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FIM DE SEMANA / CORPUS CHRISTI
Tapetes de serragem, de flores e de sal das procissões de Corpus Christi rendem ida a cidades próximas a capitais neste dia de folga
Feriado adorna ruas de pequenas cidades
JULIANA DORETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Apesar de o feriado convidar ao
não fazer nada, a data religiosa comemorada hoje, dia 26, pode valer um pulinho ao interior. Os tapetes que se estendem sob os pés
de sacerdotes, portadores da hóstia consagrada, fazem das procissões do Corpus Christi cortejos de
encher as ruas e os olhos.
Para ver de perto os voláteis trabalhos de serragens e flores, não é
preciso se afastar nem 200 km das
capitais. Cidades como Santana
de Parnaíba, em São Paulo, a mineira Sabará e Cabo Frio, no Rio,
são alguns dos municípios que
ainda seguem a tradição, iniciada
em 1264.
Nesse ano, no dia 11/8, a festa
(que significa corpo de Cristo, em
latim) foi instituída na Igreja Católica pelo papa Urbano 4º. O
pontífice atendeu ao pedido da
freira belga Juliana Comillon, que,
em 1192, disse ter tido visões em
que Cristo pedia a comemoração
da eucaristia (um dos sacramentos da igreja, em que se crê que Jesus Cristo se torna presente no
pão, consagrado na missa).
A data é celebrada sempre na
primeira quinta-feira após a festa
da Santíssima Trindade, que, por
sua vez, é realizada 50 dias depois
do domingo de Páscoa.
Herança do além-mar
Já os tapetes são uma herança
ibérica. Em Portugal, há notícias
de que os cortejos de Corpus
Christi já ocorriam com pompa e
muitos enfeites desde o século 13
(ou seja, concomitantemente à
instituição da data). O costume
foi mantido na colônia, conforme
relata uma carta do padre Manoel
da Nóbrega datada de agosto de
1549 -na verdade, a primeira
procissão realizada em Salvador.
Mas a origem da tradição ainda
não é certa. "O tapete é uma homenagem que se presta à presença de Jesus e sempre foi muito
usado no interior das igrejas. Estendê-lo sobre as ruas é uma forma de fazer que a celebração continue pela cidade", diz monsenhor Dario Bevilacqua, 73, porta-voz da arquidiocese de São Paulo.
Outra hipótese é a de que as ruas
enfeitadas remetam à entrada de
Jesus na cidade de Jerusalém, antes de sua morte. "Nesse dia, o povo estendeu palmas e ramos de
oliveira no chão para que Jesus
passasse, como um grande rei",
diz o teólogo e ouvidor da PUC
(Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, Fernando Altemeyer Jr., 48.
Já a mudança dos tapetes comuns para aqueles feitos com serragem pode ter sido apenas pela
praticidade, "já que o material é
mais fácil de ser obtido", arrisca
Altemeyer.
Em algumas cidades mineiras,
como Catas Altas,
os enfeites invadem as janelas das
casas: colchas, vasos e flores adornam os peitoris. "Isso lembra as
ruas coloniais, em que as roupas
eram penduradas para a secagem
e nesse dia recebiam ornamentos", diz Altemeyer.
Já no Rio de Janeiro, na região
dos Lagos, em Araruama, Cabo
Frio e Saquarema, o que forra as
ruas é sal grosso colorido -por
ser abundante na região.
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