São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2000


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RECIFE DAS ARTES
Bairro mais antigo da cidade vem passando por revitalização desde o final da década de 80
Cores vivas dão luz a casarões antigos

em Pernambuco

As cores vivas dão luz aos antigos casarões de influência eclética francesa no bairro do Recife, evidenciando mais uma vez os seus detalhes arquitetônicos. Justamente na área de nascimento da cidade, que prosperou, se tornou símbolo de riqueza, experimentou o fundo do poço e agora começa a ressurgir e a ganhar efervescência. Cara nova.
Legado português e holandês erguido a partir do século 16, o bairro é o mais antigo da cidade, do período colonial. Ele forma uma das três ilhas que compõem o centro histórico de Recife.
Quando vemos hoje adornos, frisos, cornijas e outros relevos em destaque em tom escuro ou pastel, não imaginamos a trajetória do bairro.
Entre 1913 e 1920, o bairro do Recife passou por uma renovação urbana, influenciada por uma Paris novecentista.
Durante essa intervenção, foram construídos os atuais armazéns do porto, que foi o maior das Américas no século 17, e foi implantado um novo traçado na planta do bairro.
As interferências provocaram uma mudança na arquitetura urbana da cidade. A igreja do Corpo Santo e os Arcos da Conceição, por exemplo, foram demolidos em decorrência das obras.
A partir dos anos 50, o bairro sofreu novas alterações urbanas e começou a entrar em decadência, o que acabou espantando na época a população local, juntamente com o comércio e o dinheiro, e provocou a degradação física dos imóveis históricos.
O retrato fiel dos casarões da antiga burguesia, por exemplo, estava desaparecendo. O patrimônio histórico e os quatro séculos de história da cidade de Recife estavam ameaçados. Em ruínas.
A região ficou popularmente conhecida como uma zona de prostituição e um lugar onde o tráfico de drogas corria solto, acompanhado pela crescente violência, que assustava muita gente nativa e ainda mais os turistas.
Contribuíram para o processo de esvaziamento do centro histórico o crescimento urbano da cidade e o alastramento da periferia, processo também iniciado na década de 50. Além disso tudo, o porto perdeu o fôlego e deixou de centralizar a economia regional, fazendo com que o bairro ficasse às margens da sociedade.
A região mais antiga de Recife só voltaria a se integrar novamente ao resto da cidade a partir dos anos 80, quando ali ocorreu um movimento "cult", liderado por estudantes e artistas da classe média, que transformaram, por exemplo, o bar Franc's Drinks em um marco do bairro.
Hoje a revitalização do bairro passa a exibir o seu rico adorno, revela o seu conteúdo histórico e, consequentemente, começa a atrair visitantes. Um exemplo disso é a rua do Bom Jesus, a primeira a sofrer intervenções.
Os antigos casarões dos séculos 17 e 18 foram restaurados, assim como o calçamento.
A iluminação e o jardim foram recuperados, respeitando a arquitetura e a tradição do bairro, também conhecido como Recife Antigo e tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A revitalização do local começou no final da década de 80, graças a um projeto que envolve governos municipal, estadual e federal, iniciativa privada e instituições internacionais.
A região era considerada o principal centro econômico de Pernambuco até o início deste século. Falta agora as pessoas, sejam elas pernambucanas ou turistas, darem mais valor ao Recife Antigo.
(ROBERTO DE OLIVEIRA)

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