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O PAÍS E O POETA
Baalbeck e Biblos contam histórias
Enquanto arredores de uma cidade guarda templos grandiosos, a outra é o berço da escrita alfabética
DO ENVIADO ESPECIAL AO LÍBANO
Classificada como patrimônio mundial da humanidade,
Baalbeck revela uma influência
local semítica aliada à européia.
A tríade de Júpiter, Vênus e
Mercúrio foi estabelecida sobre
uma antiga tríade local formada pelo deus das tempestades,
pela deusa-mãe e pelo deus da
vegetação e do rebanho.
El era o deus máximo do panteão fenício; representava o
deus-sol e, com freqüência,
aparecia sob a forma de um
touro. Seu filho se chamava
Baal (Adonis, em Biblos), o
deus das tempestades e das
montanhas. Apesar da importância de El, Baal era o deus
mais adorado entre os fenícios.
Acreditava-se que, quando a
neve das montanhas libanesas
se derretia e purificava a água
dos rios, era Baal que renascia
para dar lugar a grandes festividades entre os fenícios.
Ao leste do Líbano, a 85 km a
nordeste de Beirute, Baalbeck é
o centro administrativo e econômico do norte do vale do Beqaa. Duas cordilheiras de montanhas paralelas atravessam o
país, e o vale do Beqaa localiza-se entre essas cordilheiras.
O monte Líbano, a cordilheira mais ocidental, atinge 3.083
metros e dirige-se para o sul.
Antigamente repleta de cedros,
hoje é coberta por uma vegetação mediterrânea. O Anti-Líbano, que lhe faz face, culmina em
2.814 metros. Oferece uma paisagem mais mineral
No decorrer do período helênico (333-64 a.C.), a cidade foi
chamada de Heliópolis, a cidade do sol. Em 16 a.C., tornou-se
uma colônia romana. No fim do
século 4º, Teodósio pôs fim aos
cultos não-cristãos e destruiu
seus símbolos mais sagrados.
A apenas 300 metros do centro de Baalbeck, erguem-se alguns dos templos mais grandiosos. Há três monumentos
principais: o templo de Júpiter,
o templo de Baco e o templo
circular de Vênus. Seis colunas
de 22 metros de altura impressionam e recordam a existência
do peristilo do Templo de Júpiter Heliopolitano.
O templo de Baco caracteriza-se pelo excelente estado de
preservação e era dedicado ao
culto de um jovem deus de
Baalbeck. Utilizavam-se vinho
e ópio para que os fiéis entrassem em êxtase. As representações de vinhas e papoulas resultaram na associação a Baco.
Em Baalbeck, estão três dos
maiores e mais pesados monumentos de pedras do mundo,
chamados de Trilithon. Cada
um pesa 1.200 toneladas e mede 25 m de comprimento, 8 m
de largura e 5 m de altura.
Assírios, persas, gregos e romanos construíram seus principais templos sobre a plataforma. Teorias não faltam para explicar como estes gigantescos
monólitos foram posicionados.
Biblos
Em Biblos, os fenícios inventaram a escritura alfabética ao
substituir a imagem pelo som,
em um importante exercício de
abstração humana.
Um extenso sítio arqueológico próximo ao "suq" (mercado)
atesta presenças e vestígios de
fenícios, hicsos, egípcios, gregos, romanos, árabes e cruzados em templos como o de Baalat Gebal e Resheph, túmulos,
teatros romanos e cidadela.
Biblos é uma das cidades
continuamente habitadas mais
antigas do mundo; escavações
arqueológicas situaram sua origem no quinto milênio a.C.
Chamada de Gebal na Bíblia
(e de Jbeil pelos árabes), recebeu o nome Biblos em referência ao papiro (do grego "bublos") comercializado na região. Um grupo de papiros era
denominado "biblio" (livro) e
de seu plural ("ta biblia", os livros) vem a palavra Bíblia.
Localizada a 37 km ao norte
de Beirute, a cidade possui arquitetura típica libanesa (casa
baixa e teto plano), um porto
antigo bastante preservado e
excelentes restaurantes à beira-mar.
(PDF)
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