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Deuses se embeveceriam na península
DO ENVIADO ESPECIAL
A península do Cabo divide o oceano Atlântico do Índico, como um dedo mindinho deslizando entre os cabelos de Netuno. O deus dos
mares não se desapontaria
se ficasse uns dias na Cidade
do Cabo. Poderia se entregar
aos prazeres do vinho, cultivado ali há mais de 300 anos,
após huguenotes franceses
terem trazido as uvas.
Com dinheiro brasileiro
no bolso, Netuno poderia fazer compras no Victoria &
Alfred Waterfront, que um
dia foi o armazém do porto.
São lojas, cinemas, restaurantes e hotéis conectados
por passarelas próximas a
navios que usam o porto.
Por fim, Netuno poderia ir
à montanha da Mesa, que
cerca a cidade rasgando as
nuvens, ou atravessar as
baías e os vilarejos ao longo
da península até o cabo da
Boa Esperança. Ele ficaria
interessado em saber que
nessa região se estabeleceu,
em 1792, um comércio de
produtos derivados da baleia Right (justa), que deve
seu nome ao fato de ser adequada para a caça, pois tem
gordura rentável, nada lentamente e bóia quando morre. Chegou à beira da extinção, mas é protegida desde
1940. No Museu Sul-Africano, há um esqueleto da baleia no teto e, numa cápsula,
seus sons estão registrados.
Eles lembram as notas interrompidas e ressoantes que
outro deus, Miles Davis, tirou do seu trompete. (VS)
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