São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2010

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LUIZ BARRETTO

A meta é chegar a 10 mi de estrangeiros em 2016

APÓS ANO DE QUEDA, MINISTRO DO TURISMO FALA SOBRE NOVA RELAÇÃO COM VIAJANTES SUL-AMERICANOS E ABERTURA COM EUA


LUISA ALCANTARA E SILVA
DE SÃO PAULO

Recém-chegado dos EUA, o ministro do Turismo, Luiz Barretto, afirma que a burocracia que os brasileiros têm de encarar para tirar o visto para ir aos EUA pode cair. "O Brasil está entre os cinco países que entrarão no Visa Waiver." Mas não há previsão para isso ocorrer.
Sobre o turismo brasileiro, que apresentou queda de 4,9% em 2009 em relação a 2008, ele está otimista. "Podemos chegar a um número próximo a 5,5 milhões de turistas estrangeiros em 2010." Após a Olimpíada de 2016, Barretto acredita que podemos chegar perto dos 10 milhões. Leia trechos da entrevista, feita por telefone:

Folha - Quais foram os principais motivos da queda do número de estrangeiros que vieram ao Brasil em 2009? Luiz Barretto - Infelizmente os principais emissores de turistas são países que estão numa crise econômica. Mas nos três primeiros meses deste ano nós crescemos. A gente pode chegar a um número 10% superior ao de 2008 .

Mas 5,5 milhões de turistas ainda não é um número pequeno para o Brasil?
Temos de comparar com países de longa distância. Perto desses países, o Brasil é similar. Temos mais de 1 milhão de turistas que a Argentina.

Mas, pelo tamanho do Brasil, não era para esse número ser ainda maior em relação à Argentina?
É, estamos trabalhando nisso. A Argentina é um mercado anterior ao nosso, foi um hub da América do Sul. O Brasil, do ponto de vista econômico, já tomou esse lugar.
Eu acho que a gente tem um desafio, que é aumentar o número de turistas sul-americanos. A Embratur vai aproveitar Copa e Olimpíada para fazer uma nova relação com os sul-americanos.
A gente trabalha com a meta de chegar a 8 milhões em 2014, e continuar crescendo para chegar em 2016 próximo a 10 milhões, que é uma marca muito grande.

Não se discute investir em mais voos diretos entre Brasil, Europa e EUA?
Nós estamos fazendo um esforço grande. Nunca houve tanta conexão com o exterior. Há voos para a Europa, por exemplo, de oito cidades brasileiras.

Mas e um voo Europa-Manaus, por exemplo?
Se discute isso, mas são questões relacionadas à área privada. O governo tem um caráter indutor. Vão recomeçar voos internacionais de Viracopos. Vai ter voo da TAP da Europa a Campinas, um novo voo de São Paulo para Doha . Há outros novos voos.
Então, estamos nos transformando em um grande emissor de turistas. Uma coisa que tem que ser levada em conta é que turismo num país continental como o Brasil tem que ser pensado como mercado interno. Hoje, 85% do mercado é interno.

O brasileiro pode sonhar em um dia viajar de SP ao Nordeste por R$ 80 sem ser com promoção?
Como é que no mundo isso foi resolvido? O mundo é capitalista. É uma competição, não tem outra saída. Não é o preço que eu desejo, que você deseja, mas se você pensar na história da aviação brasileira, nunca se viajou tanto de avião.

Dá para viajar para o Chile por R$ 800. Isso a gente não paga...
Você tem promoções para o Brasil.

Mas são promoções.
Mas são promoções constantes.

É relativo. Tem a promoção, você vai comprar e não tem a passagem barata no dia em que quer.
Tem razão. Mas agora há mais alternativa. A nossa aposta é a de que tenha mais competição. E cada vez mais brasileiros podem viajar. Então acho que há um campo de crescimento. Tanto para hotelaria como para passagens aéreas, meu desejo como cidadão é que tenham um preço melhor.

A queda da necessidade do visto, como está ocorrendo com Brasil e Rússia, faz o turismo crescer. Não é o caso de o Brasil rever o princípio da reciprocidade e desobrigar que turistas de países como os EUA precisem de visto?
Nós tentamos nos últimos anos fazer esse debate, mas não tem viabilidade nenhuma, nem a sociedade brasileira aceita esse princípio de flexibilizar a reciprocidade.
Mas tivemos ganhos em relação ao mercado americano. Voltamos a ter dez anos de visto. E nós estamos fazendo um esforço para aprovar o visto on-line, que torna ele mais acessível.
Pedi aos EUA para que o Brasil entre no programa Visa Waiver, fechado desde o 11 de Setembro, e me garantiram lá que, se houver alguma abertura nos próximos anos, o Brasil está entre os cinco países que entrarão.

Tem previsão para entrarmos nesse programa?
Se houvesse abertura, o Brasil estaria já em condições de obter isso.

Copa e Olimpíada. Como manter o aumento do fluxo de turistas?
Eu acho que o grande saldo dos eventos esportivos foi o legado e nós temos uma grande chance. Teremos um país melhor. Vai ser um crescimento paulatino, mas que não volta ao patamar anterior. O patamar de 8 milhões em 2014 não regride, porque vamos melhorar. O Brasil vai ser um país melhor.


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