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ÁGUA VIVA
Começam a crescer no Brasil observação de baleias e pesca do estilo "pegue e solte", prática que gera controvérsia
Mundo submerso traga adeptos no país
DA REDAÇÃO
O velho Santiago, o capitão
Ahab e o carpinteiro Gepeto. Em
comum, as histórias com esses
protagonistas destacam o fascinante mundo marinho, em meio
a aventuras que envolvem ambição, determinação, muita paciência, uma dose de vingança e até
um pouco de loucura.
Esses quesitos da ficção valem
para quem quer mergulhar em
atividades ligadas à pesca.
Sobre marés bem reais e, claro,
descartando o lado predatório do
capitão Ahab e sua caça à baleia
branca em "Moby Dick", clássico
de Herman Melville (1819-1891), a
glória para os atuais "baleeiros" é
olhar e clicar os cetáceos.
Na costa brasileira, as baleias jubartes se apresentam em Abrolhos (BA), onde há cerca de 1.600
desses mamíferos, e as francas dão show em Imbituba, em Santa Catarina.
A captura do astuto marlim, dominado pelo velho Santiago de
Ernest Hemingway (1899-1961)
em "O Velho e o Mar", também
mudou de linha. Chamada de
pesca ecológica -embora o assunto seja controverso-, o peixe,
após ser pesado, volta ao mar e recebe uma etiqueta que ajuda pesquisadores a colher dados sobre
ele em outras águas. O marlim pode ser encontrado aos montes em
Ilhabela (SP), Rio de Janeiro (RJ),
Guarapari (ES) e Canavieiras
(BA).
A pesca em rios adota a mesma
filosofia do "catch and release"
(pegue e solte), sistema mais utilizado por estrangeiros, mas que
vem crescendo no Brasil.
Explorada turisticamente, a observação de baleias gera US$ 1 milhão no mundo. Nos EUA, os 34,1
milhões de praticantes da pesca
esportiva -no Brasil há 60 mil
atletas na Confederação Brasileira
de Pesca- gastam US$ 35 bilhões
na atividade por ano, segundo dados de 2001 da Associação Nacional de Pesquisa de Pesca, Caça e
Vida Selvagem.
No Brasil, esse gasto tem o tamanho de um lambari comparado ao do peixe grande. Segundo
estimativas da operadora Interfishing, especializada em pesca esportiva, a atividade praticada em
rios movimenta de R$ 2 bilhões a
R$ 3 bilhões por ano no país. Falta
ao Brasil aprender a vender o seu
peixe nessa área, porque a matéria-prima é abundante.
Há 206 espécies de peixe conhecidas na bacia Amazônica. Diz-se
que a maior concentração do procurado tucunaré, um dos peixes
de água doce mais disputados no
Brasil, fica em Barcelos (AM). A bacia do Pantanal concentra cerca de 180 espécies de peixes. Também o litoral é
forrado com 260 espécies.
Controvérsia
Para Magali Przybycien, coordenadora do Programa Nacional
de Desenvolvimento da Pesca
Amadora do Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis), a pesca esportiva pode ser
um instrumento de conservação.
"A renda gerada por ela pode
substituir a gerada pela pesca profissional predatória", diz.
Segundo o biólogo e diretor do
Instituto Ecológico Aqualung,
Marcelo Szpilman, chamar a pesca oceânica esportiva de ecológica
é controverso. Solto após a captura, o peixe é devolvido ao mar
"muito debilitado". Szpilman explica que o peixe pode morrer
"embuchado" (com a isca e o anzol presos dentro do seu estômago) ou por estresse.
(MARGARETE MAGALHÃES E HELOISA LUPINACCI)
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