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O PAÍS E O POETA
Fenícios deixaram legado ainda visível no Líbano
Herança mais importante foi a invenção do alfabeto linear, a partir do qual tiveram origem todos os outros
DO ENVIADO ESPECIAL AO LÍBANO
Muitas cidades contemporâneas e seus sítios arqueológicos
permitem conhecer a história
dos fenícios, que viviam em um
território que, em linhas gerais,
corresponde à região costeira
do Líbano atual e era formado
por um grupo de cidades-Estado independentes.
Seus habitantes costumavam
se referir a si próprios de acordo com a localidade de procedência. Dessa forma, existiam
os "sidonianos", de Sidon, os
"tiroanos", de Tiro, entre outras denominações.
A palavra "fenício" vem do
grego "phoinikes", em referência à cor púrpura avermelhada
que aplicavam aos tecidos e pela qual eram conhecidos.
No início do século 12 a.C.
uma crise sociopolítica abalou
o Mediterrâneo oriental, marcado por uma série invasões.
Muitas das cidades litorâneas do Levante foram destruídas (entre as quais, Ugarit),
mas a arqueologia demonstra
que as cidades fenícias (como
Tiro, Sarepta e Tell Kazel) não
passaram pelo mesmo colapso.
Essas cidades foram organizadas em cidades-Estado.
Mestres do mar
Os fenícios eram famosos por
seus conhecimentos náuticos e
foram os primeiros a cruzar
longas distâncias para o Mediterrâneo ocidental.
Suas técnicas avançadas produziram dois tipos de embarcação: de transporte e de guerra.
Em Al-Mina (ao norte), reuniam-se quando sentiam que o
território estava ameaçado e
estudavam formas de defendê-lo contra o perigo externo, como explica o professor libanês
Ihsan Darwich.
Em busca de matéria-prima
e de novos mercados, os fenícios exploraram as rotas comerciais do Mediterrâneo.
Além disso, estabeleceram
povoados do Chipre à África do
Norte, assim como na Itália e
na Espanha.
As primeiras expedições para
Cadiz (Espanha) e Utiqa (Tunísia) ocorreram durante a Idade
do Ferro.
Os fenícios desenvolveram
uma economia baseada na exportação de madeira dos cedros
libaneses e de objetos de metal,
marfim, tecidos tingidos, vidro,
vinho e azeite de oliva.
Cada cidade-Estado fenícia
possuía suas próprias divindades, mas se observam alguns
elementos comuns.
Em Biblos, Baal e Baal-Gubal
eram adorados; em Sidon, Astarte (comum em diversas cidades); e em Tiro (ao sul), tanto
Melkart (literalmente, "o rei da
cidade") quanto Astarte.
De acordo com o arqueólogo
Antoine Khoury Harb, 64, "o libanês era um povo muito religioso antes do cristianismo.
Em Baalbeck, por exemplo, tudo é três. A tríade fenícia é muito importante. Astarte era chamada de "mãe virgem". Quando
veio o cristianismo, a idéia de
Maria foi muito bem aceita".
Na tradição funerária, havia
túmulos de diversas formas e
cremação. Além de jarros de cerâmica, eram tradicionais os
túmulos verticais esculpidos na
rocha.
Alfabeto
A contribuição mais importante dos fenícios refere-se à
invenção do alfabeto linear, a
partir do qual todos os outros
alfabetos foram derivados.
A literatura desse período era
escrita em papiro, mas esse material não sobreviveu aos anos
devido às condições climáticas
e à umidade.
Pontas de lanças e inscrições
em monumentos, estátuas e túmulos deixaram o registro do
alfabeto fenício.
De acordo com Harb, "desde
antigamente, até os dias atuais,
a importância da geografia nas
obras literárias libanesas é
muito grande. Já na Fenícia,
aparecem as montanhas e as cidades nos textos".
(PDF)
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