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PEZINHO NA ESTRADA
Pais interagem mais com os filhos quando estão fora da correria diária
Viajar estimula integração familiar
MARISTELA DO VALLE
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eu precisava de um tempo para ser mãe 24 horas por dia", disse
à Folha Rosemeire Bassan, que
grudou na filha Lara na Costa do
Sauípe, em julho, por sentir falta
dela na correria do dia-a-dia.
Embora muitos pais temam viajar com filhos pequenos, por fatores como excesso de bagagem e
medo de que eles não se adaptem
ao destino, as férias em família fora de casa possibilitam importante integração "pais-e-filhos", difícil de acontecer no cotidiano.
"Toda mãe que trabalha fora
deveria viajar com os filhos", diz
Magda Nassar, mãe de Leonardo,
2, que afirma ter adorado ver as
"caras de espanto" do filho na
Universal, em Orlando.
A família Arcangeli costuma ir
no inverno para a estação de esqui
de Portillo, no Chile. "As férias
dos meus filhos são o momento
de nós [pais" nos dedicarmos a
eles", diz Luciana Arcangeli, mãe
de Gianluca, 3, e Julia, 6. Para ela,
o caçula foi o que mais aproveitou
a última temporada. "Ele aprendeu a esquiar e nos acompanhava
em todas as pistas."
Além de divertido, viajar em família não tem contra-indicação
-a menos que o bebê tenha menos de um mês, pois ainda não está imunizado. "É super-recomendável sair da cidade, estar ao ar livre", atesta a pediatra Renata
Waksman, do hospital Albert
Einstein e co-autora de "A Saúde
de Nossos Filhos" (Publifolha).
Para irmãos de casamentos distintos, as férias também são uma
boa oportunidade de convivência, como aconteceu com a família de Helio de la Peña, ator e redator do programa "Casseta e Planeta Urgente", da Rede Globo,
que tem os filhos Joaquim, 10, e
João, sete meses. "Não sei se o
João curtiu a viagem, mas eu curti
que ele tenha ido", comenta o pai.
"Da próxima vez faremos um
programa que ele interaja mais,
como uma praia, e não um passeio que vire só álbum de família."
A praia é um programa interativo para Victor Teixeira Pereira
Bueno, 1, desde os seis meses,
quando começou a mergulhar
com a mãe, Ana Luiza Teixeira.
Mesmo que no futuro a criança
não se lembre de seus passeios, ela
pode apreciar o momento. Como
aconteceu com Giulia Dominici,
4, que hoje não se recorda do seu
tour pela Itália, feito aos dois
anos. Mas "ela adorava, por
exemplo, conhecer restaurantes
diferentes. Cada dia ela pedia para
ir a um", lembra a mãe, Gabriela.
De qualquer forma, os pais devem ter consciência de que o estilo da viagem muda quando há
crianças. Quando foi à Disney
com a filha Fernanda, 3, o casal
Siufi dispensou as atrações radicais e se ateve aos shows. "Ela sabe
que, no Brasil, os bonecos são pessoas fantasiadas. Mas acredita
que, na Disney, os mesmos personagens são verdadeiros", conta a
mãe, Fabiane.
Para quem não dispensa programas de adulto, uma alternativa
é levar a babá junto, como fez Aldo Leone Filho quando foi para a
ilha de Comandatuba (BA) com a
mulher e os filhos Aldinho, 3, e
Marco, 1. "Assim eu podia ir jantar, por exemplo." Para Bariloche,
Leone só levou o primogênito.
"Ele ficou alucinado na neve."
Mas nem sempre a viagem com
os pequenos é um mar de rosas e
alguns roteiros são mais apropriados para crianças maiores.
Apesar de Rafaela Osso Pacotto,
3, ter se divertido nos parquinhos
do Central Park quando foi para
Nova York, há dois anos, as recordações da mãe, Renata, não são as
mais agradáveis. "Tive muita dificuldade em encontrar papinhas
em potinho, o que me surpreendeu na maior metrópole do mundo. Também era complicado usar
ônibus e metrô com o carrinho do
bebê, então eu pegava táxi e perdia muito tempo no trânsito."
O transporte até Fortaleza foi
traumático para os pais de Mariana Moia, 6, há três anos. Para economizar, eles foram de ônibus
(cerca de 48 h) e voltaram de
avião. "À noite Mariana dormia,
mas de dia era difícil entretê-la. O
pior era arrumar comida para ela
nas paradas. Eu não repetiria a experiência. Mas Mariana até hoje
pede para voltar à cidade."
Também visitar um museu não
é um programa adequado para os
muito pequenos. Quando foi para
Ouro Preto, aos dois anos, Iago
Pegoraro Barbosa, 3, tentava subir nas charretes e não queria ficar
quieto durante um concerto numa igreja. "A solução foi encher a
boca dele de salgadinhos", lembra
a mãe, Silvia Pegoraro. "Mas ele
adorou o passeio a uma caverna e
também o teatro de rua [pois era
época do festival de inverno"."
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