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TURQUIA 2 EM 1
Conhecido como "pai dos turcos", Mustafá Kemal (seu verdadeiro nome) legou ao país tradição secular
Figura de Atatürk ainda é cultuada pela opinião pública
DO ENVIADO ESPECIAL À TURQUIA
Em idioma turco, o diário
"Taraf" -ou "de lado", em tradução livre- é um dos poucos
jornais que afrontam diretamente o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, já que a imprensa turca,
tem, em geral, apenas tateado
temas políticos espinhosos como as questões israelo-palestina, armênia e curda.
Em inglês, a versão impressa
do jornal Hürriyet Daily News
(www.hurriyetdailynews.
com) é bem editada, tem posições liberais e é distribuída gratuitamente nos principais hotéis de Istambul.
República democrática, laica, parlamentarista e multipartidária, a Turquia tem uma população predominantemente
muçulmana (99%), e a opinião
pública cultua, ainda hoje, a figura política de Atatürk, o pai
dos turcos, que governou a
Turquia de 1923 a 1938 legando
ao país sua tradição secular.
Passados 70 anos da morte
do líder, nas lojas, nos palácios,
nas casas de câmbio e nas fachadas das escolas, ao lado da
bandeira turca, é comum divisar a imagem de Mustafá Kemal (1881-1938), seu nome real.
Em seu governo, Atatürk
aboliu o sultanato -vigente de
1299 a 1922- e, com mão-de-ferro, implantou legislação ocidentalizante, abolindo o califato e a poligamia, estendendo o
direito de votos às mulheres e
substituindo práticas legais islâmicas por outras, calcadas na
legislação europeia de então.
Foi Mustafá Kemal que edificou a Turquia tal como a conhecemos. Militar nacionalista
que atuou na campanha de Galípoli (1915-1916), ele veio a
usar o codinome Atatürk apenas na década de 1930, mas,
desde logo ganhou status de
herói no ambiente de insatisfação generalizada que reinava
depois das derrotas que a Turquia, então aliada da Alemanha, sofreu durante a Primeira
Guerra Mundial (1914-1918).
Vitorioso no conflito greco-turco, ele conduziu o processo
de paz no qual a Turquia e a
Grécia permutaram populações: 1,2 milhão de pessoas de
etnia grega, notadamente da
Capadócia, foram levadas à
Grécia, que enviou 450 mil muçulmanos à Turquia.
Liderando programa de modernizações, emergiu como líder entre a queda do Império
Otomano, em 1918, até a implantação da República, em
1923, para galgar a presidência
da República e mudar a capital
de Istambul para Ancara, numa
região mais fácil de proteger e
menos cobiçada por potências
estrangeiras.
(SILVIO CIOFFI)
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