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CARIBE DE SALTO ALTO
Escassez de riquezas garantiu convivência pacífica
Invisível, linha divide St. Martin de Sint Maarten
DO ENVIADO ESPECIAL A ST. MARTIN
Como seria um mundo sem
barreiras? Em St. Martin, entre
França e Holanda, não há fronteira, e não se perceberia a linha de
demarcação se não fosse pela mudança de paisagem.
No sul: a parte holandesa, chamada de Sint Maarten, é um tanto
descuidada.
As estradas versam em piores
condições. O porto de Philipsburg, a capital, recebe milhares de
visitantes estrangeiros que descem de navios de cruzeiros que ali
aportam.
No norte: a parte francesa, ou
Saint Martin, é moldada por um
turismo mais elitizado, que se
hospeda em hotéis devotos do luxo. O porto da capital, Marigot,
mantém sua tranqüila elegância e
uma escolha invulgar de bares e
restaurante.
Bons vizinhos
Na ausência de riquezas pelas
quais brigar, a convivência pacífica na ilha não é recente nem foi
difícil. "Que o francês e o holandês vivam como amigos e aliados
sem que ninguém, seja de um lado, seja de outro, possa interferir
sem a violação desse Acordo. Se
inimigos atacam um lado ou outro da ilha, os signatários serão
obrigados a ajudar e suportar a
parte atacada." Luís 14, o Rei Sol,
tinha apenas dez anos, era 1648.
As duas colônias faziam o que
podiam para se manter como
postos avançados de seus reinos.
A vida não era fácil, o terreno
era árido, e o centro da ilha, impenetrável.
A maior preocupação das comunidades era a conservação da
água pluvial, já que a ilha não tem
rios nem nascentes de água doce.
Com poucos altos e baixos e um
breve período de ocupação espanhola, o tratado de convivência
pacífica vingou até hoje.
Moinhos de pedra para o sal
ainda hoje se encontram no interior. O sal era o maior recurso da
ilha e era vendido pelos holandeses: tinham mais talento para o
comércio. Tentou-se, em vão, cultivar cana-de-açúcar, tabaco e índigo (que servia para tingir os tecidos de azul).
Escravos foram trazidos para isso, mas ninguém na ilha se tornou
rico. Foi a partir do século 20 que
o turismo se impôs como fonte de
renda. Única, mas generosa.
Volta à ilha
Graças ao turismo, antigos emigrantes voltaram para a ilha, e novos habitantes chegaram vindos
do velho continente para abrir seu
próprio negócio.
Futebol é o esporte mais popular, e, como em outras ilhas caribenhas, os ilhéus são poliglotas:
alem de francês e holandês, falam
inglês, espanhol, crioulo e entendem o papiamento (mistura de
todas as línguas anteriores, e mais
algumas outras,
usadas em certas
ilhas caribenhas).
Embora não sejam os primeiros
beneficiados pela
indústria do turismo, eles desfrutam dos sistemas
francês e holandês
de escolas e hospitais públicos e não
conhecem a miséria de países vizinhos, como a Jamaica.
Recentemente,
graças à descoberta de túmulos funerários, foi demonstrada a presença de um povo
indígena anterior
à chegada dos europeus e provavelmente exterminado por estes.
Não se sabe ao certo se moravam
ou se apenas passavam por ali.
O problema da água doce foi resolvido com uma central para a
dessalinização. Embora não exista restrição para clientes dos hotéis, quando o consumo individual dos ilhéus supera os 36m3 no
mês, a conta triplica.
Um por um
Dólares são aceitos tanto quanto euros e geralmente trocados
um por um. Assim, os americanos, que representam a maioria
dos visitantes (e também estão
mais próximos geograficamente),
não se sentem prejudicados.
A Fatoria da Loteria vale uma
visita. Foi ganha em sorteio por
um inglês que para ela se mudou,
com família e escravos, no século
18. Fez uma plantação de cana-de-açúcar que, porém, não durou
muito tempo. Alguns anos atrás,
um surfista norte-americano
comprou os 50 hectares da fazenda e os transformou (sem subsídio público, como gosta de sublinhar) em parque para preservar a
mata tropical nativa.
Entre as muitas praias da ilha,
aquela de Cupecoy tornou-se
ponto de encontro GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) e nudistas.
(VINCENZO SCARPELLINI)
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