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CAMINHOS MONTEVIDEANOS
Benedetti inspira tour pela capital
As ruas, praças e o vaivém de gente segurando cuias de mate são o pano de fundo das histórias do escritor
DA REDAÇÃO
A menos de três horas de voo
a partir de São Paulo, Montevidéu é uma cidade para se conhecer a pé. E sem pressa.
Quando se trata da Montevidéu de Mario Benedetti, mais
que conhecê-la, é preciso senti-la. O poeta, escritor e ensaísta
uruguaio, morto no último dia
17, aos 88 anos, ambientava de
tal forma suas obras na capital
uruguaia que um passeio pela
cidade ganha outro significado
após ler livros como "A Trégua"
e "A Borra do Café".
É como ser transportado para dentro de suas histórias. Como tomar o rumo de sua prosa,
que fala da rotina opaca e um
tanto enfadonha da classe média uruguaia. Ou dos seus poemas, que, líricos e reflexivos,
observam um mundo em dissolução.
Na edição desta semana, o caderno de Turismo sugere passeios pela capital uruguaia inspirados no escritor (nascido no
interior, em Paso del los Toros), para enriquecer a viagem
de quem quiser conhecer a cidade que o abrigou por mais de
sete décadas. Leia sobre os
bairros e os pontos que ele frequentava.
Descobrindo gente
Mais que ruas e praças, a
Montevidéu de Benedetti é feita de gente. Para melhor conhecer a cidade, é preciso observar
o jeito de ser dos seus 1,4 milhão de habitantes -população
pouco maior que a de Guarulhos, em São Paulo, com 1,3 milhão de pessoas.
Será preciso olhar para o vaivém de gente desfilando com
cuias de mate nas mãos e garrafas térmicas debaixo do braço
pelas ruas da capital.
E ainda conversar com os locais, enquanto se arrisca a pedir
uma parrilla -o churrasco uruguaio, feito com carne, chorizo
(linguiça) e morcilla (tripas recheadas com sangue cozido, geralmente de porco)-, ou provar os cortes de carne e frango
deliciosamente servidos no
mercado del Puerto.
A professora da
Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora,
autora da tese "Geografias de
Exílio: Mario Benedetti, um Intelectual Latino-americano",
publicada pela editora UFJF
como "Geografias de Exílio",
fala sobre o relacionamento do
autor com os habitantes da capital uruguaia, que foram retratados na maioria das obras de
Benedetti.
Vida
A biografia de Benedetti se
mistura à história recente de
boa parte da América do Sul.
Engajado nos movimentos de
esquerda, o autor foi fundador
do Movimiento 26 de Marzo,
que fez parte da coalizão Frente Ampla até 2008.
Com a ditadura militar no
país, o autor partiu para o exílio, no Peru, em Cuba e na Espanha. Foram dez anos até que
Benedetti e sua Montevidéu estivessem juntos novamente.
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