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POR DENTRO DO RECIFE
Açúcar motivou a ocupação holandesa
CLAUDIO SCHAPOCHNIK
da Reportagem Local
A ocupação holandesa de parte
do Nordeste brasileiro teve como
motivação a disputa pela hegemonia da produção e da comercialização do açúcar.
Outro fato que se liga a essa história é a passagem do trono português para a Espanha, com a crise
na dinastia de Avis, em 1580. Foi a
chamada União Ibérica, que durou até 1640.
Como as relações entre a Holanda e a Espanha eram conflituosas,
consequentemente o mesmo se
deu com Portugal e suas colônias.
Em 1624, as invasões holandesas
-feitas pela Companhia das Índias Ocidentais- se iniciaram no
Brasil. Objetivo: a ocupação das
zonas produtoras de açúcar na
América portuguesa.
O primeiro alvo foi a cidade de
Salvador. Os holandeses ficaram
apenas um ano e foram expulsos.
Em Pernambuco o ataque teve
início em 1630, quando Olinda foi
conquistada.
Na análise do professor do departamento de Ciências Políticas
da USP e autor do livro "História
do Brasil", Boris Fausto, a presença holandesa no Nordeste pode
ser delimitada em três fases.
A primeira delas vai de 1630 a
1637, quando se travou uma batalha de resistência e se consolidou o
domínio da Holanda em um território que se estendia do Ceará ao
rio São Francisco.
A segunda fase (de 1637 a 1644)
se caracteriza por uma período de
paz, segundo o professor Fausto.
Nessa época, o príncipe holandês
Johan Maurits de Nassau-Siegen
(Maurício de Nassau) governou a
possessão e realizou importantes
mudanças arquitetônicas e administrativas no Recife.
Para enfrentar as crises de abastecimento de comida, ele mandou
os senhores de engenho plantarem
pés de mandioca em número proporcional ao de seus escravos.
Na área religiosa, o calvinista
Nassau tolerou outros credos, como o católico e o judaico. Na década de 1640, foram edificadas duas
sinagogas no Recife, as primeiras
das Américas.
Isaac Aboab da Fonseca, religioso judeu-português que imigrou
para a Holanda passando pela
França, veio para Pernambuco
-assim como muitos outros israelitas- e tornou-se o primeiro
rabino do Novo Mundo.
Artistas no Recife
Nassau elevou o Recife -onde
fez várias obras e a Cidade Maurícia- à categoria de capital da Província de Pernambuco, no lugar
de Olinda.
O príncipe holandês também
deu grande importância às artes e
às ciências naturais.
Ele trouxe diversos artistas e naturalistas a Pernambuco.
Entre eles Frans Post e Albert Eckhout, que retrataram as belezas
naturais, a fauna, a flora, as paisagens, os índios, os negros e os
mestiços brasileiros.
A última fase da ocupação holandesa vai de 1645 a 1654 com a
reconquista portuguesa do território ocupado. O principal foco da
revolta ficava em Pernambuco,
onde a guerra se estendeu por vários anos com a vitória dos revoltosos em várias batalhas.
Com a crise financeira da Companhia das Índias e o início do
conflito entre a Holanda e a
Grã-Bretanha (1652), não havia
capital suficiente para a manutenção da defesa.
Em 1654 houve a derrota definitiva das tropas invasoras, com o
cerco ao Recife por uma esquadra
portuguesa.
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