São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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"GOLDEN GATE"
Escritores declararam seu amor à cidade que foi capital da contracultura e atrai pela diversidade
Bondes, desejos e poetas passam zunindo

SÉRGIO DÁVILA
enviado especial a San Francisco

Em 1950, o poeta Dylan Thomas (1914-1953) escreveu a seguinte carta a sua mulher, Caitlin: "Você não acreditaria que um lugar como San Francisco pudesse existir. A maravilhosa luz do sol daqui, as colinas, as grandes pontes, o Pacífico a seus pés. A bela Chinatown. Todos os tipos do mundo. Os cardumes de sardinha. Os pequenos bondes zunindo ladeira abaixo. As lagostas, os mariscos, os caranguejos. Oh, Cat, que comida para você. Todos os tipos de frutos do mar estão aqui. E todo mundo é amigável e simpático... Você vai adorar. Eu morro de saudade, mas amo isso aqui, estou desesperado com sua falta, mas sei que nós, juntos, viveremos aqui. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo".
O escritor que inspirou o músico Bob Dylan a mudar de nome poderia ter juntado à sua lista a ponte Golden Gate, que olha para você impávida e laranja. O fog, que pega o transeunte de surpresa no meio do dia. Os cenários do escritor Dashiel Hammett.
E também -por que não?- a possibilidade sempre presente de um terremoto. Os inúmeros mendigos (em concentração maior do que a da praça da Sé, em São Paulo), na maioria ex-hippies e atuais junkies, com seus cartazes engraçados (um deles dizia: "Faltam 25 centavos para eu pagar o resgate de minha mulher"). E o vento.
É a terra em que o movimento beat (no final dos anos 50), a contracultura (nos anos 60) e o gay power (nos anos 70) escolheram para se revelar ao mundo.
Como escreveu Dylan Thomas a sua mulher, "você vai adorar".


Sérgio Dávila, editor da Ilustrada, viajou a convite da Via MC Intercâmbio.


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