São Paulo, quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TURQUIA 2 EM 1
Conhecido como "pai dos turcos", Mustafá Kemal (seu verdadeiro nome) legou ao país tradição secular

Figura de Atatürk ainda é cultuada pela opinião pública

DO ENVIADO ESPECIAL À TURQUIA

Em idioma turco, o diário "Taraf" -ou "de lado", em tradução livre- é um dos poucos jornais que afrontam diretamente o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, já que a imprensa turca, tem, em geral, apenas tateado temas políticos espinhosos como as questões israelo-palestina, armênia e curda.
Em inglês, a versão impressa do jornal Hürriyet Daily News (www.hurriyetdailynews. com) é bem editada, tem posições liberais e é distribuída gratuitamente nos principais hotéis de Istambul.
República democrática, laica, parlamentarista e multipartidária, a Turquia tem uma população predominantemente muçulmana (99%), e a opinião pública cultua, ainda hoje, a figura política de Atatürk, o pai dos turcos, que governou a Turquia de 1923 a 1938 legando ao país sua tradição secular.
Passados 70 anos da morte do líder, nas lojas, nos palácios, nas casas de câmbio e nas fachadas das escolas, ao lado da bandeira turca, é comum divisar a imagem de Mustafá Kemal (1881-1938), seu nome real.
Em seu governo, Atatürk aboliu o sultanato -vigente de 1299 a 1922- e, com mão-de-ferro, implantou legislação ocidentalizante, abolindo o califato e a poligamia, estendendo o direito de votos às mulheres e substituindo práticas legais islâmicas por outras, calcadas na legislação europeia de então.
Foi Mustafá Kemal que edificou a Turquia tal como a conhecemos. Militar nacionalista que atuou na campanha de Galípoli (1915-1916), ele veio a usar o codinome Atatürk apenas na década de 1930, mas, desde logo ganhou status de herói no ambiente de insatisfação generalizada que reinava depois das derrotas que a Turquia, então aliada da Alemanha, sofreu durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Vitorioso no conflito greco-turco, ele conduziu o processo de paz no qual a Turquia e a Grécia permutaram populações: 1,2 milhão de pessoas de etnia grega, notadamente da Capadócia, foram levadas à Grécia, que enviou 450 mil muçulmanos à Turquia.
Liderando programa de modernizações, emergiu como líder entre a queda do Império Otomano, em 1918, até a implantação da República, em 1923, para galgar a presidência da República e mudar a capital de Istambul para Ancara, numa região mais fácil de proteger e menos cobiçada por potências estrangeiras. (SILVIO CIOFFI)


Texto Anterior: TURQUIA 2 EM 1
Palácio de Topkapi foi moradia dos sultões

Próximo Texto: Palácio de Dolmabahçe foi lar de Atatürk
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.