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"GOLDEN GATE"
Escritores declararam seu amor à cidade que foi capital da contracultura e atrai pela diversidade
Bondes, desejos e poetas passam zunindo
SÉRGIO DÁVILA
enviado especial a San Francisco
Em 1950, o poeta Dylan Thomas
(1914-1953) escreveu a seguinte
carta a sua mulher, Caitlin: "Você
não acreditaria que um lugar como San Francisco pudesse existir.
A maravilhosa luz do sol daqui, as
colinas, as grandes pontes, o Pacífico a seus pés. A bela Chinatown.
Todos os tipos do mundo. Os cardumes de sardinha. Os pequenos
bondes zunindo ladeira abaixo.
As lagostas, os mariscos, os caranguejos. Oh, Cat, que comida para
você. Todos os tipos de frutos do
mar estão aqui. E todo mundo é
amigável e simpático... Você vai
adorar. Eu morro de saudade,
mas amo isso aqui, estou desesperado com sua falta, mas sei que
nós, juntos, viveremos aqui. Eu te
amo. Eu te amo. Eu te amo".
O escritor que inspirou o músico Bob Dylan a mudar de nome
poderia ter juntado à sua lista a
ponte Golden Gate, que olha para
você impávida e laranja. O fog,
que pega o transeunte de surpresa
no meio do dia. Os cenários do escritor Dashiel Hammett.
E também -por que não?- a
possibilidade sempre presente de
um terremoto. Os inúmeros mendigos (em concentração maior do
que a da praça da Sé, em São Paulo), na maioria ex-hippies e atuais
junkies, com seus cartazes engraçados (um deles dizia: "Faltam 25
centavos para eu pagar o resgate
de minha mulher"). E o vento.
É a terra em que o movimento
beat (no final dos anos 50), a contracultura (nos anos 60) e o gay
power (nos anos 70) escolheram
para se revelar ao mundo.
Como escreveu Dylan Thomas
a sua mulher, "você vai adorar".
Sérgio Dávila, editor da Ilustrada, viajou a
convite da Via MC Intercâmbio.
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