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Mesquitas e mercados fazem do Cairo medieval quase outra cidade
DA ENVIADA ESPECIAL
Por um ou dois dias esqueça
o Egito faraônico e mergulhe
no Cairo medieval das mesquitas e souks (mercados). É quase
que uma outra cidade.
O bazar Khan al Khalili, labirinto lotado de turistas, do século 14, é o centro nervoso desse local. Tem centenas de lojas
que vendem uma infinidade de
suvenires, artesanato, roupas
típicas, papiros e artigos de prata e ouro. A regra é barganhar.
As caixas machetadas são baratas e bonitas. Há ainda uma
variedade de lenços e pashiminas: se não comprar, há chance
de se arrepender depois.
Quando cansar de perambular, faça uma parada para um
chá ou café no Café Fishawi,
que funciona dia e noite há 200
anos, com exceção do período
do Ramadã. Próximo ao Khan
al Khalili, está a mesquita de Al-Azhar, do ano 970, aberta à visitação. No local, há uma madrassa (escola para ensino do
Corão), que é um dos mais antigos centros de ensino do mundo e um dos mais prestigiados
locais de estudo sunitas.
Nas imediações, está o complexo do sultão Al-Ghouri, com
mesquita, wikala (hospedaria
medieval) e o mausoléu, que
vale uma visita, e a mesquita de
Hussein, onde se diz que está
enterrada a cabeça de Hussein,
neto do profeta Maomé, local
sagrado dos muçulmanos.
Para evitar ser barrado, é
bom usar calça comprida e blusas que cubram os ombros. As
mulheres devem levar também
um lenço para cobrir a cabeça.
Ao norte do Khan al Khalili, a
rua Al-Muizz, que já foi a principal via do Cairo medieval, foi
recentemente restaurada.
A rua reúne um impressionante conjunto de minaretes,
palácios e mesquitas muito antigas, como a de Al-Hakim, edificada no ano 1013, e a de Al-Alqmar, cuja fachada de pedra é
a mais antiga do Cairo. No meio
da rua, há uma pequena torre,
símbolo da arquitetura islâmica, onde antes havia uma fonte
de água no térreo e um local de
estudo em cima -fornecia água
e saber, duas recomendações
feitas pelo profeta Maomé.
Com a restauração, os monumentos da rua Al-Muizz ganharam iluminação. A via termina
em um dos portões da cidade,
construído em 1087, que integra a muralha que circundava o
Cairo na Idade Média. A estrutura, que também passou por
recente restauração, usou pedras retiradas de antigas construções de Mênfis.
A cidadela de Saladino, fortaleza do século 12 que defendeu
a cidade dos cruzados, é um dos
principais monumentos do período medieval. Por 700 anos,
abrigou os governantes. Hoje,
reúne mesquitas, museus e terraços, de onde é possível ver
boa parte da cidade.
A mesquita de alabastro de
Mohammed Ali, general otomano que tomou o poder para
si no Egito, apesar de edificada
já no século 19, é o ponto alto da
cidadela. No pátio externo, está
o relógio presenteado pelo rei
francês Luís Felipe, em retribuição ao obelisco dado à França por Ali. Os guias turísticos
adoram contar que o mecanismo chegou quebrado ao Egito
-e nunca funcionou.
Ao sul da cidadela, está a
mesquita de Amr bin Al-As, a
mais antiga do Cairo, fundada
em 642 pelo general que conquistou o Egito para o Islã. Ao
lado, o souk (mercado) al-Fustat tem lojas de artesanato e cafés mais caros que o Khan al
Khalili. A mesquita de Al-As foi
construída ao lado do assentamento que existia, onde hoje fica o bairro dos cristãos coptas.
Foi numa gruta no bairro
copta que a família de Jesus supostamente morou quando fugiu para o Egito. Na Antiguidade, foi ali edificada uma igreja,
que pode ser visitada.
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