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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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Deuses se embeveceriam na península

DO ENVIADO ESPECIAL

A península do Cabo divide o oceano Atlântico do Índico, como um dedo mindinho deslizando entre os cabelos de Netuno. O deus dos mares não se desapontaria se ficasse uns dias na Cidade do Cabo. Poderia se entregar aos prazeres do vinho, cultivado ali há mais de 300 anos, após huguenotes franceses terem trazido as uvas.
Com dinheiro brasileiro no bolso, Netuno poderia fazer compras no Victoria & Alfred Waterfront, que um dia foi o armazém do porto. São lojas, cinemas, restaurantes e hotéis conectados por passarelas próximas a navios que usam o porto.
Por fim, Netuno poderia ir à montanha da Mesa, que cerca a cidade rasgando as nuvens, ou atravessar as baías e os vilarejos ao longo da península até o cabo da Boa Esperança. Ele ficaria interessado em saber que nessa região se estabeleceu, em 1792, um comércio de produtos derivados da baleia Right (justa), que deve seu nome ao fato de ser adequada para a caça, pois tem gordura rentável, nada lentamente e bóia quando morre. Chegou à beira da extinção, mas é protegida desde 1940. No Museu Sul-Africano, há um esqueleto da baleia no teto e, numa cápsula, seus sons estão registrados. Eles lembram as notas interrompidas e ressoantes que outro deus, Miles Davis, tirou do seu trompete. (VS)

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