismo ao aconselhá-lo retratar a natureza como ela é
Rio preserva os 'céus precisos' de Boudin
especial para a Folha
"É sempre
com prazer que
vejo seus desenhos; são divertidos, ágeis e inventivos. Você
tem talento, mas
espero que não
fique apenas nas caricaturas. Estude, aprenda a ver e a pintar. O céu,
o mar, os animais, as pessoas e as
árvores são tão belos como a natureza os criou, com sua verdadeira
maneira de ser, na luz e no ar."
Foi assim que, lembraria Claude
Monet, o pintor Louis Eugène
Boudin se expressou no momento
em que se conheceram, por volta
de 1857, em Le Havre, na França.
Era o início de uma amizade que
tiraria Monet, 17, que se dedicava à
caricatura, do caminho da arte
acadêmica, como desejavam seus
pais, e o colocaria na temerária trilha daquela pintura nova da qual
Boudin, 34, foi um dos principais
precursores, o impressionismo.
A mostra de Monet é um bom
pretexto para lembrar que um dos
mais importantes acervos de Boudin, somente superado por coleções de museus de Honfleur e Le
Havre, está no Rio de Janeiro.
São 20 pinturas doadas em 1922
pelos barões de São Joaquim à Escola Nacional de Belas-Artes e incorporadas ao Museu Nacional de
Belas-Artes. Os barões (José Francisco Bernardes e Joaquina de Oliveira de Araújo Gomes) viveram
muitos anos em Paris, onde adquiriram obras de arte -a doação ao
MNBA incluiu mais 40 peças.
Ao contrário dos colecionadores
do século 19, atentos só ao gosto
oficial, foram sensíveis à arte que
lutava contra a ordem estética estabelecida, como a de Boudin.
Louis Eugène Boudin (1824-
1890) começou a pintar sob a influência de Millet e Troryon.
Mais tarde, ligou-se a Corot e a
Coubert e logo descobriu, sensível
à luz, a necessidade de trabalhar ao
ar livre. As cenas do campo e, principalmente, de mar contribuíram
para a sua fama, que chegou tarde.
Segundo Raymond Cogniat, pintou menos a paisagem ou as figuras, e mais a "maneira pela qual
recebem a luz e dela vivem".
Quadros como "Honfleur - O
Porto" e o "Vale do Rio Touques
- Vacas no Prado", no acervo do
MNBA, mostram a força dos céus
que pintou. Corot dizia que Boudin era o "rei dos céus", e Coubert garantia que só ele os conhecia. Para Baudelaire, eram quadros
tão precisos que, por eles, podiam-se "adivinhar a estação, a
hora e o vento". Em 1874, Boudin
participou da primeira mostra dos
impressionistas.
(Federico Mengozzi).
Museu Nacional de Belas-Artes: av. Rio
Branco, 199, tel. (021) 240-0068, Rio de
Janeiro. Aberto de terça a sexta, das 10h
às 18h, e sábados e domingos, das 14h às
18h. Ingresso: R$ 1
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