São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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CAMINHOS MONTEVIDEANOS

Benedetti inspira tour pela capital

As ruas, praças e o vaivém de gente segurando cuias de mate são o pano de fundo das histórias do escritor

DA REDAÇÃO

A menos de três horas de voo a partir de São Paulo, Montevidéu é uma cidade para se conhecer a pé. E sem pressa.
Quando se trata da Montevidéu de Mario Benedetti, mais que conhecê-la, é preciso senti-la. O poeta, escritor e ensaísta uruguaio, morto no último dia 17, aos 88 anos, ambientava de tal forma suas obras na capital uruguaia que um passeio pela cidade ganha outro significado após ler livros como "A Trégua" e "A Borra do Café".
É como ser transportado para dentro de suas histórias. Como tomar o rumo de sua prosa, que fala da rotina opaca e um tanto enfadonha da classe média uruguaia. Ou dos seus poemas, que, líricos e reflexivos, observam um mundo em dissolução.
Na edição desta semana, o caderno de Turismo sugere passeios pela capital uruguaia inspirados no escritor (nascido no interior, em Paso del los Toros), para enriquecer a viagem de quem quiser conhecer a cidade que o abrigou por mais de sete décadas. Leia sobre os bairros e os pontos que ele frequentava.

Descobrindo gente
Mais que ruas e praças, a Montevidéu de Benedetti é feita de gente. Para melhor conhecer a cidade, é preciso observar o jeito de ser dos seus 1,4 milhão de habitantes -população pouco maior que a de Guarulhos, em São Paulo, com 1,3 milhão de pessoas.
Será preciso olhar para o vaivém de gente desfilando com cuias de mate nas mãos e garrafas térmicas debaixo do braço pelas ruas da capital.
E ainda conversar com os locais, enquanto se arrisca a pedir uma parrilla -o churrasco uruguaio, feito com carne, chorizo (linguiça) e morcilla (tripas recheadas com sangue cozido, geralmente de porco)-, ou provar os cortes de carne e frango deliciosamente servidos no mercado del Puerto.
A professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora, autora da tese "Geografias de Exílio: Mario Benedetti, um Intelectual Latino-americano", publicada pela editora UFJF como "Geografias de Exílio", fala sobre o relacionamento do autor com os habitantes da capital uruguaia, que foram retratados na maioria das obras de Benedetti.

Vida
A biografia de Benedetti se mistura à história recente de boa parte da América do Sul. Engajado nos movimentos de esquerda, o autor foi fundador do Movimiento 26 de Marzo, que fez parte da coalizão Frente Ampla até 2008.
Com a ditadura militar no país, o autor partiu para o exílio, no Peru, em Cuba e na Espanha. Foram dez anos até que Benedetti e sua Montevidéu estivessem juntos novamente.


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