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RECIFE DAS ARTES
Bairro mais antigo da cidade vem passando por revitalização desde o final da década de 80
Cores vivas dão luz a casarões antigos
em Pernambuco
As cores vivas dão luz aos antigos casarões de influência eclética
francesa no bairro do Recife, evidenciando mais uma vez os seus
detalhes arquitetônicos. Justamente na área de nascimento da
cidade, que prosperou, se tornou
símbolo de riqueza, experimentou o fundo do poço e agora começa a ressurgir e a ganhar efervescência. Cara nova.
Legado português e holandês
erguido a partir do século 16, o
bairro é o mais antigo da cidade,
do período colonial. Ele forma
uma das três ilhas que compõem
o centro histórico de Recife.
Quando vemos hoje adornos,
frisos, cornijas e outros relevos
em destaque em tom escuro ou
pastel, não imaginamos a trajetória do bairro.
Entre 1913 e 1920, o bairro do
Recife passou por uma renovação
urbana, influenciada por uma Paris novecentista.
Durante essa intervenção, foram construídos os atuais armazéns do porto, que foi o maior das
Américas no século 17, e foi implantado um novo traçado na
planta do bairro.
As interferências provocaram
uma mudança na arquitetura urbana da cidade. A igreja do Corpo
Santo e os Arcos da Conceição,
por exemplo, foram demolidos
em decorrência das obras.
A partir dos anos 50, o bairro
sofreu novas alterações urbanas e
começou a entrar em decadência,
o que acabou espantando na época a população local, juntamente
com o comércio e o dinheiro, e
provocou a degradação física dos
imóveis históricos.
O retrato fiel dos casarões da antiga burguesia, por exemplo, estava desaparecendo. O patrimônio
histórico e os quatro séculos de
história da cidade de Recife estavam ameaçados. Em ruínas.
A região ficou popularmente
conhecida como uma zona de
prostituição e um lugar onde o
tráfico de drogas corria solto,
acompanhado pela crescente violência, que assustava muita gente
nativa e ainda mais os turistas.
Contribuíram para o processo
de esvaziamento do centro histórico o crescimento urbano da cidade e o alastramento da periferia, processo também iniciado na
década de 50. Além disso tudo, o
porto perdeu o fôlego e deixou de
centralizar a economia regional,
fazendo com que o bairro ficasse
às margens da sociedade.
A região mais antiga de Recife
só voltaria a se integrar novamente ao resto da cidade a partir dos
anos 80, quando ali ocorreu um
movimento "cult", liderado por
estudantes e artistas da classe média, que transformaram, por
exemplo, o bar Franc's Drinks em
um marco do bairro.
Hoje a revitalização do bairro
passa a exibir o seu rico adorno,
revela o seu conteúdo histórico e,
consequentemente, começa a
atrair visitantes. Um exemplo disso é a rua do Bom Jesus, a primeira a sofrer intervenções.
Os antigos casarões dos séculos
17 e 18 foram restaurados, assim
como o calçamento.
A iluminação e o jardim foram
recuperados, respeitando a arquitetura e a tradição do bairro, também conhecido como Recife Antigo e tombado como Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional.
A revitalização do local começou no final da década de 80, graças a um projeto que envolve governos municipal, estadual e federal, iniciativa privada e instituições internacionais.
A região era considerada o principal centro econômico de Pernambuco até o início deste século.
Falta agora as pessoas, sejam elas
pernambucanas ou turistas, darem mais valor ao Recife Antigo.
(ROBERTO DE OLIVEIRA)
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