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CIDADE CAPITAL
Em Washington, Obama é novo personagem turístico
Esperam-se 4 milhões de pessoas para a posse, na frente do Capitólio, ao meio-dia de 20 de janeiro
Heloisa Lupinacci/Folha Imagem
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Pessoas escrevem para Obama em mural diante do memorial Lincoln, de onde Martin Luther King Jr. fez o discurso "Eu Tenho um Sonho"
HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON
Na escada que leva ao memorial Lincoln, um marco de Washington, está assinalado o ladrilho exato de onde Martin
Luther King Jr. fez, 45 anos
atrás, o discurso "Eu Tenho um
Sonho", um marco da história.
Se parar bem ali e virar de
costas para o memorial dedicado ao presidente cujo bicentenário de nascimento será comemorado no ano que vem, o
turista pode se sentir uma testemunha da história.
Atrás, está a estátua de Lincoln, presidente entre 1861 e
1865, em plena Guerra Civil
norte-americana, quando
União (norte) e Confederação
(sul) lutavam. O estopim: a escravidão. Nos discursos transcritos na parede, Lincoln ressalta a igualdade entre todos.
O ponto em que o turista pisa
ouviu Luther King dizer: "Eu
tenho um sonho que meus filhos irão viver um dia em uma
nação na qual eles não serão
julgados pela cor de sua pele,
mas por seu caráter".
E diante de seus olhos está o
muro em que pessoas do mundo todo deixam recados para
Barack Obama, o primeiro negro eleito presidente dos EUA.
Pop
Foi em Washington DC que
Obama ganhou por maior margem de votos: 86% dos eleitores
o escolheram. No começo de
novembro, quando a reportagem da Folha visitou a cidade,
a decoração de Halloween
-abóboras com rostos esculpidos já desgastadas pelo tempo e
pela ação das crianças- estava
cedendo lugar a guirlandas natalinas. Na cidade, a alegria do
apagar das luzes do governo
Bush fazia lembrar o destino
das abóboras. E a Obamania
ofuscava até o Papai Noel.
Broches, canecas, camisetas
e bolsas são estampadas com o
rosto do presidente eleito, em
uma lua-de-mel que tem hora e
data para acabar: ao meio-dia
de 20 de janeiro ele vira presidente dos EUA, em evento para
o qual são esperadas 4 milhões
de pessoas. A partir daí, poucos
vão querer usar camisetas com
sua foto. Afinal, o rosto de Obama ainda não é pop como a estampa de Che Guevara.
Enquanto isso, os suvenires
que trazem McCain ou Sarah
Palin estão com desconto de
50% ou em promoção do tipo
leve três e pague um. Isso não
quer dizer que estejam extintos
os republicanos. Um motorista
de táxi, negro do Estado sulino
da Virgínia, nem esperou a pergunta. Anunciou: "Eu não votei
no messias". Em quem? "No
messias". Que messias? "Oras,
Obama". Ele deve querer as camisetas, à venda, com a frase:
não me culpe, votei no McCain.
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