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CAPITAL LÍGURE
Gênova colhe os frutos da regeneração de seu porto
Fora das rotas turísticas, quinta maior cidade da Itália vive ecos da onda de renovação iniciada em 1992
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
Antiga ponte entre o Velho e
o Novo Mundo, a quinta maior
cidade italiana tem mais de 800
mil habitantes e, curiosamente,
é pouco explorada pelas rotas
turísticas -embora seja visitada, é verdade, por inúmeros
transatlânticos.
Capital européia da cultura
em 2004, Gênova (www.apt.genova.it) mudou a sua
geografia urbana em 1992, modificando sua relação com a antiga e degradada zona portuária, ora remodelada.
Essa regeneração esteve a
cargo de um dos mais festejados arquitetos europeus da
atualidade, o genovês Renzo
Piano (rpbw.r.ui-pro.com).
Assim, em 1992, durante as
comemorações dos 500 anos
da viagem de Colombo à América, a reformulação urbana capitaneada por Piano demoliu
velhos armazéns e, conservando os prédios significativos, fez
uma revolução cultural no ancestral Porto Antico.
Um dos melhores aquários
da Europa surgiu nessa área, projetado
pelo norte-americano Peter
Chermayeff, o mesmo que concebeu o Oceanário de Lisboa.
A restauração fez surgir
eventos anuais como a Notte
Bianca, que ocorre em setembro. Nesse encontro, os italianos passam a noite em branco
assistindo a shows musicais e a
espetáculos de teatro.
E é nessa praça à beira-mar,
agora cercada de igrejas e de
prédios públicos restaurados,
caso do multicolorido palácio
de San Giorgio, que Gênova
passeia, festeja e recebe os seus
turistas.
A regeneração urbana refez o
interior de antigos armazéns
que abrigam restaurantes, lojas
e livrarias. No entorno do
Aquário -financiado pela família Costa, que foi dona da
empresa de cruzeiros marítimos-, estão um píer para
aportamento de barcos particulares, um pavilhão para dançar e mastros que, saídos da
prancheta de Piano, sustentam
o elevador panorâmico Bigo.
Gênese à genovesa
Grande porto italiano de onde partiram imigrantes que foram "fazer a América" no século 19, Gênova se projetou já no
século 12, vencendo sarracenos
que pirateavam nas costas do
mar da Ligúria.
A cidade chegou ao auge ao se
tornar uma república, "A Soberba", controlando o comércio em locais distantes, caso das
regiões onde, modernamente,
estão a Argélia e a Síria.
De Bizâncio (atual Istambul)
a Bruges (hoje na Bélgica), Gênova fez do comércio sua atividade primordial. Rivalizou na
atividade mercantil com Veneza, alcunhada "A Sereníssima".
Inevitável, a guerra entre
ambas aconteceu entre 1378 e
1381 -com a vitória veneziana.
Entre os genoveses mais ilustres está Cristóvão Colombo.
Se bem que há quem diga que o
navegador -que, sem saber,
descobriu a América, em 1492,
a soldo dos reis da Espanha-
não nasceu realmente lá.
Uma casa na piazza Dante,
perto de Porta Soprana, antigo
portão leste na muralha da cidade antiga, é identificada como a casa de Colombo.
Encimando uma encosta dos
Apeninos, no centro da Riviera
italiana, entre San Remo e Viareggio, Gênova é metropolitana
por excelência. Tem, além do
porto, indústrias e um comércio intenso. A via 20 Settembre,
sua principal avenida comercial, termina na piazza De Ferrari, marcada por uma fonte redonda e iluminada de 1936.
Perto da praça, tem início a
descida até o velho porto reurbanizado, passando pela basílica de San Lorenzo, uma igreja
gótico-românica erigida a partir do século 13. A fachada é
quase que listrada, feita de
mármores cinza e rosado em
camadas alternadas.
Deixando as vielas que descem até o porto, no alto, ficam a
piazza De Ferrari e o Palazzo
Ducale, antiga residência dos
doges. Referência da vida política e cultural, esse palácio foi o
local onde, em 2001, se reuniram os líderes do G8, gerando
uma onda de manifestações
contra a globalização que causou a morte de um estudante.
Em 2004, quando Gênova foi
capital cultural da Europa, o
palácio funcionou como o epicentro das atividades.
E mesmo hoje, nos pátios internos do Palazzo Ducale, há
anúncios de atividades e mostras culturais, com um vai-e-vem mundano ilustrativo da
agitação da capital lígure.
Mas, voltando à via 20 Settembre, onde as lojas elegantes
estão instaladas sob galerias
cujo piso é forrado de mosaicos
recém-recuperados, vale a pena descer até as imediações do
mercado Orientale, o mercadão
genovês.
Outro passeio revelador é
percorrer a via Garibaldi, a antiga via Nuova, onde ficam os
palácios aristocráticos das famílias Doria, Grimaldi, Spinola
e Di Negro. Dentro deles há inclusive pinturas de artistas flamengos que viveram ali, caso
de Rubens e Van Dyck, além de
óleos de pintores italianos, como Alessandro Magnasco e
Bernardo Strozzi.
Assim, varrida nos meses de
inverno pelo vento frio "libeccio", Gênova é voltada para o
mar da Ligúria, servida por navios de cruzeiros no verão e,
sempre, conectada por balsas e
barcos a todos os portos mediterrâneos, da Sardenha à ilha
de Elba, do golfo de Nápoles à
Sicília. Auto-estradas levam a
Roma (500 km), a Milão (140
km) e até a Paris (800 km), se
bem que o ideal é partir por caminhos locais rumo à Riviera.
SILVIO CIOFFI voou a convite das importadoras
Casa Flora e Porto a Porto
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