São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2008

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CIDADE CAPITAL

Em Washington, Obama é novo personagem turístico

Esperam-se 4 milhões de pessoas para a posse, na frente do Capitólio, ao meio-dia de 20 de janeiro

Heloisa Lupinacci/Folha Imagem
Pessoas escrevem para Obama em mural diante do memorial Lincoln, de onde Martin Luther King Jr. fez o discurso "Eu Tenho um Sonho"

HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

Na escada que leva ao memorial Lincoln, um marco de Washington, está assinalado o ladrilho exato de onde Martin Luther King Jr. fez, 45 anos atrás, o discurso "Eu Tenho um Sonho", um marco da história.
Se parar bem ali e virar de costas para o memorial dedicado ao presidente cujo bicentenário de nascimento será comemorado no ano que vem, o turista pode se sentir uma testemunha da história.
Atrás, está a estátua de Lincoln, presidente entre 1861 e 1865, em plena Guerra Civil norte-americana, quando União (norte) e Confederação (sul) lutavam. O estopim: a escravidão. Nos discursos transcritos na parede, Lincoln ressalta a igualdade entre todos.
O ponto em que o turista pisa ouviu Luther King dizer: "Eu tenho um sonho que meus filhos irão viver um dia em uma nação na qual eles não serão julgados pela cor de sua pele, mas por seu caráter".
E diante de seus olhos está o muro em que pessoas do mundo todo deixam recados para Barack Obama, o primeiro negro eleito presidente dos EUA.

Pop
Foi em Washington DC que Obama ganhou por maior margem de votos: 86% dos eleitores o escolheram. No começo de novembro, quando a reportagem da Folha visitou a cidade, a decoração de Halloween -abóboras com rostos esculpidos já desgastadas pelo tempo e pela ação das crianças- estava cedendo lugar a guirlandas natalinas. Na cidade, a alegria do apagar das luzes do governo Bush fazia lembrar o destino das abóboras. E a Obamania ofuscava até o Papai Noel.
Broches, canecas, camisetas e bolsas são estampadas com o rosto do presidente eleito, em uma lua-de-mel que tem hora e data para acabar: ao meio-dia de 20 de janeiro ele vira presidente dos EUA, em evento para o qual são esperadas 4 milhões de pessoas. A partir daí, poucos vão querer usar camisetas com sua foto. Afinal, o rosto de Obama ainda não é pop como a estampa de Che Guevara.
Enquanto isso, os suvenires que trazem McCain ou Sarah Palin estão com desconto de 50% ou em promoção do tipo leve três e pague um. Isso não quer dizer que estejam extintos os republicanos. Um motorista de táxi, negro do Estado sulino da Virgínia, nem esperou a pergunta. Anunciou: "Eu não votei no messias". Em quem? "No messias". Que messias? "Oras, Obama". Ele deve querer as camisetas, à venda, com a frase: não me culpe, votei no McCain.


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